Folha de S.Paulo
Após lançamento de tucano, Serra tem 38% e Dilma, 28%
A corrida presidencial teve pouca oscilação apesar do lançamento oficial da pré-candidatura de José Serra em grande festa do PSDB no último dia 10. Segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 15 e 16, José Serra (PSDB) registrou 38% das intenções de voto contra 28% de Dilma Rousseff (PT). No final de março, Serra tinha 36% e Dilma marcava 27% no Datafolha. A vantagem do tucano era de nove pontos. Agora, é de dez pontos. Do ponto de vista estatístico, o quadro não sofreu alteração – a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nesse mesmo cenário, Marina Silva (PV) teve 10% das intenções de voto. É seguida por Ciro Gomes (PSB), com 9%. Em março, Marina tinha 8%. Ciro estava com 11%. Essas oscilações estão também dentro da margem de erro. Segundo o Datafolha, 7% dos entrevistados respondem que votarão em branco, nulo ou em nenhum. Outros 8% dizem ainda estar indecisos. Neste levantamento, feito entre os dias 15 e 16 de abril, foram realizadas 2.600 entrevistas em 144 municípios, com margem de erro máxima de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no TSE com o nº 8383/2010.
Quando Ciro Gomes é retirado do quadro de candidatos – há ainda dúvidas se o PSB vai lançá-lo oficialmente -, a diferença entre Serra e Dilma alarga-se um pouco. O tucano fica com 42% contra 30% da petista – uma distância de 12 pontos. Ou seja, Serra “herda” quatro pontos de Ciro. Já Dilma fica com dois pontos a mais sem o candidato do PSB no páreo. Marina Silva vai a 12% (ganho de dois pontos). Nesse cenário, há 8% de indecisos e também 8% dizendo votar em branco, nulo ou em nenhum.
O Datafolha realizou esta pesquisa agora porque também havia feito um levantamento em 24 e 25 de fevereiro, cinco dias após o lançamento oficial da candidatura da petista Dilma Rousseff. Agora, a coleta dos dados se dá também cinco dias após a festa do PSDB para José Serra se lançar na disputa.
Lula oscila, mas é presidente mais popular
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua a registrar um nível recorde de aprovação para o seu governo, apesar de ter oscilado negativamente nas últimas três semanas. Segundo o Datafolha, 73% consideram a administração federal petista ótima ou boa. No final de março, a taxa era de 76%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. O levantamento foi realizado em todo o país, nos dias 15 e 16, com 2.600 entrevistas – junto com a sondagem sobre intenção de voto para presidente.
Para 22%, Lula faz um governo regular (em março, o percentual era de 20%). Outros 5% rejeitam o petista, dizendo que o governo é ruim ou péssimo – eram 4% há três semanas. Na comparação com os outros presidentes eleitos pelo voto direto depois da redemocratização do país, Lula é o mais bem avaliado já há algum tempo. Fernando Collor de Mello, que governou de 1990 a 1992, segundo pesquisas Datafolha, teve como aprovação máxima uma taxa de 36%.
Fernando Henrique Cardoso, que foi presidente por oito anos (1995-2001), teve seu recorde de aprovação em dezembro de 1996, com 47% de bom e ótimo no Datafolha. Mas durante os quatro anos de seu segundo mandato, FHC nunca teve mais do que 31% de aprovação. Na véspera de sua sucessão, em setembro de 2002, o tucano era aprovado por apenas 23% – e rejeitado por 35%.
Ciro falta a sessões na Câmara em abril e não justifica ausência
O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) não apareceu para trabalhar na Câmara em abril e até agora não justificou as faltas. Foram realizadas nove sessões, e não há registro da presença de Ciro. Isolado no PSB já que insiste em disputar o Planalto, o deputado também tem evitado aparecer em eventos públicos em seu próprio Estado. Enquanto Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) estão em pré-campanha, as declarações de Ciro são frequentemente enviadas via aliados ou por artigos.
