O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), admitiu há pouco que “a tendência é perder" na votação que prorroga a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). “Mantida a situação atual, nós vamos perder. O governo está preparado para perder”, complementou.
O peemedebista também filosofou a cerca da “derrota” que se anuncia. “Eu já disso isso: se ganha na derrota e se perde na vitória”. Jucá criticou a oposição e destacou que os recursos da CPMF são necessários para a manutenção de programas sociais e para o equilíbrio fiscal.
No entanto, o senador por Roraima destacou que o governo “está disposto a negociar até o último momento”. Jucá também admitiu que de ontem para hoje o governo conversou com o PSDB sobre opções para aprovar a CPMF.
Por meio do ministro das Relações Institucionais, José Múcio, o governo tenta sensibilizar a bancada do PSDB a votar pela CPMF. Múcio está em permanente contato com os governadores tucanos José Serra (São Paulo) e Aécio Neves (Minas Gerais). Ambos favoráveis ao imposto do cheque.
Leia também
A última cartada do Planalto
Neste momento, enquanto os senadores encaminham a votação da matéria, o governo continua sensibilizar o PSDB até o último instante. Ao contrário do DEM, que desde o início se mostrou contra o imposto do cheque, os tucanos ensaiaram um acordo com o governo em torno da aprovação da CPMF. O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a almoçar diversas vezes com a cúpula do PSDB no Senado.
Para ter o apoio do partido, o governo propôs assinar uma carta compromisso que prorrogaria a cobrança da CPMF por apenas mais um ano (ao contrário da proposta original, que previa mais quatro anos de tributo).
Além disso, o Planalto sinalizou com um reforma tributária efetiva a partir do próximo ano; criar um conselho de secretários de saúde; além de destinar 100% dos recursos da CPMF para a área da saúde (o imposto rende cerca de R$ 40 bilhões por ano aos cofres da União).
Renan, o persuasivo
Sempre com o sorriso no rosto – o que tem sido normal, aliás, desde que foi absolvido pela segunda vez por seus colegas –, Renan Calheiros (PMDB-AL) também falou do impasse em relação ao PSDB. "Os governadores do partido querem votar [a CPMF], mas a bancada não quer", resumiu.
No momento em que Renan falava, um simpático Expedito Júnior (PR-RO) o ladeou e, com um fraternal abraço, brincou: "É o único que muda meu voto". (Eduardo Militão e Rodolfo Torres)
Deixe um comentário