Cinco dias após a aprovação do relatório final da CPI dos Correios, o pedido de indiciamento do empresário Daniel Dantas causa polêmica entre os parlamentares. A inclusão do nome do dono do Banco Opportunity entre os indiciados foi noticiada pelo Congresso em Foco no último dia 5, ou seja, na mesma data em que foram votadas as conclusões apresentadas pelo relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR).
Em documento que distribuiu à imprensa no dia seguinte, descrevendo as últimas alterações que fez no documento final da CPI, Serraglio mencionou apenas o fato de ter acatado parte das sugestões do senador Sibá Machado (PT-AC) em relação ao Opportunity. Somente ontem, o deputado esclareceu para vários veículos de comunicação o que este site já tinha revelado: que o relatório aprovado inclui, sim, o indiciamento de Dantas e da ex-presidente da Brasil Telecom Carla Cico, nomeada pelo banqueiro para gerir a operadora.
Assim, somente hoje, parlamentares da oposição reagiram contra a decisão do relator da CPI. Agora há pouco, o senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse que Serraglio deve ter sofrido uma pressão externa muito forte para fazer a mudança. “O voto do PT e do Sibá Machado condenam em tese, sem nada provado. Ninguém pode ser indiciado em tese. Não estou entendendo isso”, protestou o senador.
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Serraglio argumenta que, em seu relatório, já sustentava que Daniel Dantas e a Brasil Telecom seriam dois dos principais financiadores do valerioduto e que tinha que levar adiante as informações novas trazidas pelo voto de Sibá Machado. Três empresas à época controladas por Dantas (Brasil Telecom, Telemig Celular e Amazônia Celular) repassaram mais de R$ 150 milhões às agências de publicidade do empresário Marcos Valério.
“Acolhemos os fatos que foram relatados no relatório paralelo do PT. Eu tinha que dar conseqüência e por isso incluímos o indiciamento”, afirmou hoje Serraglio. O relator solicitou o indiciamento de Dantas e de Cico por corrupção ativa e tráfico de influência.
Serraglio também acatou texto proposto pelo senador Sibá Machado no qual, ao se referir a Valério, o petista afirma: “As oitivas indicam que houve influência ou pelo menos tentativa de influir nos assuntos de ordem pública, como no caso dos fundos de pensão, por intermédio do Delúbio Soares, em benefício de Daniel Dantas e seu grupo Opportunity”.
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