FOLHA DE S.PAULO
Violação não teve objetivo político, afirma Receita
O secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, e o corregedor-geral do órgão, Antônio Carlos D’Ávila, tentaram ontem despolitizar a quebra dos dados fiscais de quatro pessoas ligadas ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com os dirigentes do fisco, a violação do sigilo dos tucanos ocorreu a partir de um esquema criminoso mais amplo de compra e venda de informações que funcionava dentro da agência da Receita em Mauá (SP).
“Realmente esse fato preocupa [a quebra dos dados das pessoas ligadas a Serra]. Mas, se nós analisarmos todos os acessos feitos na agência, verificamos que foram indistintamente realizados. Não acredito que tenha havido fins específicos de natureza político-partidária”, disse Cartaxo, em entrevista para explicar o caso. Conforme a Folha revelou, os dados do vice-presidente tucano, Eduardo Jorge, estavam em um dossiê feito pela chamada “equipe de inteligência” da campanha de Dilma Rousseff (PT).
Os outros alvos da quebra tiveram seus nomes citados em outro dossiê do mesmo grupo. Segundo o corregedor do órgão, foram levantados indícios de que um intermediário de fora da Receita encomendava dados sigilosos de contribuintes diversos a duas servidoras de Mauá, mediante “pagamento de propina”. D’Ávila não informou quem seria o intermediário. “Nas investigações, que poderão ser ratificadas pela Polícia Federal, há indícios de um balcão de compra e venda de dados sigilosos”, disse.
Só 45 dos 206 acessos feitos tinham ofício
Para a Corregedoria da Receita Federal, a maioria dos acessos das servidoras de Mauá a dados fiscais de tucanos como o vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, ocorreu de forma imotivada. A informação é de um funcionário do alto escalão do fisco, com acesso às investigações e ao processo da Receita que apura a violação de dados de quatro pessoas ligadas ao PSDB, empresários e personalidades da televisão.
Estão envolvidas no processo a analista tributária Antônia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva e as servidoras do Serpro Adeildda Ferreira Leão dos Santos e Ana Maria Rodrigues Caroto Cano, ambas cedidas à Receita. “Duvido de que, para algum dos acessos, tenha havido autorização”, diz o funcionário da Receita Federal.
Analista nega acusações e abre seus sigilos
A analista tributária Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva negou ontem fazer parte de qualquer grupo que venda informação de contribuintes e afirmou “desconhecer” o fato de que uma de suas senhas tenha sido utilizada irregularmente. “Nego veementemente meu envolvimento em qualquer tipo de esquema e reafirmo que não acessei irregularmente os dados fiscais de nenhum dos contribuintes citados.” A analista disse que colabora com a investigação e que abre seus sigilos bancário e telefônico.
Apuração do fisco é “história de carochinha”, afirma Serra
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, disse ontem que a apuração da Receita Federal sobre o vazamento de dados fiscais de pessoas ligadas ao partido “é uma história de carochinha, uma maluquice total”. Na agência da Receita em Mauá (SP) foram quebrados ilegalmente os sigilos de pessoas ligadas ao presidenciável e a seu partido. Parte dos dados serviu para a montagem de um dossiê e estava em poder da equipe ligada à então pré-campanha de Dilma Rousseff (PT).
Para Serra, houve “a utilização do poder do governo contra indivíduos”. “Foi uma armadilha que tentaram armar contra mim. Só que eles têm sempre um problema: eu sou ficha limpa”, afirmou, e voltou a responsabilizar o PT pelas quebras de sigilo.
PT aciona Serra na Justiça por danos morais
O PT ajuizou ontem uma ação na Justiça do DF que pede indenização de pelo menos R$ 100 mil ao presidenciável José Serra por danos morais. Serra responsabilizou o PT e a campanha de sua adversária Dilma Rousseff pela quebra dos dados sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e mais três tucanos. A oposição, que também anunciou ofensiva na Justiça contra a campanha petista, adiou para a semana que vem um processo contra Dilma por abuso de poder político e uso da Receita para “fins eleitorais”.
Lula pede voto a senadores da base aliada
Em comício da candidata Dilma Rousseff ontem à noite no Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que os pernambucanos deveriam votar em senadores da coligação governista para não sofrer mais “chantagem” do Senado. Lula disse ter um plano de criar uma “organização política muito forte” com seus aliados e fez menção ao mensalão, quando, disse, o Senado quase tentou derrubá-lo.
“O Eduardo [Campos, governador de PE, candidato à reeleição] sabe do meu desejo de criar uma organização política em que a gente junte os partidos aliados e crie uma coisa muito forte, para nunca mais a gente permitir que uma presidente da República sofra o que sofri em 2005 com o Senado, que quase tenta derrubar a Presidência.” Ao pedir votos aos candidatos ao Senado Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB), o presidente disse ser necessária uma base forte pois “não tem nada pior do que precisar de voto e ficarem te chantageando”.
