“O Low Carbon Earth Summit” (Cúpula Mundial do Baixo Carbono) é um evento em escala chinesa: mais de um milhar de convidados e cerca de 120 sessões, durante uma semana, sobre todos o temas imagináveis envolvendo economia de baixa emissão de gases de efeito estufa (GEE), de algas a células fotovoltaicas, passando por planejamento urbano e os contras e prós de usinas nucleares.
Tem sido um encontro técnico: cientistas, acadêmicos, especialistas nas mais diferentes disciplinas. Até onde consegui identificar, juntamente com o ex-ministro da Defesa alemão e antigo líder do SPD Rudolph Scharping, sou o único político convidado. Parece uma homenagem aos dois grandes parceiros econômicos da China: Alemanha e Brasil. Porque eu, especificamente? Não saberia dizer… De qualquer jeito, venho recebendo um tratamento VIP para ninguém botar defeito.
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No primeiro dia dei uma palestra sobre os impasses das negociações do clima a partir do fracasso da COP-15, em 2009, em Copenhagen, e apresentei minhas propostas: todos os países, inclusive os emergentes, devem reduzir suas emissões, os países desenvolvidos responsáveis por 70% das emissões históricas acumuladas na atmosfera devem pagar a conta de uma transição para um mundo de baixo carbono, na proporção, e devemos criar, por iniciativa da presidenta Dilma Rousseff, durante da Rio + 20 o G-Clima, uma instância reunindo os países mais emissores e alguns particularmente vulneráveis, cerca de 20, para uma instância informal de diálogo e negociação que apoie e facilite o processo da ONU que depende do consenso de 193 países.
Em dezembro de 2012, terminará a primeira fase do Acordo de Kyoto e o risco de um retrocesso não pode ser descartado.
Gosto de participar de encontros internacionais de meio-ambiente e urbanismo predominantemente técnico-científicos como esse porque é uma forma de se manter atualizado sobre o que acontece de novo em todo o mundo. Aprende-se muito nessas ocasiões. Venho me concentrando principalmente no papel das cidades na redução das emissões de GEE e na sua adaptação ao aquecimento global e em energias limpas como o solar, em relação à qual os chineses assumiram uma liderança indiscutível barateando espetacularmente o preço das células fotovoltaicas de silício.
Imensas coisas a aprender num evento de escala verdadeiramente chinesa, numa cidade que disputa com outras a vocação de sediar grandes eventos. Dalian tem três milhões de habitantes, sua região metropolitana o dobro. Aqui, é considerada uma cidade de médio porte. Foi ocupada por ingleses, russos e japoneses e sua arquitetura reflete essa história. É um porto e uma cidade industrial que vem tentando assumir novas vocações e lidar com seus sérios problemas de poluição.
Na China, no que pese o estrito controle do PCC, as regiões – e o partido localmente – têm bastante autonomia e competem fortemente com outras regiões. Dalian busca justamente esse status de cidade de eventos internacionais e não mede esforços. Possui um enorme centro de convenções numa área de parque e de lazer junto ao mar que forma um espaço público bastante impressionante.
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