O processo de demarcação da terra está suspenso e aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2010. O imóvel pertence à família do ex-governador Pedro Pedrossian, já falecido. Lindomar conta que, no ano passado, ele, um advogado e outras três lideranças indígenas foram perseguidos por cerca de 20 homens armados, distribuídos em seis caminhonetes, numa reserva indígena na região do Pantanal. As ameaças telefônicas também são constantes.
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Em maio de 2010, cerca de 800 terenas foram expulsos pela Polícia Federal durante a desapropriação de uma terra, em meio a armas, bombas de gás lacrimogêneo e cães. Para ele, o fim das ameaças só depende do governo federal. “É só o governo assumir a responsabilidade de demarcar as terras indígenas. Aí acaba a insegurança jurídica para ambas as partes.” Lindomar Terena também defende multa pesada para conter os conflitos no campo. “Tem de mexer no bolso deles. Para a cadeia, sabemos que eles não vão. Cadeia, no Brasil, não é para bandido; é para quem luta pela sobrevivência”, avalia.
O ex-cacique entende que os três poderes agem em conjunto para favorecer apenas os grandes fazendeiros. “Estão fazendo de tudo para atender ao agronegócio. Mas eles não precisam passar por cima dos outros. A luta dos povos indígenas é a luta dos excluídos, a vida para todos”, afirma. Aos 38 anos, filho de pai branco e mãe terena, Lindomar é suplente de vereador em Miranda pelo PT. Cerca de 40% dos 27 mil habitantes do município são indígenas e vivem em aldeias.
Além dele, outras duas lideranças indígenas de Mato Grosso do Sul estão incluídas no programa de proteção do governo federal. Mato Grosso do Sul tem a segunda maior população indígena do país (77 mil). Apesar da tensão permanente, Lindomar não pensa em deixar o estado. “Isso seria me acovardar. A gente enfrenta de cabeça erguida sabendo que corre o risco de tombar amanhã. Não adianta sair, o problema está aqui para ser enfrentado.”
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