A líder do PT no Senado, Ideli Salvati (SC), desdenhou da iniciativa do PSDB e do DEM de fechar o cerco sobre Renan Calheiros (PMDB-AL), absolvido ontem (12) da acusação de quebrar o decoro parlamentar. “Isso pode ser entendido como um desrespeito ao resultado”, criticou a petista.
Ela também duvidou do caráter prático das medidas anunciadas pela oposição – basicamente obstrução em plenário e aprovação de medidas moralizadoras. “Vão obstruir? Eles ameaçaram quantas vezes? Durante toda a crise, mantivemos o processo legislativo”, ironizou Ideli.
O DEM e o PSDB apoiaram a aprovação rápida de matérias que acabam com votações e sessões secretas e que afastam da Mesa os acusados em processos no Conselho de Ética – caso de Renan. Ideli manteve a crítica à oposição, ao lembrar que os líderes Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino (DEM-RN) rejeitaram, em 2003, a proposta de emenda à Constituição para exigir o voto aberto. “Para mim, isso serve como uma autocrítica deles”, afirmou a líder do PT ao Congresso em Foco.
Minutos antes, o senador Heráclito Fortes (DEM-PI) se disse, em plenário, arrependido de ter votado contra o fim do sigilo. “Essa eleição de ontem me fez mudar de idéia. Eu dou à mão à palmatória”, disse o parlamentar do Piauí.
Ideli disse que o partido vai apoiar as medidas moralizadoras, como o voto aberto. Ela não quis revelar seu voto ontem (12), na sessão que absolveu Renan, mas garantiu que não votou pela abstenção e que não houve acordo no PT para isso.
Afastamento
Ideli fez coro com o colega petista Aloízio Mercadante (SP), que defende o afastamento de Renan da presidência. Para a senadora, o presidente da Casa precisa descansar, após todo o processo. “Se pudéssemos fazer uma licença coletiva, também”, brincou.
A líder disse que a licença para Renan é um sentimento de todo o partido. “Espero que os apelos possam ser atendidos.” Entretanto, Ideli ressaltou que só Renan deverá tomar a decisão, ainda que os 80 senadores recomendem seu afastamento. (Eduardo Militão)
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