O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira (PRB), entregou o cargo ao presidente Michel Temer (PMDB), que aceitou a sua saída. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, Pereira é suspeito de ter recebido propina dos grupos Odebrecht e JBS, de acordo com a Operação Lava Jato. Na semana passada, o deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS) entregou o comando do Ministério do Trabalhou para voltar à Câmara.
Oficialmente, Marcos Pereira alegou que deixa a pasta, que assumiu em maio do ano passado, porque pretende disputar a eleição para deputado federal em 2018. Ele disse também que pretende se dedicar às suas funções como presidente nacional do PRB. A participação na disputa eleitoral também foi evocada por Nogueira. Pela legislação eleitoral, o prazo para desincompatibilização, ou seja, a entrega do cargo, vence apenas no início de abril. Na prática, os dois teriam mais três meses para deixar o governo.
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Porém, ao contrário do PTB de Ronaldo Nogueira, o PRB pode perder o comando do ministério. Os petebistas chegaram a indicar o deputado Pedro Fernandes (MA) para a pasta, mas seu nome foi preterido pelo ex-presidente José Sarney, hoje seu desafeto no Maranhão.
Marcos Pereira é investigado no Supremo Tribunal Federal em decorrência da delação da Odebrecht. Executivos da empreiteira alegam que repassaram R$ 7 milhões ao presidente do PRB a pedido da campanha de Dilma Rousseff em 2014 para fechar o apoio da legenda à reeleição da petista e de Michel Temer.
Áudios divulgados pela revista Veja em outubro mostram uma conversa entre o agora ex-ministro e o empresário Joesley Batista, dono da JBS. Em sua delação premiada, Joesley contou que repassou R$ 6 milhões ao político. “Eu não lembro mais a conta”, diz Joesley a Marcos Pereira em um trecho. “Meia cinco zero”, respondeu o presidente do PRB. Na sequência, o empresário pede que o seu interlocutor anote o último repasse. “Mais seiscentos e vinte”, diz Joesley. Pereira, então, confirma. O ex-ministro nega ter recebido recursos ilegais.
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