Marina lança apelo por segundo turno
A candidata do PV à Presidência, Marina Silva, fez ontem um apelo para que os eleitores levem a eleição ao segundo turno e decidam “entre duas mulheres” quem vai governar o país até 2014. Ela ironizou a queda de José Serra (PSDB) nas pesquisas e se apresentou como única alternativa a Dilma Rousseff (PT), embora esteja 21 pontos atrás do tucano, segundo o Datafolha.
“Parece que o povo brasileiro quer uma mulher na Presidência. Então vamos equilibrar o jogo entre as mulheres e levar as duas ao segundo turno”, pediu, em Florianópolis. “Não precisamos desistir deste sonho.” A senadora disse ver candidatos “desesperados” e atacou o preço dos pedágios em São Paulo, repetindo estratégia do PT contra a gestão de Serra no Estado. A estratégia do PV é tentar crescer em cima do tucano.
TREs barram 213 candidatos por “ficha suja”
Os TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) estaduais do país barraram a candidatura de 213 políticos com base na Lei da Ficha Limpa, segundo levantamento realizado pela Folha até as 20h de ontem. Os julgamentos realizados pela corte de São Paulo anteontem praticamente encerraram a primeira fase de aplicação da nova lei. Apenas alguns processos atrasados por questões burocráticas ainda deverão ser julgados pelos TREs.
Ministro do Supremo diz que veto a humorísticos era censura
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Carlos Ayres Britto afirmou ontem que os programas humorísticos estavam sob censura até anteontem, quando ele suspendeu parte da legislação que proibia TVs e rádios de fazer piadas contra candidatos e partidos políticos.
“Era censura sim. Os programas em rádio e televisão de humor se inscrevem nas chamadas relações de imprensa e estão no âmbito da chamada liberdade de informação jornalística”, disse. Segundo ele, a decisão que tomou era “urgente”. “A demora significaria um prejuízo até irreparável para a liberdade de imprensa”, disse.
Candidatos discutem nova Constituinte
A depender do que falam os candidatos a presidente e seus vices, em 2011 a política no Brasil será tomada pela polêmica proposta de convocar ou não um Congresso Revisor ou uma Constituinte exclusiva para mudar as regras eleitorais e tributárias. Hoje, para mudar a Constituição são necessários três quintos dos votos de todos os deputados e senadores (apesar da dificuldade, a Carta de 88 já foi emendada 72 vezes).
A ideia em debate é dar aos congressistas o direito de alterar o texto constitucional de maneira facilitada: as seções seriam unicamerais (todos juntos) e bastaria maioria absoluta (metade mais um) para fazer as mudanças. Se os deputados quisessem, poderiam votar imediatamente uma emenda criando um Congresso Revisor, que foi apresentada em 2003 pelo então deputado federal Luiz Carlos Santos (DEM-SP). Porém, não há mais tempo legal para que a eleição de 3 de outubro seja usada para criar o Congresso Revisor: a única possibilidade agora será no próximo pleito (2014).
As candidatas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) declaram ser a favor da revisão constitucional. José Serra (PSDB) é contra, mas seu vice Indio da Costa (DEM-RJ) é a favor: “Se [a convocação] for restrita à reforma política, restrita à reforma tributária, se conseguir restringir do que se trata, sou favorável”.
Instada a falar sobre como fazer uma reforma política, Dilma declarou no debate Folha/UOL: “Uma das possibilidades é justamente essa (…) da Constituinte exclusiva. Porque seria uma forma de você ter um conjunto de pessoas escolhidas e eleitas sem interesse específico na matéria, porque não continuariam, para legislar sobre uma questão tão relevante como é a reforma política”.
Petista é vendida como “presidenta” em comícios e “presidente” na TV
“Afinal, ela vai ser presidente ou presidenta?”, perguntou Rosane dos Santos, ao deixar um comício em São Paulo, na última semana. A militante se referia ao título que a candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, teria caso eleita. A confusão tem origem no uso, desde o início do ano, nos discursos da candidata, do presidente e de outros aliados, do termo “presidenta”. A alteração do gênero da palavra, que na ortografia não tem versão feminina, foi uma forma de reforçar o fato de Dilma ser mulher.
A ideia inicial da campanha era testar o sucesso do “presidenta”, usado no Chile para a ex-governante Michelle Bachelet. Mas as pesquisas internas com grupos de eleitores mostraram que a mudança não tinha um impacto significativo a favor da candidata. Como também não havia estranheza ou rejeição, decidiu-se alternar as duas formas. Em eventos como comícios e falas informais, o “presidenta” será bastante usado, em especial por Lula e Dilma. O “presidente” ficará para os programas de TV, discursos para um público mais tradicional e debates.
