Escolhido na última semana como o relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, o líder da da chamada “tropa de choque de Temer”, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), caracterizou a saída do senador Otto Alencar (PSDB-BA) da CPI, durante confusão na última semana, como “saída pirotécnica e fruto de medo”. Durante a sessão da última semana, Alencar saiu da CPI batendo a porta por não concordar com a indicação de Marun para a relatoria da CPI da JBS. “Esses que estão saindo… o que eu vejo? Estão saindo por medo”, disse o relator em entrevista ao jornal O Globo publicada neste domingo (17).
Questionado sobre o motivo do possível “medo” citado pelo deputado, ele justificou: “Nós vamos investigar quem sempre nos investigou. Vamos interrogar quem sempre nos interrogou. Esse é um paradigma que será quebrado. Medo desse embate que nós vamos ter. De dali a pouco ter que se posicionar em relação a um procurador. E também, em alguns, pode acontecer a vontade de que a JBS não seja investigada”.
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O parlamentar afirmou ainda que não renunciará. “Não renuncio de jeito nenhum. Esta CPI é uma CPI para corajosos. Eu tenho meus defeitos, mas não sou uma pessoa desleal”, disse aos repórteres Maria Lima e Eduardo Bresciani. Ele também negou que um dos alvos da investigação seja o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que deixa o cargo amanhã (segunda-feira, 18).
Janot apresentou a segunda denúncia contra Temer na última quinta-feira (14). Dessa vez, o procurador denunciou o presidente por organização criminosa e obstrução à Justiça. Além disso, apontou o presidente como líder do “quadrilhão do PMDB”. A primeira denúncia contra o peemedebista foi apresentada em junho e tinha como acusação o crime de corrupção passiva.
Para Marun, Janot é um “vilão do crescimento do Brasil”. “Não é que ele seja um bandido, mas um vilão do crescimento do Brasil, acho que ele é. O doutor Janot é hoje a pessoa que mais atrapalha o Brasil. Vilão do PMDB, não. O PMDB tem gente que tem contas a acertar. Que acertem”, ressaltou. O parlamentar também foi fiel escudeiro do ex-deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso no âmbito da Operação Lava Jato em Curitiba.
Os trabalhos no colegiado tiveram início, efetivamente, na última terça-feira (12), com a escolha do relator. Além da indicação de Marun, causou revolta em Otto o fato de o presidente da CPMI, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO), ter ido ao Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência da República, para uma reunião com Temer no fim de semana. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) também comunicou sua renúncia ao posto no colegiado.
Há 95 requerimentos protocolados na CPMI, alguns deles de convocação de Rodrigo Janot, e dos executivos da JBS. No círculo do poder em Brasília, comenta-se que Ataídes foi escalado na base governista para atacar Janot. Instalada na semana passada, a CPMI foi criada com o apoio do Palácio do Planalto como contraofensiva às gravações de Joesley Batista.
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