A reeleição de Lula repercutiu nos jornais internacionais, mas não ganhou grande destaque. Alguns nem chegaram a colocar chamadas na capa sobre o assunto. Por causa dos resultados das últimas pesquisas, a imprensa internacional não se surpreendeu com a vitória do presidente.
Mesmo antes do anúncio oficial do resultado, o jornal francês Le Monde já colocava no site que os "126 milhões de brasileiros convocados às urnas deviam dar uma ampla vitória ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre seu concorrente social-democrata Geraldo Alckmin".
Para o Le Monde, a campanha de Alckmin se concentrou "nos ataques aos escândalos de corrupção e nas denúncias do fraco crescimento do país" enquanto Lula "baseou-se como defensor dos pobres, apoiando-se nos bons resultados da luta contra a inflação, na alta do salário mínimo e na extensão dos programas sociais".
Nos Estados Unidos, o The New York Times disse hoje em seu título "Presidente brasileiro contra-ataca para ganhar eleição". O jornal afirma que apesar de ter tido uma política econômica conservadora e que agradou aos investidores e ao Fundo Montário Internacional, Lula mudou sua estratégia durante as eleições para ganhar votos da esquerda dizendo que Geraldo Alckmin acabaria com os programas sociais e privatizaria empresas e bancos estatais.
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O jornal argentino Clarin destacou que Lula conquistou mais de 58 millhões de votos no segundo turno, ficando quase 22 pontos percentuais à frente de Alckmin, "candidato da direita", conforme explicam. "[Lula] Governará o Brasil por outros quatro anos e confirma assim sua forte liderança", diz a chamada de capa.
Na Inglaterra, o Finantial Times disse em seu título: "Lula ganha com facilidade as eleições do Brasil". Já o Times afirmou: "O campeão dos pobres do Brasil é colocado no poder de novo". Para o Finantial Times, a vitória de Lula se deveu mais aos ataques feitos a Alckmin, dizendo que o candidato tucano tinha idéias de direita e queria privatizar o país, do que mais propriamente às propostas de governo de Lula.
"A retórica anti-liberal durante o segundo turno causou desconforto entre muitos economistas, que viram a estratégia como um sinal de que o corte de gastos, tendo em vista a necessidade de liberar dinheiro para investimento e crescimento, será menor no segundo mandato de Lula", analisou o Finantial Times.
No jornal espanhol El Pais, a rapidez da contagem de votos foi destacada. "O Brasil conta com um sistema de voto e totalização que foi adotado por outros países", diz. O jornal também contou que Alckmin telefonou para Lula ao saber do resultado reconhecendo a derrota e desejando ao presidente os parabéns pela vitória e falou que Lula pretende aumentar a fiscalização contra a corrupção em seu segundo mandato.
O El Pais acredita que Lula pode adotar uma "política monetária menos conservadora para estimular a economia".
"A reeleição do presidente brasileiro garante a continuidade da política econômica, mas abre dúvidas sobre possibilidades de trocas em sua equipe econômica e sobre a ênfase que dará a seu segundo mandato", avalia o El Pais, que explica que no primeiro mandato Lula manteve uma rígida política econômica baseada no regime de metas de inflação. "Isso se traduziu em melhora das contas externas, mas também em altas taxas de juros e baixo crescimento", explica o jornal. (Soraia Costa)
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