Para Joaquim, o país não está preparado para ter um presidente da República negro. “Acho que ainda há bolsões de intolerância muito fortes e não declarados no Brasil”, disse ele. “No momento em que um candidato negro se apresente, esses bolsões se insurgirão de maneira violenta contra esse candidato.”
Ele considerou “um sinal” disso reportagens da Folha de S. Paulo sobre a o fato de ele ter comprado um imóvel nos Estados Unidos. “Tirei dinheiro da minha conta bancária, enviei o dinheiro por meios legais, previstos na legislação, declarei a compra no Imposto de Renda”, afirmou o ministro do STF
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Joaquim Barbosa também se disse discriminado ao ser reprovado em concurso no Itamaraty. “Passei nas provas escritas, fui eliminado numa entrevista, algo que existia para eliminar indesejados”, afirmou, antes de concluir: “Sim, fui discriminado, mas me prestaram um favor. Todos os diplomatas gostariam de estar na posição que eu estou. Todos”.
Para o presidente do Supremo, antes de haver democracia racional, existe no Brasil “a convivência amistosa superficial, mas, no momento em que o negro aspira a uma posição de comando, a intolerância aparece”.
Ele completou: “Discriminado eu sempre fui em todos os trabalhos, do momento em que comecei a galgar escalões. Nunca dei bola. Aprendi a conviver com isso e superar. O Itamaraty é uma das instituições mais discriminatórias do Brasil”.
Joaquim Barbosa informou na entrevista que anunciará no próximo dia 1º (quinta-feira) “a data precisa” do início do julgamento dos recursos dos réus do mensalão.
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Íntegra da entrevista concedida a Miriam Leitão e publicada por O Globo
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