Reportagem publicada na edição de hoje do jornal Folha de S. Paulo revela que laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC) afirma ser autêntico o documento de três páginas que descreve um suposto caixa dois de R$ 91,5 milhões movimentados durante a campanha à reeleição do hoje senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998.
O documento, com data de 7 de junho de 2005, traz rubricas e assinatura, com firma reconhecida em cartório, atribuídas a Cláudio Roberto Mourão da Silveira, tesoureiro da campanha do tucano. Entregue à Polícia Federal pelo lobista mineiro Nilton Monteiro, o documento aponta o que seriam a origem e o destino de cerca de R$ 100 milhões que teriam sido arrecadados para a campanha do tucano. Azeredo declarou gastos de apenas R$ 8,5 milhões ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Minas. Monteiro cobra do PSDB um suposto empréstimo de R$ 80 mil que sua família teria feito ao partido em 1998.
De acordo com o documento, informa a Folha, o dinheiro beneficiou, além da candidatura majoritária de Azeredo, que teria recebido R$ 4,5 milhões, pelo menos 124 candidatos de 12 partidos. Afirma o documento que “foram arrecadados para a campanha, em 1998, mais de R$ 100 milhões, no decorrer da gestão final do governo de Eduardo Brandão de Azeredo. Destes recursos, só as empresas SMPB e DNA movimentaram R$ 53.879.396,86”. As duas empresas são agências de publicidade das quais era sócio o publicitário Marcos Valério de Souza.
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O dinheiro, segundo o documento, teve como origem empréstimos para empreiteiras com aval do governo, fornecedores do estado, “indústrias, bancos, corretoras de valores”, órgãos públicos e “doleiros e outros colaboradores individuais”. Segundo a suposta contabilidade, oito órgãos da administração indireta e um da direta colaboraram com R$ 12,6 milhões para o patrocínio de um evento realizado pela SMPB, o “Enduro da Independência”, mas apenas “uma pequena parcela” teria sido gasta efetivamente com o evento. A maior parte dos recursos teria sido “repassada à campanha por meio do (Banco) Rural e do Banco de Crédito Nacional”.
O documento, que teria sido escrito por Mourão, garante que “os valores recebidos na campanha e não-declarados ao TRE-MG (R$ 90 milhões) são de conhecimento e responsabilidade do PSDB e do então candidato à reeleição e não eleito, senador Eduardo Brandão de Azeredo”.
Azeredo nega ter recebido R$ 4,5 milhões do caixa dois e informou à Folha, por meio de sua assessoria, que irá processar por calúnia e falsificação de documento o lobista mineiro que entregou à Polícia Federal o documento original que corresponderia à contabilidade paralela da campanha tucana elaborada por Mourão.
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