Lula grava as mãos no cimento em visita a complexo industrial em PE
Qual popstar no Estado onde é mais pop, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi beijado, deu autógrafo, tirou fotos e deixou gravadas as mãos no cimento ontem, no complexo industrial de Suape, em Ipojuca (PE). Lula inaugurou o gasoduto Pilar-Ipojuca, acionou as primeiras máquinas de uma unidade têxtil da Petroquímica Suape e vistoriou obras da refinaria Abreu e Lima, todos empreendimentos com participação da Petrobras. O molde das mãos de Lula, segundo a estatal, será guardado para o acervo do futuro museu da refinaria. Um plástico sobre o cimento evitou que Lula sujasse as mãos.
Marisa Letícia é cabo eleitoral de Mercadante na ausência de Lula
Na ausência do presidente Lula, quem reforça o palanque de Aloizio Mercadante (PT) na campanha pelo governo de São Paulo é a primeira-dama, Marisa Letícia. Ela fechará a semana com três agendas ao lado do petista no Estado. Ontem, caminhou com ele em Carapicuíba. Hoje, participará de evento na capital.
A presença da primeira-dama é estratégica para o PT paulista. Ela insinua proximidade entre Mercadante e Lula e será usada em programas no horário eleitoral, assim como os depoimentos de Dilma Rousseff, candidata petista à Presidência, que começaram a ir ao ar ontem.
O GLOBO
Em comício ao lado de Dilma, Lula critica Senado
Ao discursar ao lado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato à reeleição, e da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, na noite desta sexta-feira, o Senado, afirmando que “sofreu” na convivência com essa Casa. O governo sempre teve problemas com votações no Senado, onde a oposição é mais forte. O Senado derrubou a prorrogação da CPMF em 2007, uma das maiores derrotas do governo Lula.
– Não pensem que quando eu deixar o governo, vou deixar a política. Vocês vão me ver andando por esse país. Vou continuar construindo a nossa organização política. Penso em criar um organismo muito forte, juntando todas essas forças que nos apoiam, para que nunca mais a gente possa permitir que um presidente sofra o que eu sofri com um Senado que quase derrubou um presidente da República – disse Lula.
Ao defender a eleição dos candidatos aliados ao Senado, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro (PTB), o presidente Lula criticou duramente o senador Marco Maciel (DEM), que concorre a mais um mandato: – Parece que aquele lá, que parece que já é senador desde a época, já foi vice-presidente da República, e me digam o que ele fez, o que ele trouxe para Pernambuco?
Governistas lideram em 14 estados; oposição, em 7
A onda favorável à candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, está ajudando a impulsionar também candidaturas aliadas aos governos estaduais. As mais recentes pesquisas Ibope e Datafolha demonstram que, entre os 26 estados mais o Distrito Federal, os governistas mantêm a frente em 14, contra sete da oposição. Se a eleição fosse hoje, os governadores de pelo menos 12 estados seriam eleitos em primeiro turno. Desses 12, oito são governistas e quatro, da oposição.
Em sete estados, como Mato Grosso, Piauí e Amapá, por exemplo, a disputa está acirrada e há empate técnico entre os concorrentes. E um dado curioso e único entre todos os estados: a pouco mais de um mês das eleições, os eleitores indecisos do Mato Grosso (32%) superam a pontuação individual dos dois principais candidatos. Em dois estados, não há levantamento recente disponível pelos dois institutos: Pará e Roraima.
Marina diz que eleita não fará ‘aventuras econômicas’
Ao falar para empresários na sede da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), nesta sexta-feira, em Florianópolis, a candidata à Presidência da República pelo PV, Marina Silva, prometeu que não fará aventuras econômicas se eleita. – Vamos manter o tripé, câmbio flutuante, metas de inflação e a questão das reservas, que foi isso que nos salvou durante a crise, mais ainda, a autonomia operacional do Banco Central, sem precisar fazer nenhum tipo de institucionalização no processo, porque o Banco Central já é autônomo.
A candidata lembrou que o Brasil conquistou, a duras penas, a democracia e elogiou o plano real, um feito do presidente Fernando Henrique Cardoso, que tem que ser dito, afirmou, que deu estabilidade econômica ao país. Marina elogiou, ainda, os ganhos sociais feitos pelo presidente Lula e, segundo ela, isso significou a quebra de paradigma. – Antes se dizia que tinha que crescer para distribuir. E foi provado que foi distribuindo que se cresceu e ajudou inclusive a salvar o país da crise.
Gabeira ganha permissão do tráfico para fazer campanha
O candidato ao governo do estado do Rio pelo PV, Fernando Gabeira, aproveitou-se da permissão de traficantes da Vila Cruzeiro, no Complexo do Alemão, para fazer campanha na favela. Recebido por cabos eleitorais do candidato a deputado estadual Gilberto Silva (PPS) no início da noite desta sexta-feira, Gabeira circulou por cerca de uma hora e meia no local, passou por homens armados e fez discurso em que prometeu que visitaria todas as comunidades do estado.
Antes da chegada do candidato a governador à favela, três homens que organizavam o grupo de cabos eleitorais de Gilberto Silva se aproximaram da equipe de O GLOBO. De forma espontânea, falaram à equipe que poderiam trabalhar “à vontade” na comunidade. A única condição seria abaixar a câmera fotográfica quando pedissem. Quando perguntados como conseguiram autorização para a circulação de jornalistas na favela, responderam que conversaram pessoalmente com o chefe do tráfico na localidade.
