Guillermo Rivera
Bruno José Daniel Filho, irmão mais novo do prefeito assassinado de Santo André (SP) Celso Daniel, disse à CPI dos Bingos que Gilberto Carvalho, atual chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, levava dinheiro desviado da prefeitura da cidade para o deputado José Dirceu (SP), então presidente do PT. Bruno Daniel também acrescentou que Celso Daniel sabia do esquema, e o considerava um mal necessário.
Ao ser confrontado com a diferença entre sua versão e a de Gilberto Carvalho, que já prestou depoimento à CPI, Bruno Daniel atacou o chefe-de-gabinete de Lula. “Ele não tem falado a verdade sobre o esquema que nos revelou”, disse. O esquema envolvia arrecadação de dinheiro, principalmente junto a empresas de lixo e de transportes do município. Bruno Daniel disse ainda que os empresários eram achacados de forma acintosa e que, inclusive, eram vítimas de ameaças de Sérgio Gomes da Silva, conhecido como Sombra, que acompanhava Celso Daniel no dia de sua morte. “O Sérgio Sombra chegava a colocar a arma na mesa quando conversava com os empresários”, contou.
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O depoimento de Bruno confere com o de João Francisco Daniel, outro irmão do prefeito morto. “O Gilberto Carvalho revelou que levava dinheiro arrecadado na prefeitura de Santo André e entregava ao José Dirceu. Ele (Celso Daniel) disse que chegou a repassar R$ 1,2 milhão e isso preocupou a família porque ele sempre carregava tudo sozinho, sem segurança”.
Segundo Bruno Daniel, a confissão de Carvalho foi feita a ele e a João Francisco, e ocorreu logo após a missa de sétimo dia de Celso Daniel. Bruno disse ainda considerar que a confissão de Carvalho pode ter tido o intuito de intimidá-los. “Se eu e João Francisco falássemos sobre o assunto, poderíamos comprometer a imagem de Celso”, supôs.
Para a oposição, este foi o melhor depoimento até agora prestado à comissão. O senador José Agripino (RN), líder do PFL, disse que Bruno Daniel “responde às questões com precisão cirúrgica e com base em evidências”. O senador Jefferson Peres (PDT-AM) reafirmou a tese de que Lula deveria afastar o auxiliar durante as investigações. “O depoimento complica a situação do Gilberto Carvalho e, indiretamente, do presidente da República”.
Tião Viana (PT-AC) foi o único que fez a defesa de Gilberto Carvalho, afirmando ter convicção da inocência do chefe-de-gabinete de Lula. Tião Viana disse ainda que a acareação será a chance para que o assessor do presidente garanta a veracidade de suas negativas. “É a chance que o Gilberto tem de mostrar sua inocência”. A sessão para acarear os três, Gilberto Carvalho, João Francisco Daniel e Bruno Daniel, ainda não foi marcada, mas é provável que ocorra ou na terça-feira, 18 de outubro, ou quarta-feira, 26.
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