Em entrevista coletiva, o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou hoje (26) que há um problema estrutural a ser contornado no setor aéreo. “A questão posta é estrutural. Precisamos identificar responsabilidades do passado. Mas precisamos encontrar soluções para o futuro”. Ele destacou que a segurança nos vôos será prioridade, mesmo que isso implique em filas por algum tempo.
Jobim assumiu o ministério do lugar de Waldir Pires, que declarou que sua saída do governo se deveu a "sanha" da oposição para atingir o presidente Lula. (leia mais)
O novo ministro destacou que a sua gestão será pautada por resultados e não pelas intenções. “Nossas ações não são julgadas pelas nossas intenções, mas pelos nossos resultados”, disse. “Nunca se queixe, nunca explique, nunca se desculpe. Aja ou saia. Faça ou vá embora”, complementou.
Jobim também comparou o comando do setor aéreo ao de uma orquestra de música. E afirmou ser o “maestro” desta orquestra. "Não pode deixar haver mais comandos fora de regência. Tem que funcionar como orquestra. E o maestro sou eu." "A música e composição são do presidente. Eu executo isso. Isso faz parte de revisão sistêmica", ressaltou.
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O novo ministro da Defesa, antes de se pronunciar, pediu um minuto de silêncio pelas vítimas dos acidentes aéreos.
Transmissão de cargo
Antes do pronunciamento de Jobim, o ex-ministro da Defesa Waldir Pires leu um discurso de despedida.
“Nunca é fácil o instante da despedida. Sobretudo quando a missão que se viria cumprir, que se teria necessariamente de cumprir, iniciou-se, e não logrou completar-se”, afirma o documento de Waldir Pires.
O ex-ministro desejou sorte a Jobim e ressaltou que o governo tem que vencer a crise aérea. “Temos de vencer esta crise. Haveremos de vencê-la. Faço votos, do fundo da alma, que o Ministro Nelson Jobim, personalidade inteligente, capaz, meu amigo, possa no mais curto prazo conseguir reverter essa situação fruto de equívocos erros de longo tempo”. (Rodolfo Torres)
Confira a íntegra do discurso na transmissão de cargo de Ministro da Defesa
"Brasília (DF), 26 de julho de 2007.
Nunca é fácil o instante da despedida. Sobretudo quando a missão que se viria cumprir, que se teria necessariamente de cumprir, iniciou-se, e não logrou completar-se.
Aos primeiros passos, na ultrapassagem das primeiras barreiras de mudanças, na institucionalidade ainda ineficaz, concebida para uma ação de aparências formais e úteis, mas inconsistentes, que não logra realizar tarefas ingentes, e crescentemente urgentes às necessidades do interesse do Ministério da Defesa Nacional.
E creio que interesses, por sua natureza situados entre os mais fundamentais da pátria, da república, dos seus cidadãos e cidadãs, da sua história de libertação nacional, desde a gloriosa jornada do 2 de julho na Bahia. Ouso dizer para o seu destino, pela natureza rica e bonita do nosso povo, decorrente da ampla e forte miscigenação étnica e cultural, que a caracteriza, e produz a irreversível democratização em marcha da sua caminhada, que queremos forte, audaciosa, honrosa. Não é, para mim, esse, um instante simples, trivial que vivo, quando lhes digo adeus, meus caros companheiros e companheiras, amigos e amigas.
Tenho, dentro de mim, um sentimento que me sufoca, mas que venço, de espinhosa dúvida, quase diria de ameaça de frustração, pelo temor do sonho interrompido.
Por que lutei toda a vida pública, na convicção plena da necessidade e da nossa capacidade de chegarmos a construir uma sociedade soberana e democrática, uma nação independente e justa, dirigida pela ética de servir às necessidades do seu povo e à grandeza da nação.
A vinda para cá, há pouco mais de um ano, depois de ajudar a erguer, no governo do Presidente Lula, a Controladoria Geral da União, com sua missão de zelar,com eficiência, pelo controle do gasto público federal aberto, transparente como nunca anteriormente se registrara.
A chegada ao Ministério da Defesa, a dimensão do seu desafio, tentar reconstruí-lo, quem sabe, dizer mesmo, fundá-lo, ao lado das Forças Militares, que são constitucionalmente Instituições permanentes da nação; aproximá-lo cada vez mais da sociedade brasileira e de sua juventude; estimular a capacidade empreendedora da sua indústria de defesa pública e privada.
Recusar ao Brasil a prática simplória de tornar-se uma nação meramente compradora e importadora de seus instrumentos de defesa. Articular-se com toda a América do Sul, na busca da plena cooperação, intensiva e irmã, para fortalecer os interesses econômicos e civis dos povos e mercados sul americanos. Encerrar um ciclo de submissão; desenvolver a fase de diálogo paritário com o mundo, na linha da política externa que tão fortemente tem sido desenvolvida e implantada no governo do Presidente Lula e pela ação do Itamaraty.
Ações indispensáveis, na visão estratégica de uma política de defesa de dissuasão, preservadora da paz. A sociedade internacional está difícil e perigosa. É lamentável o recuo no respeito à aplicação dos princípios organizatórios das Nações Unidas, cenário único de solução de conflitos internacionais que geram a guerra ou a paz. É necessário reconstruir seus princípios. E precisamos estar fortes e capazes para sermos ouvidos e escutados. O governo do Presidente Lula retomou a política de nos fortalecer no Atlântico Sul, em cujas plataformas se situam mais de 80%, da nossa capacidade de produção de petróleo. As costas brasileiras somam 7.500 Km de extensão e nossos interesses marítimos, aí, nas riquezas do mar, atingem mais da metade da superfície total do país. Esta é a Amazônia Azul, da nossa Marinha. Retomou-se o investimento de Aramar, com decidido apoio do Presidente e o caminho é a construção devidamente adequada do submarino à propulsão nuclear, com a recuperação e ampliação da frota de submarinos convencionais. Aliados a navios patrulhas ágeis, bem armados, mísseis e torpedos, que protejam da sanha inescrupulosa, o patrimônio nacional do Atlântico Sul.
O destino continental e político do Brasil é o da fraternidade e colaboração crescente com os povos e nações da América do Sul. Ajudar e atuar como nação asseguradora da
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