Petrobrás: risco político definirá data da capitalização
A realização da capitalização da Petrobras em 30 de setembro é uma meta, mas não uma ideia fixa para o governo. A avaliação é que não haverá prejuízo para o processo de abertura de capital, caso se decida realizá-lo em outubro, após o primeiro turno das eleições presidenciais.
Mais do que as questões técnicas e as reações dos investidores privados, o que vai determinar a data da operação será o balanço de riscos políticos, associados à repercussão junto à sociedade civil e ao Ministério Público do preço do barril do petróleo a ser determinado pelo governo para a cessão onerosa. Especialistas do setor privado advertem que a fixação do preço do barril por um viés político poderá trazer um prejuízo de US$ 15 bilhões para a Petrobras ou para os contribuintes.
Já os estrategistas políticos do Palácio do Planalto estudam cuidadosamente o “ânimo potencial” de realização de manifestações públicas de protesto e o ingresso de ações judiciais questionando os parâmetros da capitalização.
Reaberto inquérito sobre atentado à OAB-RJ em 1980
O presidente da OAB-RJ, Wadih Damous, anunciou nesta sexta-feira que a entidade vai pedir a reabertura do inquérito que investigou o atentado que vitimou no dia 27 de agosto de 1980 a secretária da Presidência do Conselho Federal da OAB na época, Lyda Monteiro. Em ato que marcou os 30 anos da morte da ex-funcionária, Wadih disse que o pedido terá como base as revelações divulgadas nesta sexta-feira no GLOBO , em reportagem sobre o assunto.
O secretário nacional de Direitos Humanos, ministro Paulo Vannuchi, prometeu dar apoio à iniciativa, encaminhando, em nome do órgão, solicitação ao diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, para que ele identifique e forneça a localização dos agentes federais, ainda vivos, que atuaram na investigação da época.
A reportagem do GLOBO revelou que um cruzamento de documentos oficiais com informações que emergem dos porões do regime militar indica que o sargento Guilherme Pereira do Rosário, morto no fracassado atentado ao Riocentro, e um sargento do Exército de codinome “agente Guarani” ingressaram no grupo extremista (no qual eram subordinados a oficiais do SNI, fora da cadeia de comando), por discordar do desmonte da máquina de prender e torturar do DOI.
Fidel Casto afirma que Bin Laden é agente da CIA
Fidel Castro recebeu na quinta-feira o escritor lituano Daniel Estulin, famoso por suas teorias conspiratórias, e parece ter se inspirado.
Após o encontro em Cuba, expôs suas próprias teses e não titubeou ao garantir: Osama bin Laden, responsável pelo maior atentado da história dos Estados Unidos, é na verdade um agente da inteligência americana (CIA).
Segundo Fidel, Bin Laden sempre aparecia para assustar o mundo quando o ex-presidente George W. Bush (2001-2009) precisava. O líder cubano deu a entender que sabe disso porque acompanha o WikiLeaks, o site especializado em revelar documentos confidenciais.
“Toda vez que Bush ia meter medo e pronunciar um grande discurso, aparecia Bin Laden com aquela história do que ia fazer e ameaçando. Apoio de Bin Laden nunca faltou a Bush. Parecia um quadro, e quem demonstrou efetivamente que ele era um agente da CIA foi o WikiLeaks”, afirmou Fidel, em declarações reproduzidas pelo site Cubadebate.
CORREIO BRAZILIENSE
Receita reconhece venda de dados
Mergulhada em inúmeras denúncias de quebra de sigilo fiscal, a Receita Federal jogou a toalha e admitiu ontem a existência de indícios de corrupção e do funcionamento de uma espécie de balcão de compra e venda de informações fiscais mediante o pagamento de propina, com a participação de funcionários e servidores. O secretário Otacílio Cartaxo chegou a dizer que a instituição foi “pega de surpresa e está traumatizada” com os acontecimentos, agora confirmados pela Corregedoria do Fisco.
De acordo com o corregedor-geral, Antônio D’Ávila, as investigações iniciadas no fim de junho concluíram que houve acesso supostamente sem motivo às informações fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, pela servidora Antônia Aparecida Neves Silva e pela funcionária da empresa de processamento de dados do governo (Serpro) Adeílda Ferreira Leão dos Santos.
Segundo D’Ávila, a corregedoria deve encaminhar duas representações criminais contra as envolvidas ao Ministério Público na próxima segunda-feira. Serão enviadas também provas do funcionamento de um esquema sistemático de vazamento. “Entregaremos ainda elementos de prova que mostram que o acesso teria sido realizado por encomenda de terceiros, externos à instituição, mediante pagamento de propina e elementos que mostram a identificação de um esquema semelhante a um balcão de compra e venda de informações sigilosas”, destacou.
