Sem votos para sensibilizar a agenda dos políticos, os quase 900 mil índios brasileiros vivem na periferia dos indicadores sociais do país. A solução preservacionista oferecida pela Funai não agrada aos líderes indígenas. Eles querem plantar a terra, garimpá-la, extrair madeira. Tudo de maneira comercial e sustentável, exportando a produção com “selos verdes” se possível. Para o órgão do governo federal, no entanto, mesmo de maneira sustentável, não é possível permitir determinadas atividades.
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A reportagem, de Eduardo Militão, mostra o drama dos índios cintas largas, que vivem ao largo da fortuna que repousa debaixo de seus pés – uma das maiores minas de diamante do mundo. A garimpagem em terra indígena é proibida. Mas ainda é explorada ilegalmente por índios e não-índios.
Mas como plantar sem máquinas, insumos e modernas técnicas, só com facões e machados? “Queremos produzir e abastecer o mercado”, diz o líder Marcelo Cinta Larga. “Mas não temos acesso ao mercado”, completa o líder Paulo Roberto Cinta Larga, que vive em uma reserva no lado de Mato Grosso.
Na reportagem, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, admite que os governos federal e estaduais têm responsabilidade pelo acirramento dos conflitos indígenas país afora, por terem dado, ainda nos anos 1970, terras indígenas a agricultores. Além de mapear os principais conflitos, a revista também mostra indicadores sociais dos indígenas, a cronologia dos fatos que marcaram os cintas largas e as batalhas que opõem agricultores e defensores dos povos indígenas.
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