Depois de participar de uma manifestação no último sábado, com pedido de impeachment da presidente reeleita Dilma Rousseff e apelo pela volta dos militares ao poder, o músico Lobão divulgou nota, nesta quarta-feira (5), em que nega ser a favor de qualquer tipo de ditadura e do discurso separatista. Ferrenho crítico do PT e de Dilma, Lobão pede a recontagem de votos porque, segundo ele, há “indícios inúmeros de fraude”. Ele não detalhou quais, mas disse não ser possível aceitar a vitória da petista “goela abaixo”.
“Nunca, jamais em tempo algum, apoiei uma ditadura e sempre disse e continuo a insistir que qualquer ditadura é injustificável. Partindo desse princípio, não haveria a menor possibilidade de ter o meu nome associado a golpe militar, intervenção militar ou coisa que o valha. Isso é uma forma tão cretina de reagir como ainda acreditar que Cuba é uma vítima dos EUA e que é ‘cool’ sair por aí impunemente de camiseta de Che Guevara”, escreveu. “Quem apoia uma ditadura não tem condição moral de ir contra nenhuma outra”, acrescentou.
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Eleitor declarado de Aécio Neves (PSDB) na eleição presidencial, o artista disse que não tem se manifestado como liderança política, mas como um “cidadão indignado”. O músico também ressaltou ser contrário às declarações preconceituosas contra eleitores do Norte e do Nordeste, difundida por descontentes com a reeleição de Dilma. “Amo meu país de norte a sul e todos os meus irmãos. É um absurdo querer apontar uma região como responsável pelo naufrágio político, social, moral e econômico que nos encontramos”, disse.
A manifestação da qual Lobão participou no sábado foi organizada nas redes sociais e reuniu cerca de 2 mil pessoas na Avenida Paulista. O protesto recebeu críticas até de tucanos como o ex-deputado Xico Graziano (SP), que classificou o ato como “absurdo” e antidemocrático”. Graziano foi hostilizado na internet por causa de seus comentários.
Leia a íntegra da carta de Lobão, divulgada pelo cantor nas redes sociais e em sua página na internet:
“UMA NOTA DE ESCLARECIMENTO
Quero deixar bem claro, pela enésima vez, através desta pequena carta, a minha postura em relação ao que vem acontecendo no país:
Em primeiro lugar, é necessário sublinhar que não faço parte de nenhuma liderança política. Sou um músico que ama seu ofício e minha participação nas manifestações é a de um cidadão indignado como qualquer outro brasileiro.
Em segundo lugar, vale a pena lembrar que, nunca, jamais em tempo algum, apoiei uma ditadura e sempre disse e continuo a insistir que qualquer ditadura é injustificável.
Partindo desse princípio, não haveria a menor possibilidade de ter o meu nome associado a golpe militar, intervenção militar ou coisa que o valha. Isso é uma forma tão cretina de reagir como ainda acreditar que Cuba é uma vítima dos EUA e que é “cool” sair por aí impunemente de camiseta de Che Guevara.
Quem apóia uma ditadura não tem condição moral de ir contra nenhuma outra.
Em terceiro lugar, jamais concordei com a ideia de separatismo; amo meu país de norte a sul e todos os meus irmãos. É um absurdo querer apontar uma região como responsável pelo naufrágio político, social, moral e econômico que nos encontramos.
Venho me manifestando veementemente contra a atuação lamentável do PT, sua militância fanática e violenta, suas falcatruas astronômicas, já impossíveis de se camuflar e sua evidente postura de impôr ao país um regime totalitário.
Se uma democracia vive de seus três poderes independentes, então já não vivemos numa democracia há muito tempo.
Se o Estado brasileiro deve ser soberano em suas ações, é evidente que não mais possuímos essa soberania. Temos um governo atrelado ao Foro de SP. Seria muita ingenuidade nós olharmos ao redor , na América do Sul e não percebermos o que estamos passando.
Acredito que todo o brasileiro que tem o mínimo de vergonha na cara e o mínimo de informação está completamente indignado com essa presença inóspita e sombria a nos impôr suas doutrinas com cinismo e mentiras.
A imprensa oficial, com raríssimas exceções, está completamente à mercê do governo e tudo ali é filtrado e deturpado.
Portanto, o que acredito que temos de fazer é insistir na recontagem dos votos, não nos acomodarmos com um resultado imposto goela abaixo, pois quando há indícios inúmeros de fraude, é legítimo exigirmos transparência.
Se somos obrigados a votar, temos o direito de saber o que acontece com os nossos votos.
Esconder isso da gente nos aponta uma vez mais para um regime ditatorial.
Assim acontece na Venezuela, na Bolívia no Equador e em todos os países filiados ao Foro de SP.
E se é inconstitucional um governo ser subalterno a uma instituição internacional, o PT não tem condições de governar o país.
Se é inconstitucional enviar dinheiro para o exterior sem consultar o congresso nacional, a presidente da República não tem condições de governar esse país.
O Brasil merece se desenvolver, se tornar uma grande Nação , seu povo merece viver uma prosperidade que nunca experimentou , ser unido e não viver refém de um ódio plantado por um partido que , para governar precisa dividir.
E para sacramentar um assunto mais que adormecido, aos que cobram a minha partida do Brasil por, supostamente acharem que assim o prometi, é bom lembrar que ainda estando numa democracia, tenho pleno direito de ir e vir, trocar de opinião e manifestá-la quando quiser. E é bom acostumarem-se a essa realidade.
Como pessoa pública me sinto na obrigação de me posicionar de maneira enfática por ter acreditado nesse partido e feito campanha de 1989 a 2002 para elegê-lo.
E, ao contrário do que a militância petista quer acreditar, o meu histórico só fortalece a minha postura, pois estive lá dentro e sei do que estou falando.
Continuarei a lutar por meus direitos, pela liberdade e pela democracia sempre no campo da legalidade.
Que isso fique bem claro de uma vez por todas!
E vamos todos juntos por um Brasil livre que a hora é essa!
Lobão”
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