O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) disse há pouco, no plenário da Câmara, que o relatório do Conselho de Ética que sugere sua cassação foi muito duro. Citando o escritor Padre Vieira (1608-1697), afirmou que “coisas em excesso causam efeito colateral”. Em instantes, o relatório será votado pelo Plenário.
“(O relatório) foi demasiadamente forte para comigo. Passou uma imagem de figura pública que não corresponde com a minha vida”, afirmou o petista. O parecer do caso, de Cezar Shirmer (PMDB-RS), foi considerado um dos mais contundentes já feitos no Conselho.
Em seu discurso de defesa, João Paulo lembrou de quando esteve na presidência da Câmara, entre 2003 e 2005. “Graças a Deus, ao final do meu mandato, a imagem da Casa era boa”, disse. O petista ressaltou que o contrato com a SMP&B, do empresário Marcos Valério, durante sua gestão trouxe vários benefícios aos deputados.
O contrato com a empresa de Valério, no valor de R$ 10,7 milhões, foi fechado em 14 de setembro de 2003, dez dias após a mulher do deputado, Márcia Milanesi, sacar R$ 50 mil no Banco Rural. “Basta ver aqui, nos corredores da Casa. O contrato foi benéfico para todos nós”, disse.
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O petista ressaltou ainda que a ética é um conceito que não se conquista em um dia e se perde no outro. Em seguida, enfatizou ser um político da ética. “Eu tomar medidas para prejudicar o povo? Não é verdade. Tenho opção de vida pelo oposto”, declarou.
João Paulo reafirmou ter usado os R$ 50 mil para pagar pesquisas eleitorais para candidatos a vereador pelo PT em Osasco. Disse que foi procurado pelos correligionários e pediu ajuda ao diretório nacional do partido. “Devia ter colocado um diretório em contato com o outro. Mas se eu achasse que tinha erro, eu mandaria minha mulher?”, defendeu-se.
Em seu relatório, Schirmer disse que João Paulo utilizou notas fiscais provavelmente falsas para justificar o serviço. Isso porque os impostos só foram recolhidos em 2005, somente após a crise. “Se recolheu os impostos depois da crise, que culpa eu tenho disso?”, questionou João Paulo.
O deputado disse ainda nunca ter negado o saque nas contas de Valério. “Eu disse que a minha mulher foi ao Banco Rural ver uma conta de TV a cabo e disse que ela foi fazer o saque. Eu não menti”, enfatizou.
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