O senador Romero Jucá (PMDB-RR) defendeu-se hoje das acusações de que teria recebido R$ 50 mil das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. O dinheiro teria sido sacado em 2004 por Roberto Jefferson Marques, ex-motorista do parlamentar em Brasília.
Neste domingo, o jornal Correio Braziliense publicou trechos de uma gravação, de autenticidade não comprovada, em que Marques descreve como teria retirado o dinheiro da agência do Banco Rural em Brasília, a pedido de Jucá.
Quando o nome “Roberto Marques” apareceu na lista do valerioduto, a CPI dos Correios suspeitou tratar-se do ex-assessor e amigo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Segundo a reportagem publicada ontem, o ex-motorista confirma na fita ser o Roberto Marques apontado por Valério como autor do saque.
Jucá contestou as informações da reportagem. Lembrou que o nome de Roberto Marques não foi vinculado a nenhum saque no valerioduto. Na época em que a lista veio à tona, Valério afirmou à Polícia Federal que havia substituído o nome de Roberto Marques pelo de Luiz Carlos Manzano para que fosse efetuado o saque de R$ 50 mil de sua conta. Manzano é até hoje um enigma para a CPI dos Correios.
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Roberto Marques depôs ontem à PF e negou as acusações. Disse aos investigadores de Roraima que “nunca foi a Brasília” para retirar dinheiro do Banco Rural. O ex-assessor, que ocupa hoje um cargo comissionado na prefeitura de Boa Vista, afirmou estar na cidade no dia do saque.
Ele afirmou ainda que, em outubro ou novembro de 2005, foi procurado por Joaquim Pinto Souto Maior, secretário-adjunto da Casa Civil do governo de Roraima. Na conversa, Souto Maior teria oferecido R$ 350 mil a Marques para que ele assumisse ter sacado recursos das contas de Marcos Valério em favor de Jucá. Bastaria que ele lesse um texto, que detalhava como o saque havia sido feito.
O ex-assessor negou a oferta e afirmou que “sem saber que estaria sendo supostamente gravado, leu em voz alta” o texto preparado por Souto Maior. Teria sido essa, de acordo com ele, a gravação que embasou a reportagem do Correio Braziliense.
Marques declarou ainda que “nunca assinou qualquer documento originário do Banco Rural” nem ofereceu assinaturas para que a PF faça uma comparação com o documento apresentado pelo jornal.
O senador indicou que a denúncia é patrocinada pelo governo de Roraima e tem como objetivo prejudicar sua candidatura nas próximas eleições. As provas seriam “falsas” e “fabricadas”. Jucá afirmou ainda nunca ter sido informado de que seu ex-assessor se chama Roberto Marques. “Só o conhecia como Xuxa”, disse.
Jucá disse ter conversado com o presidente da CPI dos Correios, Delcídio Amaral (PT-MS), e afirmou estar à disposição para prestar depoimento à comissão para esclarecer o caso. “Como senador me sinto ultrajado por essas denúncias”, afirmou o senador na tribuna do plenário.
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