FOLHA DE S.PAULO
Democracia tem apoio recorde, mas é criticada, revela Datafolha
Nos 50 anos do golpe de 1964, 62% dos brasileiros dizem acreditar que a democracia “é sempre melhor que qualquer outra forma de governo”, segundo o Datafolha. Para 68%, corrupção é maior hoje que na época da ditadura. O instituto apurou que 64% defendem direitos humanos para todos, sinal de enraizamento da cultura democrática
O Brasil de hoje é melhor que o Brasil da ditadura?
Para a maior parte dos brasileiros, sim. Em liberdade de expressão, cultura, direitos humanos, na economia, no social, na educação e na preservação do meio ambiente.
Mas quando o assunto é corrupção ou segurança, a ditadura ganha de lavada.
Esses são os resultados apurados pelo Datafolha, que pediu para cada entrevistado opinar entre um e outro regime em diversas áreas.
O dado mais eloquente é o da corrupção. Para 68%, ela está pior nos dias de hoje do que na época dos generais. Só 8% acham o contrário.
Dúvida sempre lembrada nesse tema: a corrupção seria efetivamente maior hoje ou seria o inegável aumento das denúncias, das investigações e da divulgação que gerariam essa sensação?
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Hoje há certamente mais instituições engajadas no combate à corrupção do que na época da ditadura. Com o fim da censura, as denúncias têm muito mais publicidade.
Mas como não há um critério objetivo para medir o grau exato de corrupção num país ou num período histórico, a pergunta é irrespondível.
Mesmo entre os estudiosos, a questão é controversa. “Desconfio que na época da ditadura não tinha o nível de corrupção que tem hoje”, diz o historiador Boris Fausto. “Não é só por causa da bondade ou da maldade das pessoas. Mas porque as instituições hoje são muito mais complexas, as possibilidades são muito mais amplas.”
O também historiador Marcelo Ridenti aborda de forma diferente. “É uma percepção equivocada [achar que a corrupção era menor na ditadura]. É só lembrar daqueles casos da ponte Rio-Niterói, da Transamazônica, uma lista enorme [de escândalos]. É que o tempo passa, e as pessoas vão esquecendo”, diz.
Do ponto de vista político, porém, a percepção nunca deixa de ser relevante. Mesmo se for errada. Limpar o país da corrupção foi uma das principais alegações de militares e de civis conservadores para dar o golpe em 1964. A outra era afastar a chance de o Brasil virar comunista.
Convicção na democracia é recorde
No momento em que o golpe de 1964 completa 50 anos, a democracia brasileira bate um recorde. A convicção no modelo democrático como a melhor via a ser trilhada nunca foi tão alta, conforme atestam a última pesquisa Datafolha e a série histórica do instituto sobre o assunto, que começa em 1989.
Para 62% dos brasileiros, a democracia “é sempre melhor que qualquer outra forma de governo”. Apenas 16% afirmam que “tanto faz se for uma democracia ou uma ditadura”. E só 14% admitem que “em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura”.
Parece haver uma lenta, gradual e segura escalada sobre isso. Quando o Datafolha fez essa pergunta pela primeira vez, 25 anos atrás, 43% dos entrevistados manifestaram convicção absoluta na democracia. No meio dos anos 90, o índice subiu para 54%. Em 2003, foi a 59%.
A crença majoritária e perseverante do brasileiro no regime democrático, porém, não o exime de críticas.
O Datafolha perguntou aos mesmos entrevistados como eles avaliam o funcionamento da democracia no Brasil hoje. Para 61%, ela tem “grandes problemas”. A ideia segundo a qual viveríamos numa democracia plena é assentida por apenas 3%.
A satisfação com a democracia também não é garantida. Só 9% afirmam estar “muito satisfeitos” com ela. Um contingente três vezes maior está “nada satisfeito”. A maioria está na posição intermediária: 59% se sentem “um pouco” satisfeitos com a democracia.
Direita na Venezuela quer o golpe, diz Maduro
À Folha chavista nega repressão e diz que crise no país é ‘conjuntural’. Quase dois meses após o início dos protestos que já deixaram 39 mortos na Venezuela –dois deles ontem–, o presidente Nicolás Maduro recebeu a Folha para uma entrevista exclusiva em Caracas. Foi a primeira conversa do dirigente com um jornal desde a onda de violência.
A conversa ocorreu anteontem, dois dias depois que chanceleres de países da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) visitaram a Venezuela para se reunir com o governo e com representantes da oposição, que acusaram Maduro de reprimir os protestos com prisões e torturas –coisa que ele nega.
Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista:
Folha – Uma das recomendações da Unasul depois de visitar a Venezuela foi a de que se modere a linguagem para viabilizar o diálogo entre governo e oposição. Como o senhor recebeu este conselho?
Nicolás Maduro – A visita da Unasul foi solicitada por nós. E foi organizada em tempo recorde. A Unasul está dando a máxima prioridade à defesa da democracia na Venezuela, ao governo constitucional e contra o golpe de Estado.
Os chanceleres se reuniram com todos os setores. E puderam constatar as dificuldades que existem para o diálogo político com um setor da direita que, apesar de chamado, não quer dialogar. E que tenta tapar o golpe dizendo que são apenas protestos.
Entrevista – Almino Affonso: Nunca vi o presidente João Goulart planejar um golpe comunista
No golpe de 1964, o então deputado amazonense Almino Affonso (PTB) tentou defender no Congresso o mandato do presidente João Goulart, de quem havia sido ministro do Trabalho. A resistência durou pouco. Cassado, foi ao exílio. Voltou ao país em 1976 e retomou a carreira em São Paulo. No PMDB, foi vice-governador na chapa de Orestes Quércia (1987-1991). Em 1994, no PSDB, se elegeu para a Câmara novamente.
Prestes a fazer 85 anos, Affonso lança nesta semana o livro “1964 na Visão do Ministro do Trabalho de João Goulart”. Cinquenta anos depois, faz uma defesa veemente do presidente à época: nega qualquer intenção de Goulart em promover um golpe à esquerda e vê no interesse dos EUA um dos principais motivos de sua deposição.(…)
Jango preparava um golpe, como alegava seus adversários?
O [discurso] anti-Jango foi montado de uma forma impressionante. Dou vários exemplos: primeiro, de que o Jango estava tramando um golpe de Estado com o Partido Comunista para instalar um governo paracomunista.
É um absurdo tão imenso, que me espanta que tenha prosperado de uma maneira que era literalmente repetido por toda a imprensa, com a exceção do “Última Hora”. Toda a imprensa, inclusive a nossa Folha. Isso ajudava aqueles que tinham posições contrárias ao campo do latifúndio, ao direito de greve etc. Era uma forma de fortalecer o contraditório.
Petrobras manobra para atrapalhar auditorias, diz TCU
Membros do Tribunal de Contas da União dizem que a Petrobras faz manobras jurídicas e sonega dados para retardar auditorias de contratos como a compra da refinaria de Pasadena. Nos últimos anos, a Petrobras tem travado uma batalha com o TCU (Tribunal de Contas da União), que apontou em várias auditorias manobras jurídicas, sonegação e atraso de informações por parte da estatal.
A Petrobras é a maior empresa do país, cujo plano de investimentos prevê gastos de quase R$ 100 bilhões por ano. São os contratos de obras bilionárias que estão no radar do TCU.
A auditoria da polêmica compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, é um dos casos. O autor da denúncia que originou as apurações, o procurador do TCU Marinus Marsico, pediu documentos para fazer a análise da compra em 2012.
Segundo ele, a Petrobras deixou de encaminhar vários atos que foram solicitados. “Não foi bacana o que eles fizeram”, afirmou o procurador sobre a empresa.
As obras das refinarias são o principal foco de problemas entre a Petrobras e o órgão de fiscalização.
Para entender Pasadena
Três hipóteses para o mau negócio
Janio de Freitas
É irresponsabilidade com o Brasil não levar estatal a sério
Operário morre em acidente na obra do Itaquerão, em SP
Um operário morreu após cair de obra das arquibancadas provisórias do Itaquerão, estádio da abertura da Copa. Foi a terceira morte em quatro meses -em novembro, dois morreram após um guindaste desabar
O ESTADO DE S.PAULO
1964: choque entre 2 visões de Brasil
O conflito, que refletia a divisão do mundo entre capitalismo e comunismo, fermentava desde o início da década, ganhou as ruas e teve seu desfecho com a intervenção militar
É quase sempre arbitrária e discutível a definição do momento desencadeador de um acontecimento histórico. A tentação é grande de retroceder um pouco mais na busca do ponto de inflexão, do fato definidor. Com o golpe de 64 não é diferente. Mas talvez não seja possível entender aquele ambiente sem recuar pelo menos até a ascensão de Getúlio Vargas em 1930 e a implantação de seu Estado Novo (1937-45). Naquele período, o ditador populista e autoritário encarnou a figura paterna com que tanto sonham, do Descobrimento até hoje, gerações sucessivas de brasileiros, que se sentem desamparados sem um provedor, seja um senhor de escravos, imperador, marechal, coronel ou governante, ao mesmo tempo implacável, benevolente, poderoso.
