O ex-bispo católico Fernando Lugo, candidato da Aliança Patriótica para Mudança, foi eleito na noite desse domingo (20) novo presidente do Paraguai, acabando com mais de 60 anos de hegemonia do conservador Partido Colorado no país.
Lugo obteve 40,8% dos votos contra os 31,8% conseguidos por Blanca Ovelar, candidata da situação. O general reformado Lino Oviedo ficou em terceiro, com 22%. Compareceram às urnas 65% dos cerca de 2,8 milhões de paraguaios aptos a votar. A votação transcorreu sem incidentes durante todo o domingo.
O presidente eleito, que abandonou a batina em 2006, quando o Vaticano vetou seu pedido de participar das eleições, disse que sua eleição prova que “os pequenos também podem vencer”. Partidário da Teologia da Libertação e fortemente ligado aos movimentos de esquerda, Lugo chega ao poder com o apoio de nove legendas de oposição.
Mesmo com laços de proximidade com os presidentes Hugo Chávez (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Evo Morales (Bolívia), o paraguaio afirmou que não fará um governo de radicalismos e que respeitará a Constituição do país ao promover a reforma agrária, assunto de grande interesse também para os brasileiros que vivem no Paraguai, os chamados "brasiguaios".
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Ele também manifestou intenção, durante sua campanha, de renegociar a venda da energia elétrica da indústria binacional de Itaipu para o Brasil. Segundo Lugo, os 300 milhões de dólares que o Brasil paga por ano ao Paraguai são irrisórios. Em valores de mercado, o governo brasileiro deveria pagar entre 1,5 a 2 bilhões de dólares, estima.
Em seu primeiro pronunciamento como presidente eleito, Lugo disse que sua eleição é histórica e mostra que o Paraguai pode ser um país diferente. "Quero lhes dizer que este é o Paraguai que eu sonho, um Paraguai de muitas cores, muitos rostos, o Paraguai de todos. Este Lugo, que tem coração, adora vocês", declarou. "Hoje podemos sonhar com um país diferente, um Paraguai que não seja lembrado apenas por sua corrupção e sua pobreza, mas por sua honestidade. Que nunca mais haja política na base do clientelismo, que tanto dano nos faz", acrescentou.
Com a vitória de Lugo, o conservador Partido Colorado se vê longe do poder pela primeira vez após uma hegemonia de 61 anos, considerando-se os 35 anos de ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Além disso, com a vitória do ex-bispo católico, todos os países integrantes do Mercosul passam a ser dirigidos por presidentes de origem de esquerda. Com agências (Edson Sardinha)
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