Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ontem à noite, o deputado cassado Roberto Jefferson declarou que foi procurado por um advogado do banqueiro Daniel Dantas, do Opportuniy, para fazer denúncias contra o PT. O ex-presidente do PTB informou que o contato foi feito em 2005, quando ele denunciou a existência do mensalão. “Na época das denúncias, fui procurado por um advogado dele (Daniel Dantas), através de uma deputada, querendo um encontro, que ele queria me municiar, me dar documentos para colocar à opinião pública”. Jefferson disse que não aceitou o convite. “Eu disse que não queria. Ia levar minha luta pelo que eu sabia e tinha vivenciado”, afirmou.
De acordo com o ex-deputado, o PSDB, PFL e PT fizeram um “acordão” para impedir a convocação de Dantas na CPI dos Bingos, no último dia 23. Segundo Jefferson, o acordo serviu para livrar o governo atual e o de Fernando Henrique das denúncias do banqueiro. “Ele vem de participações recentes nas privatizações, nos fundos de pensão e atualmente na estrutura de relacionamento com o PT”.
Quando questionado sobre caixa dois, Jefferson abusou da sinceridade: “Eu sempre tive caixa dois”, admitiu. Ele também foi perguntado se os seus dois filhos, que irão concorrer nas eleições de outubro, também utilizam o mesmo estratagema. Jefferson negou. “Não vou fazer isso com eles. Com eles vou ter um cuidado muito grande”, disse.
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Sobre a Operação Sanguessuga, que deflagrou um esquema de compra de ambulância superfaturada por meio de emendas parlamentares, Jefferson acusou o governo de usar a Polícia Federal como arma política. Observou que a PF começou a investigar os sanguessugas em 2002, mas só divulgou os resultados dos inquéritos em 2006, por ser um ano eleitoral.”A Polícia Federal foi montada politicamente para atingir os inimigos do governo”, disse.
Durante a entrevista, o ex-presidente do PTB voltou a inocentar Lula do mensalão, atribuindo a prática a José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken, Silvio Pereira, Delúbio Soares e José Genoino. Disse que o erro de Lula é pecar por omissão. “Lula não gosta de administrar, é mais um chefe de Estado. Ele elegeu um primeiro-ministro e viajou pelo mundo para fazer acordos internacionais. Colocar a mão na massa não é negócio dele, não”.
Jefferson também afirmou que tanto o PSDB quanto o PT representam os interesses dos banqueiros. Sobre a pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência, disse que o apoiaria por este ter mais afinidade ideológica com o PTB. O ex-deputado ainda falou de sua cassação. Com amargura, afirmou que hoje vive em completo isolamento. “Eu recebia 80 ligações em média por dia no meu celular. Hoje, não passam de dez”. O ex-parlamentar disse que voltou a advogar, mas que tem encontrado dificuldade para conseguir clientes.”As pessoas se afastam. Eu me sinto um leproso ou aidético”, concluiu.
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