Ruralista, senadora se destaca por campanhas contra impostos (Jose Cruz/ABr)
Na disputa pela presidência da entidade máxima dos produtores rurais brasileiros, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), apenas uma chapa emplacou candidatura. Pelo que indica o cenário, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), que se licenciou para se dedicar à candidatura na CNA e apoiar aliados nas eleições municipais, será a nova presidente da entidade.
Conhecida como a ‘Ivete Sangalo do Senado’, apelido dado pelos próprios colegas de Casa por fazer política “falando grosso sem descer do salto alto”, a senadora ficou popular pela briga que travou no final do ano passado para extinguir a CPMF. Fazendeira e defensora implacável dos interesses ruralistas, ela é uma das que, no Congresso, faz oposição à aprovação da PEC do Trabalho Escravo. Em seus discursos, defende que a proposta “não deixa claro o que é considerado trabalho escravo”.
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As eleições para presidente da CNA estão marcadas para o dia 12 de novembro. Nos bastidores, a presidência de Kátia Abreu tem sido aguardada. A princípio, a senadora concorreria com o atual presidente da instituição, Fábio Meirelles, que era cotado para a reeleição, mas retirou a candidatura. A saída de campo de Meirelles se deu tempos depois do episódio que levou a senadora Kátia Abreu à delegacia de polícia. Ela chegou a prestar queixa sobre a violação de seu correio eletrônico. Em diálogos reservados, ela atribuía a infração a Meirelles.
O documento que teria sido extraído de seu computador era uma carta de presidentes de federações de agricultura em apoio a Kátia Abreu. Antes de retirar a candidatura, o atual presidente já estava em queda de popularidade, dispondo de apoio de apenas seis dos 27 dirigentes de federações. A crise, à época, chegou a trazer para Brasília 13 presidentes de federações para tentar amenizar o clima.
Também em junho, uma denúncia publicada pela revista Veja sacudiu a CNA. A reportagem dizia que a entidade teria financiado ilegalmente a campanha de Kátia Abreu ao Senado em 2006. Documentos obtidos pela revista revelavam uma transferência de R$ 650 mil da CNA à agência Talento, que teria realizado uma campanha publicitária específica para a candidata ao Senado. Mas, segundo a revista, “não há vestígios de tal campanha” ou do suposto serviço encomendado.
Em julho, a senadora foi envolvida em outro escândalo. O relatório da Operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), mostrava suspeita de que ela recebeu R$ 2 milhões da construtora OAS para emplacar uma emenda que facilitaria a criação de portos privados no Brasil. No início, a senadora desqualificou a acusação dos "gângsteres". Depois, convocou uma coletiva em que prometeu processar as pessoas grampeadas autoras da denúncia. Kátia Abreu chegou a dizer que tudo era perseguição por conta de sua luta contra a CPMF.
Atualmente, ela é vice-presidente de Secretaria da CNA, uma entidade que comanda um orçamento de R$ 180 milhões e conta com o financiamento de 1,7 milhão de produtores rurais. O Congresso em Foco procurou a senadora para esclarecer as denúncias, mas a parlamentar não foi localizada. Segundo sua assessoria, ela está em campanha no interior de Tocantins e só deve retornar para a capital do estado no dia 30 deste mês. (Renata Camargo)
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