O economista Ilan Goldfajn, indicado à presidência do Banco Central (BC), prometeu rigor para combater a inflação e atingir a meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Goldfajn disse que esta é uma das condições para devolver a confiança e o crescimento ao país. “[Meu objetivo] será cumprir plenamente o centro da meta”, disse.
A atual meta de inflação do governo é de 4,5% ao ano, com tolerância de dois pontos para mais ou para menos (de 2,5% a 6,5%). Pesquisa divulgada ontem pelo BC indica que a projeção de instituições financeiras para a inflação este ano, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), foi ajustada de 7,06% para 7,12% – acima, portanto, da meta.
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Economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco, Ilan Goldfajn foi indicado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para substituir Alexandre Tombini. Goldfajn foi diretor de Política Econômica da instituição entre 2002 e 2003, nas gestões de Armínio Fraga e do próprio Meirelles. Tombini deve seguir no governo, mas em outro cargo, segundo o ministro. Goldfajn comandará o BC caso seu nome seja aprovado pela CAE e, posteriormente, pelo plenário do Senado.
Confiança
Para o economista, cabe ao Banco Central assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e um sistema financeiro sólido e eficiente. “Neste sentido, a primeira contribuição do Banco Central para a sociedade brasileira é a manutenção de um nível de inflação baixo e estável”, destacou.
Goldfajn disse que pretende colocar a política fiscal em ordem para aumentar a confiança. “Medidas que estão sendo estudadas podem ajudar. É importante retomar a confiança. Se houver a confiança, o investimento deverá voltar. O investimento vem caindo há trimestres seguintes. O investimento voltando se consegue a retomada do crescimento”, destacou.
Para o indicado ao Banco Central, é possível que a economia volte a crescer no fim deste ano ou em 2017 desde que o Congresso aprove as medidas de ajuste fiscal e o país restabeleça a confiança.
Ilan Goldfajn disse, ainda, que a taxa de poupança no Brasil é baixa e defendeu mecanismos para melhorar esse cenário, além de reduzir as incertezas para que se possa investir no Brasil.
Tripé macroeconômico
Ele afirmou, ainda, que considera “imprescindível” manter e aprimorar a autonomia do Banco Central. “Não se trata de ambição ou desejo pessoal, mas de medida que beneficia a sociedade mediante a redução das expectativas de inflação, da queda do risco país e da melhora da confiança”, explicou.
Ilan Goldfajn prometeu respeitar a política de câmbio flutuante e destacou a importância da reconstrução “o quanto antes” do tripé macroeconômico para o crescimento do país. “É preciso reconstruir o tripé macroeconômico formado por responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de câmbio flutuante, que permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente recentemente”, afirmou.
Ele disse aos parlamentares que o cenário atual da economia é desafiador, com instabilidade política e econômica. No cenário externo, lembrou que o período de ventos favoráveis na economia global passou e a era de juros negativos está perto de do fim, pelo menos nos Estados Unidos.
Inflação
“A inflação subiu no ano passado basicamente por dois choques relevantes. O primeiro choque foi o de preços administrados. Houve uma subida importante do preço da gasolina, do preço da eletricidade e de vários preços administrados. Em segundo lugar, a inflação refletiu também câmbio, a depreciação do câmbio. Portanto, várias das questões e dos fatores que fizeram a inflação subir não necessariamente caracterizam o momento e o sistema de estar em estagflação”, disse.
O economista defendeu as medidas anunciadas até agora pelo presidente interino Michel Temer, como o limite dos gastos públicos, objetivando uma melhor política fiscal. Segundo ele, são ações na direção correta e que deverão ser complementadas com a eficiência pela política monetária do Banco Central para sucesso das reformas estruturais e da recuperação fiscal.
O economista, que foi do Itaú-Unibanco, disse que não há conflito pelo fato de ter deixado a instituição e assumir o Banco Central. “É só olhar o mundo todo. É rico o setor público fazer uso da experiência do setor privado”. Segundo ele, isso ocorreu no futuro e no passado. Afirmou que isso também ocorre no cenário internacional.
Goldfajn é economista, com mestrado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Atuou como consultor de organizações internacionais (Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Nações Unidas), do governo brasileiro e do setor privado.
Com informações da Agência Brasil
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