O depoimento em que o ex-gerente quantifica o volume de propina para o PT foi prestado em novembro, mas só agora divulgado – na ocasião, ele admitiu ter recebido propina, mas os detalhes não vieram a público. Segundo Barusco, o tesoureiro do PT, que hoje (quinta, 5) foi levado a depor na Polícia Federal por ordem da Justiça, recolheu US$ 4,5 milhões até março de 2013. Mas até fevereiro de 2014 o esquema de suborno para obtenção de contrato foi realizado, revelou Barusco, que envolveu outros funcionários da Petrobras em seu relato.
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Barusco disse ainda que Vaccari Neto participou de um entendimento entre servidores da Petrobras e estaleiros nacionais e internacionais, em contratações envolvendo US$ 22 bilhões, referente à formalização de 21 contratos para construção de embarcações equipados com sondas de petróleo. Segundo o depoente, a interferência do tesoureiro foi feita pessoalmente.
“Essa combinação envolveu o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, João Vaccari Neto, o declarante [Barusco] e os agentes de cada um dos estaleiros, que deveria ser distribuído o percentual de 1%, posteriormente para 0,9%. […]”, diz o registro do depoimento. A divisão do montante, segundo o inquérito, consistia no seguinte modelo, a partir de 1% sobre o valor de cada contrato: dois terços para João Vaccari, e um terço para Casa 1 e Casa 2.
Segundo o site do jornal Folha de S.Paulo, a “Casa 1” é a designação para o esquema de “pagamento de propina no âmbito da Petrobras, especificamente para o diretor de Serviços Renato Duque e Roberto Gonçalves, o qual substituiu o declarante na gerência executiva da Área de Engenharia”. Já a “Casa 2” significa “pagamento de propinas no âmbito da Setebrasil, especificamente para o declarante, João Carlos de Medeiros Ferraz, presidente da empresa e, posteriormente, também houve a inclusão de Eduardo Musa, diretor de participações da empresa”.
Para reforçar os relatos, Barusco entregou à força-tarefa da Lava Jato, que reúne autoridades do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e da Justiça Federal em Curitiba (PR), comprovantes de transferências bancárias efetuadas pelos estaleiros em questão para contas na Suíça e sob controle de diversos operadores do esquema de desvios da Petrobras, inclusive Renato Duque. Em um dos repasses, o estaleiro Jurong depositou US$ 2,1 milhões para Duque em um banco suíço, informou Barusco.
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