No mês passado, o quadro de presença do congressista na Câmara não foi muito diferente. Das 22 sessões realizadas, ele faltou a mais do que a metade. Na ocasião, no entanto, cinco ausências foram justificadas.
E este mês deve acontecer a mesma coisa. A assessoria de imprensa de Ciro diz que ele passou boa parte da semana passada realizando exames médicos e que outras faltas aconteceram em decorrência de problemas em aeroportos. Ambas as justificativas são aceitas pela Câmara para que não haja desconto de salário.
Dilma acena com incentivo a empresários
A pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, disse ontem que é possível incluir móveis e eletrodomésticos da linha branca numa futura versão do programa Minha Casa, Minha Vida. A proposta foi apresentada em almoço com cerca de 350 empresários em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha -onde fica um dos principais polos moveleiros do país.
Ao gosto da plateia, Dilma disse que a experiência do programa habitacional poderia ser replicada com os fabricantes de móveis. Foi aplaudida. “Tem que fazer engenharia financeira para incluir os móveis”, disse Dilma: “A gente fica achando que tudo é difícil, se não pega o assunto e discute com o setor”.
Equipe tucana grava vídeo de corpo a corpo de Serra em AL
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez ontem um corpo a corpo em ruas e shoppings de Maceió, com direito a beijos em crianças, fotos com eleitores e abraços – tudo registrado em vídeo por uma equipe contratada pelo PSDB. No único Estado nordestino em que derrotou o então candidato a presidente pelo PT em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-governador de São Paulo entrou em lojas, cumprimentou vendedores, circulou entre mesas nas praças de alimentação e almoçou com a comitiva no restaurante “Cabôco Faminto”, após comer pão de queijo e tomar café expresso.
Marina pede voto a evangélicos e orações por sua candidatura
Citando versículos da Bíblia e enfatizando sua religiosidade, a pré-candidata a presidente Marina Silva (PV) pediu ontem a líderes evangélicos para que colaborem e rezem por sua candidatura ao Planalto. Membro da Igreja Evangélica Assembleia de Deus, Marina falou a cerca de cem integrantes de ao menos quatro igrejas e, no fim da palestra, acabou sendo chamada, por engano, de “pastora” pelo anfitrião do evento em Araçatuba (SP).
Marina disse, ao citar seus prováveis adversários na disputa presidencial, que não vai “satanizá-los” no âmbito da fé. “Porque o Deus que me alcançou é o mesmo Deus que quer alcançar a Dilma [Rousseff], o [José] Serra e o Ciro [Gomes].” Marina intercalou relatos dramáticos de vida com histórias engraçadas. A plateia respondia em coro “amém” e “glória a Deus” ou com risos.
Dilma lidera apoio de prefeitos de MG
Nos 50 municípios com maior número de eleitores em Minas Gerais, Estado considerado crucial por petistas e tucanos para a definição da eleição presidencial, a pré-candidata Dilma Rousseff tem mais apoio de prefeitos que José Serra. Levantamento feito pela Folha nos maiores colégios eleitorais de Minas, que, juntos, representam 51% do eleitorado mineiro, revela que pelo menos 22 prefeitos farão campanha para a candidata do presidente Lula contra 13 que darão apoio a Serra. Dois prefeitos apoiam Marina Silva (PV) e os outros 13 dizem que ainda não definiram que candidato vão apoiar.
O levantamento mostra que Dilma atrai pelo menos três prefeitos fiéis ao governador Aécio Neves (PSDB) e indica possíveis dissidências entre representantes de partidos da coalizão de Serra. Dois prefeitos do PPS, um do DEM e até um do PSDB afirmam estar indecisos entre Serra e Dilma.
PSDB aguarda 7 horas para ter dados da Sensus
Mesmo com uma autorização expedida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), dois representantes do PSDB tiveram que esperar por sete horas para ter acesso aos questionários da última pesquisa presidencial realizada pelo Instituto Sensus.