Getúlio saiu e voltou. Retomado o ciclo dos governos democráticos, foi antecedido e sucedido por presidentes mais ou menos liberais e carismáticos. Mas seu suicídio em 1954 e sua carta-testamento selaram de forma quase mágica o papel do pai austero e protetor. Ao eleger Juscelino Kubitschek em 1955, os brasileiros buscaram uma resposta mais racional para os seus anseios. JK governava com “planos de meta”, que resultaram na industrialização e na interiorização do País, por meio de rodovias e da construção de Brasília. Mas o apego popular ao getulismo ficou manifesto na eleição do vice, João Goulart, ministro do Trabalho e herdeiro político de Getúlio, que teve mais votos que Juscelino.
Conterrâneo de Getúlio, Jango, como era conhecido, rico fazendeiro de São Borja, no interior do Rio Grande do Sul, tinha convite, em meados dos anos 40, para entrar para o PSD, o mesmo partido do futuro presidente JK. Foi por intervenção direta de Getúlio, amigo de seu pai, recém-saído da Presidência, que Jango entrou para o PTB gaúcho. São dados biográficos importantes, que compõem o seu perfil futuro, de trabalhista híbrido, líder indeciso, que parecia ter de ser empurrado para o seu destino quase tão trágico quanto o de seu mentor – a desistência não pelo suicídio, mas pela renúncia sem resistência, seguida do exílio.
A posse de Juscelino teve de ser assegurada pelo general Henrique Lott, então ministro da Guerra, contra oficiais que tentaram impedi-la, por considerar a composição PSD-PTB à esquerda demais. Aí o golpe de 64 teve o seu primeiro ensaio, e as duas vertentes doutrinárias do oficialato – a legalista e a linha dura – se explicitaram. Os mandatos eram de cinco anos, sem direito à reeleição do presidente, mas os vices podiam voltar a se candidatar, e sua eleição era separada da do presidente. Em 1960, Jango consolidou sua popularidade, voltando a se eleger vice de Jânio Quadros, da coligação liderada pela UDN, principal partido conservador do País. Se no mandato anterior havia certa convergência entre o PSD e o PTB, e se Juscelino em certo sentido representava o ponto médio entre as correntes liberais e trabalhistas, com sua abordagem “social-democrata” de desenvolvimento, a eleição de 60 lançou o País na rota da divergência ideológica.
Dilma: vivemos novo desafio histórico
A presidente Dilma Rousseff disse que o Brasil vive um novo desafio histórico: o de acolher e de atender às reivindicações e aos anseios da população, que pede melhores condições de vida. “Ao promover ascensão social criamos um imenso contingente de cidadãos com mais acesso à informação e mais consciência de seus direitos”, disse em discurso na 55ª Assembleia do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que acontece na Costa do Sauípe (BA).
Segundo Dilma, o governo já fez o mais urgente para o seu momento histórico e agora “devemos e podemos fazer ainda mais”. “Democracia gera desejo de mais democracia. Inclusão social provoca a necessidade de mais inclusão social”, afirmou. “Todos os avanços conquistados são só um começo. O início de outro processo.”
De acordo com a presidente, o Brasil tem ainda muitos desafios para superar. “Podemos nos orgulhar de termos construído um caminho para o desenvolvimento. O Brasil vai bem e irá melhor”, disse.
O GLOBO
Figueiredo soube 1 mês antes do atentado do Riocentro
Petistas contrariam o partido e permanecem no governo do peemedebista Sérgio Cabral
Dois meses depois de anunciar o desembarque do governo de Sérgio Cabral (PMDB) e ordenar que seus filiados deixassem os cargos sob ameaça de expulsão, o PT do Rio ainda tem seus indicados na administração estadual. O GLOBO teve acesso à lista com 252 nomes levada pelo partido ao governador para que fossem exonerados. O cruzamento da listagem com o Diário Oficial e o sistema de Consulta à Remuneração do governo mostra que mais da metade dos petistas ainda continua empregada na gestão peemedebista, desobedecendo resolução do partido no estado que determinou que todos pedissem demissão até o dia 31 de janeiro.
Do total de pessoas da lista, 127 não deixaram o cargo, enquanto 103 já tiveram a exoneração publicada no Diário Oficial até ontem. A relação do PT contém nomes incompletos e com grafia errada. Em 16 casos, não foi possível localizar as nomeações e exonerações nos DOs ou a existência das pessoas no sistema de Consulta à Remuneração do governo, onde estão reunidos todos que fazem parte da folha de pagamento do estado. Em seis casos, atos publicados no DO tornaram as nomeações sem efeito. Assim, esses indicados do PT para cargos de confiança não estão no governo.
