Edson Sardinha
O vice-presidente da República, José Alencar (PRB), roubou a cena na sessão de abertura do ano legislativo. Lutando contra um câncer no abdômen há 12 anos, Alencar quebrou o protocolo, fez uso da palavra, disse que está vencendo a batalha com a doença e foi ovacionado pelos parlamentares.
“Não tenho medo da morte. Tenho certeza que vou morrer um dia, como todos nós temos. Se Deus quiser me levar, ele não precisa de um câncer”, disse o vice-presidente. “Agora, pelo caminhar da minha luta contra o câncer, tudo indica que o meu momento não é agora, que a morte não vai me levar neste momento da minha vida”, acrescentou, antes de ser aplaudido por um minuto.
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão de Lula, teve participação discreta. A mensagem presidencial, levada pela ministra ao Congresso, foi lida pelo primeiro-secretário da Câmara, Rafael Guerra (PSDB-MG).
Cotado para concorrer a uma vaga no Senado, José Alencar disse que sente “grande saudade” do Congresso. Ele renunciou ao mandato de senador no final de 2002 para assumir a vice-presidência do presidente Lula. O ex-senador mineiro brincou ao dizer que tinha consciência de que as manifestações de solidariedade que vinha recebendo pela luta contra o câncer não lhe renderiam votos em outubro. “Não tenho ilusão de que isso se revele em votos na próxima eleição. Se tivesse, estaria preparado para receber 100% dos votos”, declarou.
Em seu discurso, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), afirmou que a solidariedade recebida pelo vice-presidente está virando “admiração cívica”. “Sua luta pela vida é um exemplo para o país”, disse Temer.
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