Em entrevista exclusiva à recém-lançada décima edição da Revista Congresso em Foco, uma das raras concedidas por ele desde que assumiu o cargo mais importante do Ministério Público brasileiro, Janot diz que o caminho mais eficaz contra a corrupção eleitoral é garantir transparência às doações e reforçar o controle sobre elas.
Leia também
Leia e assine a Revista Congresso em Foco
Assinante da revista ou do UOL, clique aqui para ler a nova edição
“Sou cético quanto a essa visão de que evitar o financiamento privado diminui o caixa dois. A tendência é o contrário. Não defendo a exclusão do financiamento eleitoral privado. A gente pode caminhar para um sistema que não o exclua, um sistema misto que permite o financiamento público e privado, mas com controle mais eficaz”, afirma.
O fim das doações eleitorais por empresas privadas foi pedido pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e tem o apoio de diversas entidades que enxergam na mudança na lei uma forma de coibir abuso do poder econômico nas eleições. O julgamento foi suspenso pelo Supremo em 2 de abril, quando seis dos 11 ministros da corte já haviam se manifestado pelo veto às doações privadas.
Veja alguns dos principais pontos da entrevista
Mineiro de Belo Horizonte, 57 anos, bacharel e mestre em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Rodrigo Janot está há três décadas no Ministério Público. Para ele, os poderes que a Constituição de 1988 garantiu ao MP, considerados excessivos por alguns críticos, são uma peculiaridade positiva do Brasil. “É jabuticaba, e uma jabuticaba doce, muito boa”, afirma, antes de contestar que a instituição tenha superpoderes: “O poder reside em requerer. O juiz diz sim ou não”.
O procurador-geral da República ainda critica as licitações simplificadas adotadas pelo governo Dilma – modelo inicialmente previsto para obras da Copa do Mundo e agora ampliado para outras áreas – e as restrições impostas pela Justiça eleitoral às investigações das campanhas deste ano. Para ele, a resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que condiciona a investigação eleitoral à autorização do juiz é inconstitucional. “Nós ficamos tolhidos da investigação. O MP fica cerceado no papel de investigar eventuais ilícitos e isso para, as eleições, é óbvio que é ruim. Não ter velocidade para investigar, num ano de eleições gerais? Eu não vejo isso com bons olhos não”. Dias depois da entrevista, Janot entrou com uma ação no Supremo questionando a regra do TSE.
Rodrigo Janot ainda critica as licitações simplificadas adotadas pelo governo Dilma – modelo inicialmente previsto para obras da Copa do Mundo e agora ampliado para as demais áreas – e as restrições impostas pela Justiça eleitoral às investigações das campanhas deste ano.
Veja alguns dos principais pontos da entrevista
Mais sobre parlamentares processados
Nosso jornalismo precisa da sua assinatura
Deixe um comentário