Renúncia na surdina
Candidato ao governo de Roraima, o deputado federal Neudo Campos (PP) entregou, sem fazer alarde, uma carta de renúncia, na última quinta-feira, e deixou o cargo na Câmara. No lugar dele, assume o primeiro-suplente, Almir Sá (PR). Campos, que governou o estado entre 1995 e 2002, é o campeão de processos no Supremo Tribunal Federal (STF), com 21 ações. Em 10 de julho deste ano, o Correio publicou reportagem mostrando que grande parte das denúncias são por peculato — desvio de dinheiro — e formação de quadrilha. Além disso, o parlamentar também teve as contas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, por esse motivo, corre o risco de ter a candidatura impugnada em decorrência da Lei da Ficha Limpa.
A renúncia de Neudo Campos às vésperas das eleições pode ter uma explicação simples: quando um político exerce um mandato e tem foro privilegiado, os processos são enviados de volta às primeiras instâncias depois da renúncia. Ou seja, a decisão do deputado roraimense, principal adversário de José Anchieta Júnior (PSDB), que tenta a reeleição, pode ter sido tomada com o objetivo de retardar as decisões finais sobre os processos respondidos por ele.
Ontem, durante a exibição do programa eleitoral gratuito, Neudo Campos confirmou a renúncia. De acordo com ele, a medida foi tomada para que houvesse mais dedicação à campanha. “Nas últimas duas semanas, fui a Brasília para participar das sessões da Câmara que, sem quorum para votação, acabaram não acontecendo”, afirmou. O Correio tentou, insistentemente, entrar em contato com o deputado Neudo Campos e com a assessoria do parlamentar, mas não obteve qualquer retorno.
Na garupa de Lula
A alta popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez os candidatos regionais apelarem para todos os artifícios possíveis no intuito de absorver conquistas do governo federal. Programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família são remodelados, recauchutados e têm até o DNA disputado aos cotovelos pelos candidatos a governador. A corrida rumo à melhor foto ao lado dos benefícios não obedece nem à coloração partidária. Oposição ou governistas, a todos interessa o mesmo pote.
Inimigo declarado de Lula desde que veio a público dizer que alertara o presidente sobre o mensalão, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) tenta comandar Goiás pela terceira vez. A principal bandeira do tucano é disputar a paternidade do Bolsa Família. No horário eleitoral, contou ao eleitor que foi dele a ideia de criar o programa. A sugestão teria sido dada ao petista em 2003. Na propaganda, em formato de entrevista, ao citar o Renda Cidadão, projeto estadual que transfere renda a famílias pobres de Goiás, Marconi cita o presidente e explica a sugestão dada há sete anos. “Insisti muito com o presidente Lula no sentido de que ele juntasse os programas sociais num só. Eu não sugeri o nome, daí a coisa evoluiu para o nome Bolsa Família.”
Segundo o candidato, no dia do lançamento do Bolsa Família pelo governo federal, Lula teria reservado agradecimentos especiais apenas a ele, Marconi, e ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP). “O Lula fez dois agradecimentos: um ao (senador) Suplicy e o outro à minha pessoa, pela insistência para que ele criasse o programa”, revela o senador goiano. Ele ainda frisa que sempre apoiou as iniciativas do governo federal a favor do desenvolvimento do Brasil.
Olho no território de Índio
Candidato a vice-presidente da República na chapa do tucano José Serra, o deputado Índio da Costa (DEM-RJ) terá o seu reduto eleitoral, a Baixada Fluminense, visitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segunda-feira. O petista estará em Nova Iguaçu, a 35 quilômetros da capital, para compromissos oficiais ligados à área de saúde, principal bandeira de Serra na campanha presidencial. Lula vai inaugurar uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), que funcionará 24 horas, além de uma unidade móvel para a realização de exame de ressonância magnética.
À noite, o presidente estará na capital, onde vai assistir, acompanhado da primeira-dama Marisa Letícia, a um show beneficente do cantor Ney Matogrosso, no Teatro Municipal, para ajudar o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), criado no início da década de 1980 e que auxilia ex-pacientes e pacientes da doença.
Na terça-feira, Lula participará de um evento em homenagem a uma de suas grandes paixões: o Sport Club Corinthians Paulista. Um dos times de futebol mais tradicionais do Brasil prepara uma comemoração pelo centenário do clube e vai contar com a presença do torcedor mais ilustre. Antes, porém, o presidente também visita o interior de São Paulo. Ele vai ao município de Sertãozinho, a 340 quilômetros da capital.
Campanha em duas frentes
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, esteve ontem à noite em Pernambuco, onde participou, no Marco Zero, no Recife, de um comício ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do governador Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição. A presidenciável petista teve uma sexta-feira movimentada. Antes de chegar à capital pernambucana, Dilma estava na Bahia, onde participou de gravações do programa eleitoral gratuito. O objetivo do comando da campanha do Partido dos Trabalhadores é evitar o clima de “já ganhou” alavancado pelas últimas pesquisas e conseguir mais votos para tentar resolver as eleições ainda no primeiro turno, marcado para 3 de outubro.
