O processo de corte orçamentário determinado pelo governo federal em 2015 tem atrapalhado o custeio das últimas fases da Operação Lava Jato, de acordo com informações da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgadas nesta segunda-feira (04), por meio de nota oficial. Segundo a entidade, os policiais que trabalham na Lava Jato estão com as diárias atrasadas há pelo menos dois meses.
Dos 30 policiais que ajudam nas investigações, cerca de 60% deles não são do Paraná, local onde tramitam os inquéritos da Lava Jato. Cada policial de outro estado tem direito a uma diária de R$ 200 e alguns tem arcado com as despesas da PF com recursos próprios, pelas informações da ADPF. A entidade estima que os valores das diárias atrasadas a policiais federais em todo o Brasil fique entre R$ 100 mil e R$ 200 mil.
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Além disso, segundo a ADPF, algumas unidades da PF em todo o Brasil estão com seus aluguéis atrasados. Contratos considerados vitais na área de Tecnologia da Informação da Polícia Federal também não foram renovados tais como manutenção de sistemas, fábrica de softwares, call center e o service desk.
Outro problema vivido em 2015, para a entidade, foi a não renovação do sistema AFIS (Automated Fingerprint Identification System), que permite a identificação criminal por meio de impressões digitais de forma automatizada. “Com isso, as consultas voltam a ser manuais, o que constitui um grande retrocesso para as atividades investigativas do órgão”, informa a ADPF em nota oficial.
Por causa destes problemas, os delegados prometem realizar, na quarta-feira (06), um ato de desagravo cujo título será “Deixa a PF trabalhar”. O ato acontecerá na sede da Polícia Federal, em Brasília, às 13h30. Os delegados também prometem protestar contra a ação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que, segundo eles, tem dificultado a atuação da instituição nos inquéritos policiais da operação Lava Jato que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF).
Para a ADPF, “é preciso que exista respeito mútuo entre Ministério Público e Polícia Federal, para trabalhar em conjunto, como deseja a sociedade brasileira”. “Se faz necessária ainda que o Ministério da Justiça atue com a finalidade de garantir as prerrogativas constitucionais da Polícia Federal”, informou a entidade em nota.
O presidente da ADPF, Marcos Leôncio Ribeiro, assegurou que a intenção dos atos públicos é conscientizar a sociedade brasileira dos problemas atualmente vividos pela PF. “Queremos que a PF tenha mais liberdade para trabalhar, mais orçamento, melhores condições de trabalho, mais pessoal e mais tecnologia. Precisamos que a população ‘apoie essa ideia’, para que pressionem os Poderes da República com o objetivo de permitir à Polícia Federal com ainda mais sucesso combater a corrupção e o crime organizado”, declarou Ribeiro.
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