Com confortável diferença de votos em relação a Tião Viana (PT-AC), 49 adesões a 32, o candidato peemedebista José Sarney (AP) foi eleito há pouco presidente do Senado para os próximos dois anos. O resultado da votação – manual e em caráter secreto – foi anunciado pelo agora ex-presidente da Casa, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
"Nenhum dos presentes tem dúvida de que meu bem-estar pessoal estaria fora das atribuições que vou enfrentar. Mas a paixão pela vida pública é maior que a paixão pela própria vida. E é justamente por essa paixão que aqui estou", discursou Sarney, depois de congratular Tião Viana e já acomodado na cadeira de presidente. "Reafirmo nossa independência e o respeito à nossa insittuição. Essa presidência não é uma atribuição solitária. É uma missão colegiada, que começa comigo, se prolonga na mesa, e termina com os senhores senadores."
Primeiro a falar depois do discurso de posse, que é imediata após a votação, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), parabenizou Sarney pela vitória e reforçou o compromisso com a independência da instituição. "Minha bancada está pronta para ajudá-lo no trabaho que representará o soerguimento desta Casa", disse o tucano, depois de elogios a Garibaldi. "Vossa Excelência me agrada muito quando fala em independência dos poderes."
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A vitória já era conhecida bem antes da contagem final. Ao alcançar os 42 votos necessários para ser eleito, Sarney recebeu com um discreto sorriso os aplausos de sua ampla bancada (20 senadores), além de aliados de outros partidos – mesmo do PSDB, sigla que declarou apoio a Tião. Papaleo Paes (PSDB- AP) foi um dos que saudaram o novo presidente com palmas. De maneira a confirmar a "dissidência" de Papaleo, Virgílio garantiu que Sarney foi eleito com 12 votos da bancada, que reúne 13 nomes.
"Ganhou o equilíbrio, a maturidade, a experiência. O argumento do discurso dele [Sarney], de que a essa altura da vida ele vai dar dois anos da sua experiência de vida para uma contribuição nos rumos da saída da crise [financeira], sensibilizou o plenário e nos confortou muito a dar o voto com entusiasmo", disse ao Congresso em Foco líder do DEM, José Agripino (RN), cuja bancada já havia formalizado apoio a Sarney. "Ganhou o Brasil, porque vai ter presidindo o Congresso um ex-presidente da República, um homem que é capaz de, sem fígado, dialogar com o Executivo e o Judiciário de igual para igual, oferecendo sugestões, e nunca submissão."
Principal articulador da candidatura de Sarney e próximo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL) disse à reportagem não se sentir vitorioso com o resultado da eleição. "Ganha o Senado, a democracia", abreviou Renan, cuja articulacão "imperial" foi apontada por Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), único peemedebista a anunciar publicamente voto em Tião, como o fator que levou PSDB a apoiar o petista.
Feridas
Ainda em plenário, e rodeado de jornalistas e senadores, Sarney disse que uma das prioridades de sua terceira gestão (não consecutiva) é saber "quais são os problemas que estão ferindo a imagem do Congresso, e procurar a solução".
Sobre o fato de ter tido uma "oposição" de 32 nomes na urna, Sarney disse não estar preocupado. "Pelo contrário. Quem é eleito presidente do Senado passa a ser presidente do Senado e de todos os senadores", declarou, acrescentando que caberá à Casa decidir sobre a entrada da Venezuela no Mercosul – durante o processo sucessório, Sarney havia dito que tentaria barrar o ingresso daquele país no bloco comercial.
"Tive a oportunidade de dizer que as minhas posições pessoais não são cumpridas com o Senado. Essa é uma decisão da Casa, eu não vou procurar, de nenhuma maneira, impor minhas posições à Casa", garantiu o peemedebista, deixando o plenário em seguida. (Fábio Góis e Daniela Lima)
Confira o perfil de José Sarney
Atualizada às 15:18.
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