Antes do comício em Recife, Dilma recebeu mais um afago do presidente. Pela manhã, em Caruaru, Lula disse que, se estava impedido de fazer campanha em solenidades oficiais, “depois das 20h, bato meu cartão (de ponto) e vou fazer política. Porque ninguém é de ferro”. O presidente referia-se ao grande comício realizado no Centro de Recife. Com o planejamento da corrida presidencial sendo concretizado dentro do previsto, Dilma Rousseff tenta se afastar de notícias que podem criar polêmica em torno de sua candidatura. No aeroporto de Salvador, por exemplo, durante uma entrevista coletiva, a ex-ministra afirmou não acreditar que os vazamentos de dados da Receita Federal tenham qualquer motivação política ou eleitoral.
Depois de se estranhar com a Igreja Católica no início da campanha, quando um bispo pediu a fiéis que não votassem na petista porque ela seria a favor do aborto, Dilma fez um afago aos representantes da religião, ontem, ao confirmar a presença no debate que será realizado na próxima quarta-feira pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Além desse, a candidata participará de mais três debates até o primeiro turno das eleições presidenciais.
Desafio de virar seis resultados
Luiz Inácio Lula da Silva, o principal cabo eleitoral de outubro disputado a tapas, não tem conseguido alcançar resultados satisfatórios aos candidatos regionais. Em seis praças, nomes que se apresentam como o candidato do Lula patinam entre o eleitorado, cobram o presidente por mais aparições e pedem aos comitês nacionais mais dinheiro. Enquanto cenários negativos se alastram por Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro e Distrito Federal, a candidata do PT ao Planalto, Dilma Rousseff, vê cada vez mais materializada a chance de vencer a corrida presidencial em primeiro turno.
Esse paradoxo entre o poder nacional de Lula e as dificuldades regionais deve-se a um cansaço e à rejeição do eleitorado em relação ao PT, e à dificuldade de superar a barreira do voto mais conservador e de não conseguir contrabalancear o peso da popularidade de políticos regionais. Dinheiro na campanha nacional não falta, por isso a ordem é atender todas as necessidades dos aliados locais. Há inclusive um esforço de pedir para que doadores da campanha de Dilma também contribuam para as disputas estaduais. Com o dinheiro, vem a promessa da mobilização pessoal de Lula em corpo a corpo e reunião com lideranças políticas e empresariais.
O candidato do PT em São Paulo, Aloizio Mercadante, pediu e foi atendido. Hélio Costa (PMDB), o concorrente em Minas Gerais, requisitou pelo menos cinco visitas de Lula ao estado — não está nada certo. Osmar Dias (PDT), o postulante no Paraná, quer pelo menos duas agendas em comum. Se atender todas as requisições, a eleição durará mais do que os 35 dias que faltam até 3 de outubro.
Demolição respinga em Geddel
A visita da presidenciável petista Dilma Rousseff à capital baiana aprofundou a crise entre o PT e o PMDB no estado. A disputa que travam os candidatos a governador Jaques Wagner (PT), que busca a reeleição, e o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) tornou política uma questão judicial da prefeitura de Salvador.
Durante a semana, a administração municipal cumpriu ordem da Justiça e mandou demolir 349 barracas de praia que estavam na orla da capital por terem sido construídas em terreno da Marinha. Geddel lamentou, dizendo que a ação das retroescavadeiras atingiu em cheio a sua candidatura. Isso porque o prefeito de Salvador, João Henrique, também é do PMDB. Wagner tentou apaziguar a situação pedindo intervenção do presidente Lula, mas não perdeu a chance de capitalizar politicamente o fato. “A Bahia chora hoje a falta de diálogo. Precisamos encontrar uma solução para os barraqueiros mantendo a beleza da praia”, afirmou o governador petista.
Para tentar jogar a decisão no colo do governo federal e poupar a minguante candidatura de seu aliado, João Henrique mandou veicular uma mensagem na televisão dizendo que a prefeitura apenas cumpriu ordem da Justiça com base num programa federal de revitalização das orlas.
Disputa entre a capital e o interior
Seis candidatos disputam o Palácio da Redenção em João Pessoa. Mas repetindo o cenário de anos anteriores a corrida na Paraíba está polarizada entre a “mudança” e a “continuidade”. O governador José Maranhão (PMDB) tenta a reeleição. Ele assumiu o cargo no ano passado, depois da cassação de Cássio Cunha Lima (PSDB) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2006. Maranhão ocupava, na época, uma vaga no Senado. Já foi deputado federal e governador de 1995 a 2002. Acumulou nesses anos de vida pública um patrimônio de R$ 7,4 milhões. É bastante conhecido no interior do estado, terreno frágil para o adversário, Ricardo Coutinho (PSB), ex-prefeito de João Pessoa. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PB), os outros candidatos registrados são Francisco Oliveira, do PCB; Nelson Junior, do PSol; Marcelino, PSTU; e Lourdes Sarmento, PCO.
