Fábio Góis
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi há pouco à tribuna do plenário para fazer um “desabafo” sobre a reformulação funcional em curso na Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que resultou na demissão de seu familiar do quadro da empresa. A reestruturação, encomendada pelo presidente Lula e executada pelo brigadeiro Cleonilson Nicácio da Silva, sob o comando do ministro Nelson Jobim (Defesa), resultou na demissão de cargos de natureza política, sem concurso público – caso de um irmão de Jucá.
Segundo Jucá, o termo “faxina na Infraero”, que estaria em uso por setores da imprensa, não é adequado para retratar a situação, uma vez que o irmão de fato trabalhava e teria a competência necessária para ocupar um cargo na estatal. “Se o termo usado é ‘faxina’, ‘limpeza’ na Infraero, eu acho que o ministro Nelson Jobim tem a obrigação, se tiver algo errado – de desvio ou irregularidade – de vir a público e dizer quem é”, reclamou Jucá, referindo-se ao colega de partido.
“Eu acho que dizer que está ‘limpando’ ou ‘faxinando’ sem dizer quem está sujando ou que tipo de irregularidade ocorreu é algo que gera muita leviandade, e é injusto com quem trabalhava. Meu irmão dava expediente e trabalhava lá todos os dias”, completou Jucá, ressalvando que apóia as alterações, desde que elas tragam proveito para a empresa. “Se vai sair, é um problema da gestão da Infraero, que saia, não estou aqui questionando a decisão. Se a Infraero vai ser preparada para ser privatizada, ótimo, vamos discutir o modelo.”
De acordo com as alterações encaminhadas pelo presidente Lula, apenas um cargo de indicação política será mantido na Infraero. Os demais serão preenchidos por concurso público. Jucá defendeu que, nesse caso, os concursos devem escolher os “melhores servidores da Casa”. “E não pessoas indicadas de panelinhas e de grupos políticos dentro da Infraero”, sugeriu, evitando atritos com Jobim. “Estou usando da palavra para esclarecer os fatos com muita tranquilidade. Não quero celeuma com o ministro Jobim”
Jucá reclamou ainda da abordagem de alguns veículos de comunicação, segundo os quais o Planalto estaria “devendo” para o PMDB com a reestruturação da Infraero. “Quero dizer que o presidente Lula e o Palácio do Planalto não me devem nada”, enfatizou o peemedebista.
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