Sérgio Cabral abre cofre para municípios
Com eleições se aproximando e a poucos dias de deixar o cargo para seu vice-governador e candidato, Luiz Fernando Pezão, o governador do Rio, Sérgio Cabral, resolveu abrir definitivamente o cofre para os municípios. Um levantamento feito pelo GLOBO em edições do Diário Oficial mostra que somente este ano, entre os dias 10 de fevereiro e 26 de março, foram liberados pelo menos R$ 247,1 milhões em 32 convênios assinados entre a Secretaria estadual de Obras e as prefeituras de 13 cidades.
Na última quinta-feira, a Secretaria de Obras também publicou uma licitação para contratar serviços de asfaltamento em praticamente todo o estado, num valor total de R$ 236,5 milhões. Ao todo, o pacote de benesses chega a R$ 486,3 milhões. O governo do estado afirma que as iniciativas são rotineiras.
No Twitter, o passo a passo do golpe de 64
Na cobertura especial dos 50 anos do golpe militar que instaurou por 21 anos a ditadura no Brasil, O GLOBO leva aos seus leitores a partir deste domingo uma ação inovadora em parceria com o Twitter. As primeiras horas e os principais eventos que antecederam a deflagração do movimento golpista serão narrados em ‘tempo real’ na conta @OGloboPolítica da editoria País no microblog, por meio da série #1964AoVivo. Os tweets trarão passo a passo os bastidores da ação dos militares e suas consequências do período mais sombrio da História recente do país, marcado por torturas, desaparecimentos e mortes.
Toda a ação será narrada em imagens, vídeos, análises, artigos e reportagens exclusivas. O resgate da História inclui também desdobramentos que culminaram com a chegada das tropas do general Olímpio Mourão Filho ao Rio, vindas de Juiz de Fora (MG), ao exílio do presidente João Goulart no Uruguai, e as primeiras notícias que apontavam para o reconhecimento do novo regime pelos Estados Unidos, no dia 2 de abril.
Em Dubai, Henrique Alves fica em hotel de US$ 1,7 mil
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), integra a comitiva deputados que viajam no próximo dia 11 de abril para uma missão oficial na China. Antes de cumprir os eventos oficiais na China, segundo a assessoria fará uma parada técnica em Dubai e Henrique e parte da comitiva irão se hospedar no suntuoso hotel Burj Al Arab, conforme antecipou a coluna Panorama Político de O GLOBO.
Henrique, segundo sua assessoria, optou por se hospedar no hotel cujo layout é famoso por lembrar uma vela e tem 300 metros de altura. A diária das suítes luxuosas é salgada: US$ 1.700,00. Mas a Câmara, diz a assessoria, bancará apenas parte deste valor, já que em viagens internacionais a diária paga pela Casa é de US$ 550 e por isso o restante será completado pelo próprio presidente e os deputados que decidirem acompanhá-lo.
Memórias de quem nasceu e cresceu sob o regime militar
Sob determinada ótica, a cidade do Rio de Janeiro atravessou o dia 31 de março de 1964 dentro da mais perfeita (ou imperfeita) normalidade. Era uma terça-feira chuvosa, de tempo instável. A Petrobras estava sendo investigada por fraude, Garrincha anunciava estar recuperado de uma contusão e um cinema no Centro era fechado por desrespeitar a lei que o obrigava a passar filmes nacionais. Em Marechal Hermes e Madureira, o roteiro antecipava o trivial básico contemporâneo: revolta e quebradeira nas estações de trem devido a mais uma falha no sistema de transporte.
Sob outra ótica — menos imediatista e mais histórica —, aquele mesmo 31 de março representou um divisor de águas. Foi nele que os militares começaram a marcha que deporia o então presidente João Goulart. Foi nele que soldados armados começaram a invadir redações de jornais sem necessidade de ordem escrita ou mandado judicial. E foi nele que, com o apoio do Congresso Nacional, de empresas e de parte da população, instaurou-se a ditadura — regime que, a partir de então, perduraria por 21 anos, legando inúmeras cicatrizes ao país.
Mas há ainda uma terceira ótica — nem imediatista, nem histórica — de olhar para aquele fatídico dia chuvoso de março. Foi nele que nasceram a cantora Virgínia, o político Geraldo, o administrador Vicente e o corretor Marcello.
‘Diziam que era revolução’
Quando Caetano Veloso conheceu a cantora Virgínia Rodrigues, a data de nascimento dela motivou um comentário do compositor.
