O deputado que virou destaque por ter tatuado o nome do presidente Michel Temer em seu ombro é alvo de pedido de condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) por peculato (apropriação, por parte de um funcionário público, de um bem a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa). Wladimir Costa (SD-PA) é acusado pela Procuradoria-Geral da República de ter ficado com dinheiro recebido como salário por servidores “fantasmas” de seu gabinete. A informação é do jornal O Globo. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterou o pedido de condenação na última sexta-feira (28). Curiosamente, o mesmo dia em que Wladimir disse ter feito a tatuagem. Cabe agora a manifestação final da defesa para que os ministros julguem o parlamentar.
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Como mostra a nova edição da Revista Congresso em Foco, o deputado paraense é réu em duas ações penais (528 e 964) e investigado em dois inquéritos, por peculato, tráfico de influência, crime contra a liberdade pessoal e ameaça.
De acordo com O Globo, o processo é baseado em denúncia feita por um ex-funcionário de Wladimir, que trabalhou como cinegrafista no programa de televisão dele e foi registrado como funcionário da Câmara. Ainda segundo o jornal, o Ministério Público afirma que o deputado e um irmão ficaram com o salário de três pessoas que recebiam como funcionários de seu gabinete sem trabalhar, entre 2003 e 2005. O autor da denúncia disse que entregava o dinheiro para o irmão do parlamentar e recebia de volta R$ 500, seu salário como cinegrafista.
O deputado contesta a acusação e diz que desafia qualquer pessoa a comprovar que ele se apropriou do dinheiro de servidores. De acordo com a reportagem de Eduardo Bresciani, por meio de perícia e quebra de sigilo bancário, os investigadores constataram que os funcionários sacavam integralmente os salários recebidos da Câmara. Nas mesmas datas, há registros de depósitos em espécie feitos na conta do deputado no mesmo banco.
Versões contraditórias
O cinegrafista retirou a acusação contra Wladimir, alegando que apenas o irmão do parlamentar participava do desvio. Mesmo assim, o Supremo abriu o processo contra o congressista em 2009. Depois, o funcionário recuou na denúncia contra o irmão do deputado.
“Portanto, o Ministério Público Federal entende haver provas para que se afirme, com o necessário grau de segurança, que, entre os anos de 2003 e 2005, Wladimir Afonso Costa Rabelo, valendo-se do cargo de deputado federal, livre, consciente e voluntariamente, em comunhão de desígnios e propósitos com Wlaudecir Antonio da Costa Rabelo, orquestrou o desvio e a apropriação de verba pública federal”, diz o procurador-geral.
Em entrevista ao Globo, Wladimir disse que renuncia ao mandato se alguém provar que ele recebeu dinheiro de origem ilícita e que está tranquilo com sua consciência.
Grudado no corpo
O deputado virou notícia por causa da tatuagem com o nome de Temer que passou a exibir desde sábado. Segundo ele, o adereço é definitivo e custou R$ 1,2 mil, divididos em seis parcelas no cartão de crédito. Mas tatuadores ouvidos por vários veículos sustentam que a tatuagem não é definitiva e pode ser removida facilmente.
Em sua página no Facebook, Wladimir comemorou a visibilidade que o episódio deu a ele. “Fale bem, fale mal, mas falem de mim” e “Quem não é visto, não é lembrado” foram algumas das citações feitas por ele. “Os comentários nas redes sociais só me rendem visibilidade nacional e até mesmo internacional, isso é fato! Apesar de que, toda essa exposição e holofotes JAMAIS irão inflar o meu ego”, escreveu.
“Burro”
Wladimir Costa é conhecido por diversas polêmicas. Apoiador de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara, surpreendeu os colegas ao votar a favor da cassação dele quando o resultado estava decidido em desfavor do peemedebista.
No último dia 12 de julho, chamou de “burro” o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), que deu parecer favorável ao prosseguimento da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) “Lavem a boca para falar do presidente Temer”, esbravejou. O parlamentar criticou deputados de oposição envolvidos em denúncias, citou nomes e casos, e atacou o PT. “O PT não tem moral para falar de ninguém na comissão”, ressaltou. Sua crítica mais dura foi direcionada a Zveiter. “Está na sua cara que o senhor é burro, incompetente e desqualificado”, afirmou o deputado. “Volte a estudar direito. O senhor envergonhou a categoria”, disparou.
Wladimir Costa ficou conhecido como o “deputado do confete” na votação do pedido de abertura de processo de impeachment contra a então presidente Dilma, em 17 de abril do ano passado. Enrolado em uma bandeira do Pará, ele disparou um rojão de confetes em plenário quando declarou, de maneira festiva, seu voto pelo afastamento da presidente. No ano passado, Wladimir também ficou entre os parlamentares mais ausentes, como mostrou levantamento do Congresso em Foco.
Leia a reportagem do Globo sobre a denúncia contra Wladimir Costa
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