“Líder de todos os governos”, o senador Romero Jucá (MDB-RR) anunciou nesta terça-feira (27) seu retorno à liderança do governo Michel Temer no Senado, já a partir de amanhã (quarta, 28). Em postagem feita há pouco no Twitter, Jucá faz o comunicado e promete que trabalhará pela aprovação de temas polêmicos até o fim do ano, como a cessão onerosa do petróleo – assunto do Projeto de Leu 8939/17, que autoriza a Petrobras a vender até 70% dos campos do pré-sal que foram cedidos pela União à petrolífera em 2010, o que equivale a bilhões de barris do combustível fóssil.
>> Cinco bilhões de barris: leia a íntegra do texto sobre a cessão onerosa da Petrobras
“Reassumo nesta quarta, dia 28, o cargo de líder do governo a convite do presidente Michel Temer. O líder interino, senador Fernando Bezerra Coelho, precisará se ausentar em razão de uma licença. Vamos tentar aprovar até o final do ano a cessão onerosa, a LGT [Lei Geral das Telecomunicações] e o Orçamento 2019”, avisou Jucá, conhecido pela busca de “entendimento”, palavra constante de seu vocabulário, com adversários políticos.
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Líder governista nas gestões Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), Lula (2003-2010), Dilma Rousseff (2010-2016) e Temer, Jucá havia deixado a liderança do governo atual após desentendimento com o gabinete presidencial acerca da crise de imigração de venezuelanos em Roraima. Em plena pré-campanha frustrada à reeleição, e aproveitando as altas taxas de rejeição do correligionário, o senador queria que ele determinasse temporariamente a fronteira do estado, o que lhe foi negado.
Reassumo nesta quarta, dia 28, o cargo de líder do governo a convite do presidente Michel Temer. O líder interino, senador Fernando Bezerra Coelho, precisará se ausentar em razão de uma licença. Vamos tentar aprovar até o final do ano a cessão onerosa, a LGT e o Orçamento 2019.
— Romero Jucá (@romerojuca) 27 de novembro de 2018
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Na ocasião do rompimento, em agosto passado, Jucá avisou que atuaria como “adversário” da gestão Temer na questão de Roraima. Ele avisou que faria “muito barulho” no sentido de exigir o atendimento de suas demandas por parte do governo federal, e negou que a saída da liderança era motivada pela proximidade das eleições.
“Há dois anos eu defendi o fechamento da fronteira. Eu estava antevendo o problema. E vai piorar, porque a Venezuela só piora. Depois da eleição, o problema continua. Esse assunto vai se agravar ainda mais, será uma questão para o novo presidente”, vislumbrou o senador à época do rompimento.
Fardo judicial
Presidente nacional do PMDB, justamente em substituição ao presidente Michel Temer, Jucá é considerado um dos mais hábeis políticos do atual Congresso, conhecido pelo conhecimento dos regimentos internos das duas Casas do Parlamento e da desenvoltura com que participa, ano a ano, das discussões sobre o Orçamento da União. Mas, se é respeitado pelo desempenho como parlamentar, o peemedebista é um fonte de preocupação para o Planalto e coleciona complicações na Justiça.
Investigado em dois inquéritos da Operação Lava Jato, Jucá ficou no centro dos holofotes com a divulgação, em maio de 2016, de áudios gravados com autorização judicial e executados pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado – as conversas, que envolveram outros investigados do petrolão, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente da República José Sarney, provocaram a exoneração de Jucá do Ministério do Planejamento 12 dias depois de sua posse na pasta. As gravações foram noticiadas em uma série de reportagens do jornal Folha de S.Paulo.
Leia trechos do diálogo entre Romero Jucá e Sérgio Machado
>> De novo líder do governo no Congresso, Jucá coleciona complicações na Justiça