Mesmo assim, o partido reclama que o instituto não autorizou a cópia dos questionários ou a gravação dos dados em um pen-drive. Antes de liberar a consulta na sede do instituto, em Belo Horizonte, a direção do Sensus convidou PT, PV e PSB para acompanhar a abertura dos dados aos tucanos. Apenas o PT foi ao local.
A pesquisa apontou empate técnico entre José Serra (32,7%) e Dilma Rousseff (32,4%). O PSDB entrou com representação na quarta-feira contra a pesquisa. Anteontem, teve autorização para checar os 2.000 questionários.
Câmara do DF elege hoje novo governador
A Câmara Legislativa do DF escolhe hoje o novo governador do Distrito Federal, cinco meses após a deflagração da Operação Caixa de Pandora abalar a política local e levar à prisão o ex-governador José Roberto Arruda (sem partido). Seis chapas disputam os votos dos 24 deputados distritais. A eleição será polarizada entre os favoráveis e os contrários ao governador interino Wilson Lima (PR), que pretende ficar no cargo até o fim do ano. O principal impasse, até agora, é saber qual candidato irá para o segundo turno contra Lima, caso a disputa com todas as chapas seja mantida.
O Estado de S. Paulo
Em um mês, três obras do PAC no Amazonas apresentam problemas
Em menos de um mês, três obras em portos fluviais do Amazonas, incluídas no Programa de Aceleração de Crescimento, deram problemas. Um deles, o de Humaitá, foi entregue pela ainda ministra Dilma Rousseff, no dia 25 de março. Duas semanas depois, a correnteza e o impacto das toras que descem o Rio Madeira arrastaram parte de sua estrutura. Não foi o único incidente envolvendo obras desse tipo na região. Quatro dias depois, foi a vez de ocorrer problemas no terminal fluvial de Manaquiri, a 64 quilômetros de Manaus, quando uma passarela rachou justamente quando seria feita a ligação entre a balsa flutuante da ponte com a rampa de concreto.
O primeiro problema com terminais hidroviários do PAC tinha acontecido no dia 23 de março, na cidade de Itacoatiara, a 177 quilômetros da capital amazonense. Nesse caso, a plataforma do porto cedeu durante a passagem de uma pá mecânica (uma espécie de trator), pesando 18 toneladas. O terminal, que está passando por reformas, deveria suportar um peso de 50 toneladas.
As obras nesses terminais fluviais têm sido capitalizadas politicamente no Estado. Amiga e aliada do então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, que será candidato ao governo do Amazonas, Dilma fez questão de prestigiar a inauguração da obra do PAC em Humaitá. Foi uma de suas últimas participações em eventos desse tipo antes de deixar a Casa Civil para concorrer à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As obras do porto de Humaitá têm um custo estimado em R$ 15 milhões. As de Itacoatiara somam R$ 7 milhões, enquanto as de Manaquiri somam R$ 4,9 milhões.
Técnicos do PSDB fazem auditoria na sede do Sensus
Técnicos ligados ao PSDB começaram ontem uma auditoria interna na sede do Sensus, em Belo Horizonte, para averiguar o critério adotado na última pesquisa de intenção de voto do instituto que apontou empate técnico entre os pré-candidatos José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
O Sensus liberou os dados para serem analisados por técnicos do partido no final da tarde. O PSDB ameaçou chamar a Polícia Federal para conseguir lançar os dados em um laptop. No decorrer do dia, enviou três notificações alegando que não estava sendo cumprida a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que autorizou a fiscalização com base na resolução 23.190.
Os advogados questionam os métodos e, especificamente, a troca de nomes do contratante – após registrar a pesquisa no TSE o instituto alterou o nome do sindicato que a contratou. O Sensus alega que a mudança no nome foi uma correção.