Coutinho é apoiado pelo ex-governador Cássio Cunha Lima, que concorre a uma vaga no Senado e é o principal cabo eleitoral de José Serra (PSDB) no estado. O ex-governador teve o pedido de candidatura vetado pelo TRE-PB por cinco votos a um, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Já a candidatura de Coutinho, deferida pelo TRE, é formada por tucanos e democratas. Entretanto, no plano nacional, o socialista apoia a ex-ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). No site do candidato ao governo do estado, há fotos com Cássio e Dilma. Já Zé Maranhão abusa do apoio do presidente Lula. O site do governador apresenta vídeos do presidente e frases do petista como: “O meu candidato na Paraíba é Zé Maranhão”. Há, inclusive, uma enquete questionando os motivos da preferência do eleitorado e entre as opções está “porque tem o apoio de Lula e Dilma”.
Hélio convoca o PT
A cúpula da campanha de Hélio Costa (PMDB) ao governo de Minas reclamou ontem de falta de engajamento da militância do PT, que tem o vice na chapa, Patrus Ananias, na disputa pelo Palácio da Liberdade. “Ainda não entraram de cabeça”, diz um integrante da alta Corte do PMDB, e lembra: “Em 2002, os petistas foram os grandes responsáveis pela subida de Nilmário Miranda nas pesquisas”. À época, o candidato, na disputa pelo governo do estado, tinha 6% das intenções de votos, mas chegou ao fim da campanha, na derrota para Aécio Neves (PSDB), com cerca de 30%.
O temor é de que o mau humor da militância petista, por não ter conseguido candidatura própria, ainda não tenha se dissipado. Para tentar reduzir o que seria a cara amarrada dos petistas, a campanha quer levar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo menos uma vez mais a Minas. Pelo lado do PT, a avaliação é de que os militantes dos quatro partidos que compõem a coligação precisam aumentar a movimentação nas ruas, sobretudo em Belo Horizonte.
O ESTADO DE S. PAULO
Dilma abre 24 pontos de vantagem sobre Serra na pesquisa Ibope
Após dez dias de exposição dos candidatos à Presidência no horário eleitoral, a petista Dilma Rousseff abriu 24 pontos de vantagem sobre o tucano José Serra. Se a eleição fosse hoje, ela venceria no primeiro turno, com 59% dos votos válidos. Segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, Dilma chegou a 51% das intenções de voto, um crescimento de oito pontos porcentuais em relação ao levantamento anterior do mesmo instituto, feito às vésperas do início da propaganda eleitoral.
Desde então, Serra passou de 32% para 27%. Marina Silva, do PV, oscilou de 8% para 7%. Somados, os adversários da petista têm 35 pontos, 16 a menos do que ela. A performance de Dilma já se equipara à de Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de 2006. Na época, no primeiro turno, o então candidato petista teve 59% dos votos válidos como teto nas pesquisas.
Dilma ultrapassou Serra em São Paulo (42% a 35%) e tem o dobro de votos do adversário (51% a 25%) em Minas Gerais – respectivamente primeiro e segundo maiores colégios eleitorais do País. No Rio de Janeiro, terceiro Estado com a maior concentração de eleitores, a candidata do PT abriu nada menos do que 41 pontos de vantagem em relação ao tucano (57% a 16%).
Na divisão do eleitorado por regiões, Dilma registra a liderança mais folgada no Nordeste, onde tem mais que o triplo de votos do rival (66% a 20%%). No Sudeste, ela vence por 44% a 30%, e no Norte/Centro-Oeste, por 56% a 24%. A Região Sul é a única em que há empate técnico: Dilma tem 40% e Serra, 35%.
Versão de crime comum no caso de EJ contraria inquérito da PF
Ouvidos no inquérito da PF esta semana, duas testemunhas – o próprio Eduardo Jorge e o jornalista Leonardo de Sousa, da Folha de S. Paulo, autor da primeira reportagem sobre o caso – confirmaram que os dados foram vazados por integrantes do comitê de pré-campanha da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT).
Aberto em julho, o inquérito é comandado pelo delegado Hugo Uruguai e não tem data para ser concluído. Segundo o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, dificilmente a investigação será concluída antes da eleição de outubro, porque, conforme destacou, a produção de prova tem que ser feita dentro do ritmo da legalidade, “sem atropelar etapas”. O dirigente tucano informou à polícia que recebeu cópias de suas declarações de renda, vazadas da Receita, de Sousa e do repórter Alexandre Oltramari, da revista Veja, que ainda será ouvido.
Os dados – cópias de cinco declarações do IR de Eduardo Jorge – fariam parte de um dossiê supostamente montado pelo grupo de inteligência do comitê de Dilma contra políticos tucanos para atingir a candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Uma fonte policial disse que, apesar da negativa da Receita, não está descartada a motivação política do caso, seja na encomenda do trabalho, no acesso dos dados dentro do Fisco ou na produção do dossiê. “Só ao final se poderá concluir com segurança se houve ou não concerto entre as partes”, disse a fonte.
