Condenado a nove anos e quatro meses de prisão, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) lança hoje (11) uma revista em que contesta o julgamento do mensalão e reproduz documentos que, segundo ele, foram ignorados pelo ministro Joaquim Barbosa e comprovam sua inocência. João Paulo, que promete fazer um pronunciamento na tribuna da Câmara às 17h, acusa o relator da Ação Penal 470 e atual presidente do Supremo de utilizar de “forma seletiva” as informações e os documentos apresentados pelos réus. “Quando interessava à acusação, ele as admitia, mas, quando era em benefício do réu, ele as desprezava”, diz o ex-presidente da Câmara, condenado por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato.
João Paulo Cunha também questiona por que foi o primeiro réu do mensalão a ser condenado e o último a ter sua pena definida, às vésperas da eleição municipal do ano passado, quando concorria à prefeitura de Osasco (SP). “Uma hipótese é que no seu roteiro deveria começar com o PT para chegar na semana da eleição com o PT. E nada melhor que começar pelo único réu que era candidato. E, ainda segundo seus cálculos, as penas culminariam na semana de definição do segundo turno. Afinal, por que ele marcou sua viagem ao exterior exatamente ao final do segundo turno?”
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O petista, que aguarda em liberdade a análise de recurso no Supremo, diz que não pretende renunciar ao mandato. A maioria dos ministros considerou que João Paulo recebeu R$ 50 mil, em 2003, quando era presidente da Câmara, para beneficiar uma agência de publicidade de Marcos Valério.
Na revista de 56 páginas, intitulada A verdade – nada mais que a verdade sobre a ação penal 470, o deputado apresenta reproduções de contratos firmados em sua gestão e resultados de auditorias internas que, segundo ele, comprovam sua inocência e a legalidade dos acordos. João Paulo contesta ter sido o responsável pela contratação de serviços de publicidade da Câmara. Diz que a casa apenas manteve prática adotada por seu antecessor na presidência, o hoje senador Aécio Neves (PSDB-MG). O petista sustenta que a decisão de licitar nova agência foi tomada pela direção-geral, e não por ele, e que não houve desvio de recursos.
“A verdade provada nos autos do processo é que não ocorreu nenhum desvio de recursos da Câmara dos Deputados, e todos os repasses foram feitos em consonância com a legislação vigente para contratação de agência de publicidade”, diz o texto, assinado pelo “coletivo do mandato” do deputado João Paulo Cunha.
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