Serra faz corpo a corpo com eleitores em Alagoas
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, realizou atividade típica de campanha ontem em Maceió, ao lado do governador Teotônio Vilela Filho. Depois de visitar as instalações da nova fábrica da Coca-Cola, na capital alagoana, Serra fez corpo-a-corpo com os alagoanos, em visita ao Shopping Pátio Maceió.
O tucano cumprimentou eleitores, abraçou crianças, tirou fotos com jovens e distribuiu muitos apertos de mão. Mas evitou falar de tema polêmicos como o avanço dos conflitos agrários no governo Lula e o crescimento da rival Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas.
Serra disse que estava contente com a receptividade em Alagoas e prometeu ajudar o Estado ainda mais caso seja eleito presidente da República. “Não posso deixar de reconhecer que houve avanços no governo do presidente Lula, mas é preciso avançar ainda mais nas políticas sociais”, afirmou.
Dilma contesta informação de que conflito agrário cresceu
A pré-candidata do PT à presidência da república Dilma Rousseff disse há pouco que não concorda que os conflitos agrários tenham aumentado no país durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conforme os jornais de hoje divulgaram. “Os dados não apontam nesse sentido”, afirmou Dilma, passando a discorrer sobre os programas que o governo federal desenvolveu nos últimos anos.
“O governo Lula encaminhou as condições para a agência ter paz no campo”, ressaltou. A seguir Dilma, que disse que o governo assentou quase 600 mil famílias, elevou os financiamentos do Programa Nacional da Agricultura Familiar de R$2 bilhões, no início, para 15bilhões na safra de 2009. Também citou o Mais Alimentos que financiam tratores para a agricultura familiar e, ainda, Luz para Todos, que leva energia elétrica ao campo.
Ataque de Ciro reduz seu espaço no PSB
A pré-candidatura de Ciro Gomes (PSB-CE) à Presidência da República se avizinha da fase terminal. A cobrança do deputado para que o PSB entre de cabeça na corrida presidencial, que já era visto com reservas na cúpula do partido, ficou mais difícil de ser atendida após o deputado pressionar publicamente a legenda.
Em artigo postado anteontem em seu site, Ciro cobrou definição do PSB sobre sua candidatura à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. “A nota do Ciro tem aspectos positivos. Mas ele foi injusto quando fez ressalvas em relação à condução do processo pela direção partidária”, afirmou o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral. “Time que tem craque tem de saber que craque não gosta de concentração. Ninguém vai conseguir controlar o Ciro. Ele é um radical livre”, minimizou presidente do PSB de São Paulo, deputado Márcio França.
Correio Braziliense
Disputa polarizada
Os dois candidatos com mais chances de vitória na eleição de hoje, Wilson Lima (PR) e Rogério Rosso (PMDB), têm perspectivas em cenários opostos. A oportunidade do governador em exercício de permanecer no cargo está concentrada no primeiro turno. Se as eleições tiverem duas etapas, no entanto, aí quem cresce a ponto de levar a melhor é Rosso. Até ontem, os oponentes trabalhavam para consolidar os quadros que mais os favoreceriam na disputa de hoje. Ao fim do dia, a vantagem era de Wilson Lima, que contabilizava, pelo menos, 13 votos a seu favor, o necessário para a vitória em primeiro turno. A votação está marcada para esta tarde, a partir das 15h, no plenário da Câmara Legislativa.
Apesar de a margem estar apertada — basta uma desistência para a definição ser empurrada para segundo turno —, a crença no meio político é de que, se esse placar for mantido no momento em que Lima pisar no plenário, é possível que ele ganhe adesões de última hora, o que seria decisivo para lhe dar a eleição ainda em primeiro turno. A maioria dos distritais não admite perder. Se perceberem que o placar se mantém a favor de Lima, eles devem se aliar ao favorito. Com exceção dos deputados declaradamente contrários à candidatura de Wilson Lima, como os do PT, aqueles que ainda não estão fechados com um dos candidatos entendem que as dissidências poderiam comprometer a relação com o governo e, por isso, não tendem a arriscar.
