O juiz Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, concedeu ontem à noite uma liminar para cassar os decretos de prisão temporária de Valdebran Carlos Padilha da Silva, Gedimar Pereira Passos, Osvaldo Martinez Bargas, Expedido Afonso Veloso, Jorge Lorezetti e Freud Godoy, envolvidos na tentativa de compra de um dossiê contra políticos tucanos.
De acordo com o juiz, que substitui temporariamente Cândido Ribeiro, relator do processo, "esses crimes, por si sós, não levam à decretação da prisão temporária". Tourinho explica que a prisão temporária só é "cabível quando imprescindível para as investigações do inquérito policial ou quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade".
A Justiça Federal de Mato Grosso determinou na última terça-feira as prisões temporárias dos seis envolvidos no chamado escândalo do dossiê. Eles estavam soltos porque a Polícia Federal só poderia cumprir a determinação da Justiça após a próxima quarta-feira, devido à legislação eleitoral. Veja íntegra da decisão
Freud nega participação na compra de dossiê
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Em depoimento à Polícia Federal, o ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy voltou a negar que tenha participado da negociação do dossiê que associaria tucanos ao esquema dos sanguessugas. Ele disse que o último contato que manteve com o advogado Gedimar Pereira Passos ocorreu em 29 de agosto, 17 dias antes da prisão de Passos e da apreensão do R$ 1,7 milhão num hotel de São Paulo. O encontro teria sido casual na sede do PT em Brasília.
O advogado de Godoy, Augusto de Arruda Botelho, afirmou não saber o motivo pelo qual o nome de seu cliente foi mencionado por Gedimar, que disse, em depoimento à PF, que "Froude ou Freud", dono de uma empresa de segurança, teria sido a pessoa que obteve o dinheiro para a compra do dossiê.
De acordo com o advogado, seu cliente conheceu Gedimar ao acompanhar serviços particulares de varredura antigrampos telefônicos no comitê de reeleição de Lula e na sede do diretório nacional do PT, em Brasília.
Godoy teria apresentado ontem aos investigadores uma relação de chamadas telefônicas para comprovar que não conversou com Gedimar nos dias imediatamente anteriores à prisão. "Todos os contatos entre os dois foram em agosto. O último encontro pessoal, casual, se deu dia 29 de agosto na sede do PT. Todos os outros aconteceram na semana em que a empresa prestou os serviços", disse Botelho.
O advogado de Freud disse que seu cliente "não conhece Hamilton, não sabe quem é", referindo-se a Hamilton Lacerda, ex-assessor do candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante (PT-SP).
BC repassa informações para PF
A Polícia Federal já tem pistas de onde saiu parte dos R$ 1,7 milhão encontrado com os petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha em um hotel de São Paulo na manhã do dia 15. A quebra dos sigilos bancários foi solicitada pela Justiça do Mato Grosso. Ontem (29), o Banco Central repassou as informações para a Polícia Federal. Até agora, a PF sabe que US$ 110 mil dólares foram retirados do banco Sofisa, em São Paulo, e R$ 25 mil saíram dos bancos Bradesco, Bank Boston e Safra.
A origem dos valores em reais só foi encontrada porque nas notas havia tarjas dos bancos. Quanto aos dólares, foram verificados os números de séries das notas em uma investigação conjunta com o FBI, a polícia investigativa dos Estados Unidos.
Com as informações repassadas pelo Banco Central, a PF espera descobrir qual a origem do dinheiro. A hipótese de que os recursos sejam de caixa dois não está descartada. Nesse caso ficaria caracterizado crime eleitoral.
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