— Caetano disse: “Então você nasceu no dia do golpe, numa terça-feira.” E fui perguntar para a minha mãe, que confirmou que era uma terça, mas não tinha mais nada de informação, porque nasci longe do Centro de Salvador, na periferia, e onde todo mundo da minha geração que é pobre e suburbano nasceu, num hospital que se chama Tsylla Balbino — conta Virgínia, que, de lá para cá, lançou quatro discos, fez turnês na Europa e nos Estados Unidos e encantou gente como Bill Clinton (recentemente, ela teve que mandar outro disco autografado para o ex-presidente americano, porque a filha de Clinton se casou e levou um dos exemplares da casa).
Até a observação feita por Caetano, a outra pessoa que tinha chamado a atenção da cantora para o dia em que ela veio ao mundo tinha sido a dona da casa onde Virgínia trabalhou como empregada doméstica.
— Ela disse que não era à toa que eu tinha nascido nesse dia, porque eu era desaforada, respondia, não era subserviente, mas revolucionária, gostava de tumulto. Ela falou: “Você faz jus ao dia em que nasceu.” E também dizia que eu não tinha nascido para trabalhar em casa de família. Anos depois, foi a um show meu e falou: “Eu não disse?” — lembra Virgínia.
Depois da experiência como doméstica, e ainda como faxineira e lavadeira, Vírginia Rodrigues passou a trabalhar como manicure por conta própria, justamente porque, apesar de ter nascido na data em que a ditadura foi instaurada, sempre detestou obediência:
CORREIO BRAZILIENSE
Quando a bigamia está dentro da lei
A batalha judicial entre um triângulo amoroso capixaba pode alterar o princípio da monogamia no Brasil. A esposa e a companheira não oficial de um mesmo homem, já falecido, disputaram o benefício do INSS, que, embora tenha feito 0orateio, apelou ao STF para que seja definido quem terá direito à pensão. Se a Corte confirmar a divisão do valor mensalmente concedido às duas mulheres, será uma revolução no direito de família, porque admitirá os relacionamentos simultâneos. Ainda não há data prevista para a decisão do Supremo.
Economia de Miami cresce 3,5% graças aos brasileiros
Turistas estão inflando a riqueza na Flórida. Em 2012, por exemplo, eles desembolsaram R$ 3,6 bilhões em consumo e serviços, uma média de R$ 700 por pessoa a cada dia. Há especial interesse por imóveis. Enquanto isso, o país de origem dos gastadores não deve crescer mais de 1,7% em 2014.
O golpe veio pelo rádio
Adolescente, Álvaro Lins Filho grudou os ouvidos no principal meio de comunicação da época. Brasilienses relembram os nervosos primeiros dias de domínio militar.
Os últimos atos de um presidente
Às vésperas do golpe e sob pressão dos militares, João Goulart fez um discurso em que pregou a observância da lei e da ordem, mas defendeu as reformas de base e um país com mais justiça social. Acabou deposto
O ex-presidente João Goulart deixou o governo da mesma forma como o assumiu, em 1961, depois da renúncia de Jânio Quadros, sob a pressão dos militares que vetaram sua posse: voando de um lado para o outro, acossado pelos inimigos, traído pelos mais fortes e apoiado pelos que não tinham forças suficientes para resistir. Em 1964, entretanto, não houve acordo como em 1961 e ele acabou deposto e exilado, só retornando morto ao Brasil 12 anos depois.
Na noite do dia 30, contrariando alertas dos conselhos mais próximos, o presidente compareceu ao ato pelos 40 anos da Associação de Subtenentes e Sargentos da PM no Automóvel Club do Rio de Janeiro, onde fez seu último discurso. Pregou a observância da lei e da ordem, mas defendeu as reformas de base e um país com mais justiça social. “Assustou os civis e assustou demais os militares, que não o viam com simpatia. Assustou tanto que o general Mourão Filho antecipou o golpe. A previsão do golpe era para ocorrer depois de 15 de abril. A conspiração era nesse sentido”, analisa o historiador Ronaldo Costa Couto que, entre vários cargos de destaque na política brasileira, foi secretário de Planejamento e confidente de Tancredo Neves.
Em 30 de março, quando Jango saiu do evento no Automóvel Club, depois das 22h, recolheu-se ao Palácio das Laranjeiras. “Como presidente da República, ele era também o comandante supremo das Forças Armadas. A leitura militar foi que a presença dele ali quebrou a hierarquia e a disciplina. E esses são dois valores fundamentais na cultura militar. Então, a partir dali em diante, ficou muito difícil”, contextualiza Ronaldo Costa Couto.
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