Se Wilson Lima, no entanto, não conseguir amarrar os 13 votos, o quadro pode mudar totalmente. No primeiro turno, Rogério Rosso não deve conseguir mais do que sete apoiadores. Na tarde de ontem, nove partidos que reúnem pelo menos cinco votos no colégio eleitoral da Câmara Legislativa assinaram um compromisso público de união, com propostas para o eleito. Participariam do acordo os três deputados do PMDB, o deputado Alírio Neto (PPS) e o distrital Aguinaldo de Jesus (PRB). Esse está formalmente inscrito numa das seis chapas para disputar a eleição indireta, mas deve desistir do embate porque não conseguiu puxar votos que lhe garantissem o ingresso no segundo turno.
Votação garantida pela Justiça
Apesar da reprovação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), as eleições indiretas serão realizadas nesta tarde com as regras estabelecidas ao longo da semana. Os promotores do Núcleo de Combate às Organizações Criminosas (NCOC) — designados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para atuar no inquérito da Operação Caixa de Pandora — ajuizaram ação civil pública em que pediram a suspensão da votação marcada para as 15h no plenário da Câmara Legislativa. O fundamento apresentado foi o de que todos os critérios para o registro das chapas deveriam ter sido estabelecidos por lei ordinária específica e não por simples ato da Mesa Diretora da Casa. A Justiça negou o pedido do MP.
O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), também rejeitou ação popular, proposta pelo advogado George Peixoto Lima, que pedia a suspensão da eleição. Nesse caso, nem houve manifestação quanto ao mérito. Mello extinguiu o processo por considerar que o STF não era o foro adequado para apreciar a ação popular, meio pelo qual um cidadão comum pode contestar um assunto na Justiça. O local correto seria o Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).
Escolha inédita no DF
A quatro dias de completar 50 anos, Brasília viverá uma experiência única. Pela primeira vez em toda a história política da capital, será realizada uma eleição indireta para escolher o novo chefe do Palácio do Buriti. Diferentemente das eleições convencionais, os eleitores do pleito são os 24 deputados distritais. Os parlamentares definem hoje, às 15h, em uma votação aberta o novo governador e o vice-governador do Distrito Federal, que ficam nos cargos até 31 de dezembro deste ano, quando acaba o mandato-tampão.
O inédito processo eleitoral é uma das consequências da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, deflagrada em novembro do ano passado. O inquérito nº 650, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), revelou um suposto esquema de corrupção e pagamento de propina envolvendo a cúpula do Executivo, deputados distritais e empresários da cidade. As revelações, endossadas por vídeos que mostraram autoridades em situações altamente suspeitas, atingiu em cheio a estrutura político-administrativa de Brasília.
Turma de Batista é demitida
O governador em exercício Wilson Lima (PR) assinou o ato de exoneração de sete pessoas citadas em reportagem publicada na edição de ontem do Correio. Os funcionários eram lotados na Administração Regional de Águas Claras, mas estavam em desvio de função. Atuavam como cabos eleitorais do deputado Batista das Cooperativas (PRP) no Recanto das Emas, um dos redutos eleitorais do distrital, que concorrerá à reeleição em outubro.
Por orientação de Batista, os servidores eram deslocados de seus postos na Administração de Águas Claras, cujos cargos são de indicação do parlamentar, para trabalhar em uma cooperativa ligada ao político no Recanto das Emas. Na tarde da última quinta-feira, o Correio confirmou que Daiane Garcia de Jesus, Vanessa de Oliveira Lima, Edneide Gomes Fernandes Sena, Lucineide Moreira dos Santos, Stephanie de Sousa, Maria José Almeida Barroso e Valdenice Vieira Rocha Paiva haviam deixado suas obrigações no governo para prestar serviços ao parlamentar.
