Na terça-feira (6), quando a CPI da Covid retornar aos trabalhos, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) espera ver convocados os responsáveis por irregularidades que estão sendo investigadas no Distrito Federal, que foram alvos da Operação Falso Negativo.
Para Izalci, o esquema que se instalou no Ministério da Saúde, cujo novelo começou a ser desenrolado nos últimos dias, especialmente após o depoimento do deputado Luís Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, Luís Ricardo, funcionário do ministério, é o mesmo que se entranhou na Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
“O modus operandi do DF é o mesmo. O comando é o mesmo”, afirmou Izalci Lucas ao Congresso em Foco. “Aqui, quem comanda a Saúde é o PP. É o mesmo comando do Ministério da Saúde”, completa ele.
Indicados
Segundo Izalci, a cúpula da Saúde no Distrito Federal não é composta por profissionais do DF. Vieram de Alagoas, coincidentemente, ou não, o mesmo estado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), um dos principais comandantes do Centrão e do PP.
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Os nomes que comandam e comandaram a secretaria no governo Ibaneis Rocha (MDB-DF), de acordo com Izalci, foram indicados pelo ex-secretário executivo do Ministério da Saúde Adeílson Loureiro. Adeílson foi secretário de Saúde de Maceió e sua convocação já foi aprovada pela CPI da Covid.
Em 2011, Adeílson foi denunciado pelo Ministério Público Federal por crime contra o Sistema Único de Saúde (SUS). Ele estaria envolvido em esquema que expediu falsas guias de exames nunca realizados. O inusitado é que as guias eram emitidas em nome de personalidades famosas, como a atriz Carolina Dieckmann ou a cantora Ivete Sangalo.
Segundo Izalci, Adeílson indicou para a Secretaria de Saúde o também alagoano Francisco Araújo. Alvo da Operação Falso Negativo, Araújo chegou a ser preso e foi exonerado por Ibaneis Rocha após isso. Em seu lugar, voltou à Secretaria Osnei Okumoto (ele foi o primeiro secretário de Saúde no início da gestão Ibaneis, saiu para dar lugar a Araújo e voltou).
Precisa
Além das indicações, outra conexão entre o que houve no Distrito Federal e o que aconteceu no Ministério da Saúde é a empresa Precisa, de propriedade de Francisco Maximiano. A Precisa foi a empresa que intermediou a venda da vacina indiana Covaxin para o Ministério da Saúde, com um preço superfaturado e em condições irregulares que foram denunciadas na CPI por Luís Miranda.
Da mesma forma, Maximiano é alvo das irregularidades verificadas em Brasília na Operação Falso Negativo. No caso, ele vendeu para a Secretaria de Saúde testes de covid e outros equipamentos.
Segundo Izalci Lucas, a Precisa foi contratada no DF com dispensa de licitação e vendeu cada teste pelo preço de R$ 139,90. O curioso é que uma empresa desqualificada oferecia o mesmo item por R$ 73. Mais curioso é que o Sesc adquiriu em pregão os mesmos testes por R$ 18. E o pior é que a Precisa não entregou à Secretaria o produto previsto no edital, mas um outro teste, de origem chinesa, cuja precisão é contestada. Daí a operação ter o nome de Falso Negativo.
“Uma das coisas que impressiona, tanto aqui no DF como em nível federal, é a falta de mecanismos de controle. Um ministério que tem R$ 130 bilhões de orçamento – aqui no DF, o orçamento ultrapassa R$ 8 bilhões. Qualquer boteco tem controle de estoque. Por que não há esse controle? Só tem um objetivo: desviar recursos”, conclui Izalci.
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