Cláudio Caxito, do Brasília Capital
A sucessão de Juarezão (PSB) na presidência da Câmara Legislativa virou um primeiro turno da eleição para o Palácio do Buriti em 2018. O governador Rodrigo Rollemberg já deixou clara a preferência por Agaciel Maia (PR). Mas não uniu a base de apoio. Joe Valle (PDT) está na disputa e conta com o aval do ex-vice-governador Tadeu Filippelli (PMDB), um dos principais postulantes à cadeira hoje ocupada por Rollemberg.
O desfecho do embate ocorrerá na quinta-feira (15), quando os 24 deputados distritais elegerão a Mesa Diretora para o biênio 2017/2018. Em não havendo acordo – e ele pode ocorrer até mesmo durante a sessão –, existe, ainda, a possibilidade do surgimento de uma terceira via. Aí, torna-se praticamente impossível tentar adiantar o que pode acontecer.
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Agaciel, a princípio, contaria com os votos de Juarezão (PSB), Luzia de Paula (PPS) e Bispo Renato (PR). Este último por fidelidade partidária, já que o deputado é opositor declarado de Rollemberg. No melhor dos mundos para Agaciel, esse grupo deve ser turbinado com os distritais da base governista: Lira (PHS), Julio Cesar (PRB, ex-líder do governo), Telma Rufino (PROS), Liliane Roriz (PTB), Robério Negreiros (PSDB), Rodrigo Delmasso (Podemos) e Sandra Faraj (SD).
Nesse caso, reuniria 11 dos 13 votos necessários e precisaria de pelo menos mais dois. Os petistas Wasny de Roure, Chico Vigilante e Ricardo Vale fechariam a conta. No entanto, o PT está interessado em ocupar a vice-presidência da CLDF com Ricardo Vale. Essa seria a moeda de troca. O problema é que o Buriti, para desmontar o bloco de Joe, cogita o nome de Reginaldo Veras (PDT) para o posto.
Joe Valle (PDT), ex-supersecretário do GDF e preterido por Rollemberg como preferido para comandar a Câmara, tem em seu bloco o próprio Veras, Cláudio Abrantes (Rede), Chico Leite (Rede), e Israel Batista (PV). Se tudo der certo, atrairá os descontentes com Rollemberg: Celina Leão (PPS), Raimundo Ribeiro (PPS), Wellington Luiz (PMDB), Rafael Prudente (PMDB) e Cristiano Araújo (PSD). Assim, como Agaciel, precisaria das bênçãos do PT.
Terceira via
Embora o cenário esteja concentrado entre Agaciel e Joe, pode haver surpresas de última hora. Correm por fora, como terceira via, Sandra Faraj e Rodrigo Delmasso. Esses parlamentares adotariam uma linha mais independente em relação ao GDF, reforçando o papel do Colégio de Líderes, responsável pelas pautas da Casa. Dariam mais poder aos distritais nas negociações com o governo. Tudo que o Buriti não quer.
Rollemberg tem colocado seus projetos na Casa de última hora, empurrando-os goela abaixo da base, que sequer é consultada previamente. Essa base, hoje, conta apenas com as migalhas concedidas pelo governador. As esvaziadas administrações regionais recebidas tornam-se verdadeiros “pepinos”. É ali que a população busca soluções para seus problemas imediatos, e pouco conseguem resolver, devido à total falta de estrutura.
A fim de amenizar a situação, os distritais contemplados com as RAs são obrigados a destinar emendas parlamentares com recursos para obras e serviços, já que o GDF alega não ter como executá-los devido à crise. Outra questão está na distribuição de cargos. Rollemberg tem à disposição 20 mil vagas nas secretarias de Estado, administrações regionais e empresas públicas. Mas concentra cerca de 85% em suas mãos e nas de seu PSB.
A importância desses cargos vai muito além da questão financeira. Os partidos querem ter influência direta na gestão dos locais onde estão as pessoas de confiança por eles indicadas. Com isso, podem desenvolver suas políticas e realizar um trabalho com a própria cara, para mostrar à população e colher os louros nas próximas eleições.
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