Polícia descobre mais PMs beneficiados
Aumentou para 114 o número de policiais e bombeiros militares suspeitos de pagar propina para o recebimento de lotes da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do DF (Codhab). Entre os seis malotes de documentos apreendidos durante a Operação João de Barro, deflagrada na última quarta-feira, os investigadores da Divisão Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap), da Polícia Civil, encontraram uma lista manuscrita com a indicação dos nomes de supostos beneficiários do esquema fraudulento. Todos da nova listagem estavam relacionados com seus respectivos lotes em becos espalhados pelo Distrito Federal.
Brasília, aprovada pelos brasileiros
Há exatos 50 anos, a inauguração de Brasília, cidade moderna e estranha ao olhos dos brasileiros, mudou para sempre os rumos da história nacional. Entre outras reações, a nova capital despertou acirrados debates, ondas de migração por todo o país, investimentos e, principalmente, muita polêmica. Mas essa fase de descompasso e aceitação gradual da cidade parece ter sido superada. Uma pesquisa feita pelo DataSenado, instituto de pesquisa da casa legislativa, aponta que, entre as pessoas consultadas, 97% dos brasilienses e 89% dos moradores de outras cidades acreditam que valeu a pena construir Brasília. Percentuais semelhantes (94% e 85%, respectivamente) acreditam ainda que a transferência da capital, do Rio de Janeiro para o Planalto Central, foi benéfica para a sociedade.
Solução é recorrer a patrocinadores
O Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) permanece em silêncio sobre o futuro da festa de 50 anos de Brasília. Ainda assim, as estruturas do palco principal e das tendas ganham forma, aos poucos, no gramado da Esplanada dos Ministérios. Caso o Governo do Distrito Federal não consiga a liberação para a abertura do contrato emergencial com empresas especializadas de som e iluminação até o início da próxima semana, a saída será apelar para patrocinadores ou empresários dispostos a bancar a despesa. Em reunião ocorrida na última quarta-feira entre o governador interino, Wilson Lima, e representantes dos órgãos de cultura do Distrito Federal, o cancelamento da festa chegou a ser cogitado. Mas alguns prometem correr atrás de maneiras alternativas — e dentro da lei — para tirar a festa do papel. Os organizadores se reunirão mais uma vez hoje para decidir de uma vez por todas se haverá a comemoração.
Juiz não admite ter falhado
O juiz da Vara de Execuções Penais (VEP) do DF Luiz Carlos Miranda passa por um momento delicado de sua carreira. Desde a prisão de Ademar de Jesus Silva, 40 anos, assassino confesso de seis jovens de Luziânia (GO), no sábado passado, o magistrado tem recebido duras críticas de vários setores da sociedade. Foi ele o responsável por conceder a progressão de regime ao pedreiro, em 23 de dezembro de 2009. Uma semana após ganhar a liberdade, Ademar começou uma das maiores tragédias da história do município goiano, executando sua primeira vítima. Na manhã de ontem, Miranda decidiu quebrar o silêncio. Em entrevista coletiva no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), ele explicou os motivos de sua decisão, e não admitiu que falhou: “Faria tudo de novo”.
O Globo
STF: sistema penitenciário está perto da falência total
O ministro Cezar Peluso, que assumirá a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima sexta-feira, disse ontem que o sistema prisional brasileiro está próximo da falência total. “Os casos ventilados pela imprensa envergonham o país. São crimes do Estado contra o povo”, protestou Peluso, durante o 12º Congresso sobre Prevenção ao Crime e Justiça Criminal da ONU, realizado em Salvador. Em Brasília, o diretor do Departamento Penitenciário Nacional, Airton Michels, reagiu dizendo que os problemas apontados pelo ministro acontecem há mais de 40 anos e que o sistema não está falido. Ontem, o juiz Luiz Carlos de Miranda defendeu sua decisão de libertar o pedreiro Adimar Jesus da Silva – que estava preso por pedofilia e, ao sair da cadeia, assassinou seis jovens em Goiás. Disse que seguiu a lei, que permite o cumprimento da pena em regime aberto até mesmo para detentos perigosos.
