O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, confirmou há pouco, na CPI dos Grampos, a participação de servidores da entidade na Operação Satiagraha. Até então, apenas a Polícia Federal (PF) havia confirmado essa informação.
Segundo ele, a entidade foi procurada pelo delegado federal Protógenes Queiroz, em fevereiro deste ano, que solicitou apoio de agentes da Abin para ajudá-lo nas investigações da operação que prendeu o banqueiro Daniel Dantas, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta.
Lacerda ressaltou, no entanto, que a ajuda dos agentes se limitou a consulta de dados de pessoas físicas e jurídicas, análise de materiais pesquisados para a preparação de resumos e na confirmação de endereços de pessoas investigadas. “A Abin não realizou atividades nas áreas que não tem respaldo”, disse.
O diretor afirmou também que a agência não participou de monitoramento telefônico das pessoas investigadas na operação da PF.
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Segundo ele, a participação de entidades da administração pública junto à PF é "absolutamente normal".
"Receita Federal, Banco Central, Ibama, Polícia Rodoviária Federal são órgãos que rotineiramente são utilizados em cooperação. É lógico que cada macado no seu galho", ponderou.
Durante o depoimento, Lacerda também ressaltou a qualidade dos servidores da Abin e enfatizou que a instituição é alvo de freqüentes críticas.
“Não raras vezes, sem motivo aparente, alguns veículos de mídia, ou pessoas públicas manifestam desconfianças sobre tudo que diga respeito a Abin, ou tentam desqualificar o servidor de inteligência", criticou.
"Penso que não é justo que a cada menção de atividades realizadas por servidores da Abin, sejam prontamente levantadas suspeitas sobre a legalidade do trabalho, ou que ao surgirem notícias de escutas telefônicas clandestinas relacionem sempre à Agência como possível autora dos grampos", acrescentou.
Além de Paulo Lacerda, também devem ser ouvidos hoje na comissão os delegado federais Alessandro Moretti e Marcílio Zocrato a respeito da Operação Ferreiro, deflagrada em junho deste ano em São Paulo e Minas Gerais. Na ocasião, a PF prendeu uma quadrilha acusada de quebrar o segredo de Justiça em processos de interceptação telefônica, de acessar dados cadastrais de clientes das operadoras de telefonia e de executar grampo clandestino. (Erich Decat)
Leia a íntegra do depoimento do diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda
Matéria atualizada às 15h49.
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