Dilma nega motivação política no vazamento de dados da Receita
A candidata do PT a presidente, Dilma Rousseff, disse na tarde desta sexta-feira, 27, em Salvador, não acreditar que os vazamentos de dados da Receita Federal tenham motivação política. “Pelo que eu li, tudo indica que é um grande esquema de corrupção”, avaliou. “Parece que (o esquema) envolve 140 nomes, visivelmente sem caráter político.”
Ainda sobre o episódio, Dilma voltou a alegar que o uso político das quebras de sigilos fiscais, adotado pela oposição, é “tentativa de construir um factoide” e “uma tentativa um pouco desesperada” de seus adversários.
Sistema financeiro. Antes de embarcar para Recife, onde participa de comício à noite, a presidenciável também criticou a falta de opções de fontes de financiamento privado para grandes obras no País. “Hoje, se alguém quiser fazer financiamento para hidrelétrica ou termelétrica, a única fonte é o BNDES”, afirmou.
“Acho que é importantíssimo que o sistema financeiro privado do Brasil participe dos financiamentos de longo prazo, mas acho que, havendo queda da dívida interna – que está em trajetória de queda – vai ser possível um crescimento da economia que faça com que os juros caiam”, avaliou Dilma. “Quando os juros caírem, acho que o sistema financeiro privado vai priorizar o investimento produtivo e o investimento em infraestrutura.”
”Onda vermelha” dá impulso a candidatos do presidente
Cruzamentos da pesquisa Ibope mostram que a “onda vermelha” que empurra Dilma Rousseff começa a molhar os pés dos outros candidatos apoiados pelo presidente Lula. Em São Paulo, Aloizio Mercadante (PT) cresceu nove pontos e chegou a 23% das intenções de voto para governador. Mercadante está longe de Geraldo Alckmin (PSDB), que tem 47%. Mas a comparação com a eleição de 2006 indica evolução mais rápida do petista. Há quatro anos, nessa fase da campanha, ele tinha 18%, contra 46% de José Serra (PSDB). O crescimento de Mercadante se deu principalmente entre os eleitores de Dilma (ele foi de 31% para 46% nesse grupo) e entre os que acham o governo Lula ótimo ou bom (foi de 17% para 29%).
Ainda em São Paulo, os candidatos da coligação apoiada por Lula lideram a corrida pelas duas vagas no Senado: Marta Suplicy (PT) e Netinho (PC do B). Embora este último esteja tecnicamente empatado com Orestes Quércia (PMDB), ele cresceu e o adversário não. No Distrito Federal, o candidato de Lula, Agnelo Queiroz (PT), empatou com Joaquim Roriz (PSC). Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB) ampliou em mais 13 pontos a sua vantagem sobre o principal adversário.
No Rio, o aliado de Lula, o governador Sergio Cabral (PMDB), mantém 42 pontos de dianteira sobre o rival Fernando Gabeira (PV). A novidade é que o candidato lulista ao Senado, Lindberg Farias (PT) chegou a 24% e encostou em Marcelo Crivella (PRB), que caiu de 37% para 30%. A exceção é Minas Gerais, onde o ex-ministro Hélio Costa (PMDB) agora divide a liderança com o herdeiro político de Aécio Neves, Antonio Anastasia (PSDB). Entre os mineiros, parece prevalecer a aliança informal “Dilmasia”.
Sindicalista pode entrar na mira da Receita Federal
Depois do indiciamento de duas servidoras por violar os sigilos dos dados fiscais de quatro tucanos, um sindicalista pode entrar na mira da Receita Federal. É o funcionário Hamilton Mathias, que trabalha na mesma sala onde foi violado o sigilo fiscal do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de três pessoas ligadas ao PSDB. Mathias é delegado do Sindireceita (Sindicato dos servidores da Receita) no grande ABC, região de origem do PT. É conhecido na região pela intensa atividade sindical.
Segundo o processo interno aberto pela Receita para investigar o episódio, apenas uma mesa vazia separa Hamilton Mathias do computador de Adeildda Ferreira dos Santos, usado para violar os dados fiscais de Eduardo Jorge e de Luiz Carlos Mendonça de Barros, Gregório Marin Preciado e Ricardo Sérgio, todos ligados ao alto comando do PSDB.
Em conversa gravada por telefone com o Estado, às 20h30 de sexta-feira, 27, Hamilton disse ser inocente e estar tranquilo. Afirmou que não pode comentar o episódio porque o processo corre sob sigilo e os servidores da agência da Receita em Mauá, onde o dado fiscal foi quebrado, foram orientados a não comentar o assunto.Ele já foi ouvido uma vez em depoimento prestado à Corregedoria da Receita no dia 2 de agosto. Naquele dia, negou qualquer envolvimento na consulta ilegal aos dados dos tucanos.
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