Partidos viram as costas para a eleição no DF
As direções dos principais partidos políticos do país acompanham de longe a eleição indireta para o governo do Distrito Federal, que será realizada hoje pela Câmara Legislativa. O PMDB deixou questão por conta do diretório regional. O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que seu partido só deve voltar a se envolver com a questão do DF na eleição de outubro. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) viajou para o exterior e só retorna a Brasília no próximo domingo.
As eleições indiretas foram convocadas após a cassação do ex-governador José Roberto Arruda (ex-DEM), acusado de comandar o chamado mensalão do DEM. Independentemente de quem será eleito hoje, o Supremo Tribunal Federal ainda julgará pedido de intervenção federal no governo do DF, feito após a descoberta do escândalo. As tentativas do Ministério Público Eleitoral do DF e de ações populares para impedir a realização da eleição indireta do DF não prosperaram.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal não aceitou o pedido de liminar para que a eleição não fosse realizada. O presidente interino da Câmara, Cabo Patrício (PT), solicitou reforço da Polícia Militar para evitar problemas hoje. Dos 24 deputados distritais de Brasília, oito são citados no inquérito que investiga o mensalão do DEM.
Na reta final, o presidente licenciado e governador interino, Wilson Lima (PR), tenta mostrar que é favorito e que pode ganhar ainda em primeiro turno. Correndo por fora, porém, está o candidato do PMDB, o ex-presidente da Companhia de Planejamento do DF, Rogério Rosso, que teria fechado um acordo ontem com o PTB. A expectativa tanto de Lima quanto de Rosso é que a eleição seja decidida já no primeiro turno. Para isso são necessários 13 dos 24 votos.
Aliados agora terão voz na campanha petista
A partir desta segunda-feira, o comando da pré-campanha de Dilma Rousseff pretende começar a dividir, com os aliados, a discussão de estratégias para corrigir rumos e evitar problemas como os já apresentados nestas duas primeiras semanas de voo solo da ex-ministra petista. A ideia do comando petista é inaugurar um conselho político composto por presidentes dos partidos que já manifestaram apoio a Dilma – PMDB, PCdoB, PR, PDT e PRB – como forma, também, de amarrar melhor o compromisso dessas legendas, que só devem oficializar a coligação com o PT nas convenções partidárias de julho. Cuidadosos, dirigentes petistas afirmam que, por enquanto, será uma participação informal. Até junho, muita pendência precisa ser resolvida.
Marina elogia FH e Lula
A pré-candidata à Presidência pelo PV, Marina Silva, fez ontem elogios explícitos ao governo Fernando Henrique Cardoso, aliado do presidenciável tucano, José Serra. No mesmo discurso, ela também elogiou a política econômica do presidente Lula. – A economia brasileira chegou ao patamar em que está graças ao trabalho de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na criação e implementação do Plano Real – disse Marina, em encontro com evangélicos, em Araçatuba.
A pré-candidata cometeu um ato falho, ao se identificar como petista, durante o discurso. Marina se desfiliou do PT em agosto passado, após 30 anos de militância. – Nós do PT…, e eu digo isso porque fui do PT durante 30 anos, e sempre brinco que ainda estou fazendo luto, porque foi um processo muito doloroso. Ao mesmo tempo que é animador estar com os companheiros do PV fazendo aquilo que eu acredito e que a gente sempre fez juntos.
Estatais garantem Belo Monte
Empresas do governo federal serão as principais sócias dos dois únicos grupos que se habilitaram ontem para disputar a construção da usina de Belo Monte, no Pará. Com a liminar cassada, o leilão foi confirmado para o dia 20.
Fraude: firma tem contratos de R$ 50 milhões
Acusada de participar de fraudes em hospital municipal do Rio, a Extencion Comercial Ltda recebeu, de 2004 até hoje, R$ 50,5 milhões de 11 unidades ligadas aos ministérios da Saúde e da Defesa, só na rubrica material de consumo.
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