A senadora Ideli Salvati (PT-SC) fez um longo perfil sobre o polêmico banqueiro Daniel Dantas para concluir que o dono do Banco Opportunity está depondo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado com um único objetivo: tentar influenciar os desdobramentos do processo promovido contra ele em Nova York pelo Citibank.
O Citibank, que cobra uma indenização de US$ 300 milhões, acusa Dantas e o Opportunity de terem agido de má-fé e abusado da delegação que tinham para representar os interesses do grupo norte-americano. “O senhor é réu, por má gerência, por má gestão, e o que senhor quer é continuar gerindo a Brasil Telecom, este é o grande objetivo”, afirmou a senadora, referindo-se à disputa que Dantas trava desde 2000 com os principais acionistas da empresa (além do Citi, diversos fundos de pensão e a Telecom Italia) pelo seu controle.
Ideli disse ter sido contra o comparecimento de Daniel Dantas à CCJ porque seu depoimento nada acrescentará às investigações em andamento no Ministério Público Federal, na Polícia Federal e em outros países: “As investigações são muitas e elas devem ficar onde estão”.
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Ela também ironizou o fato de Dantas procurar se eximir de qualquer responsabilidade pela contratação da empresa de espionagem Kroll. Questionado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o banqueiro admitiu apenas ter indicado os gestores da Brasil Telecom que contrataram a Kroll.
Ideli Salvati citou reportagem publicada nesta semana pela revista Carta Capital. Apresentando reproduções de vários e-mails enviados pela então presidente da BrT, Carla Cico, a matéria deixa claro duas coisas: Cico costumava instruir a Kroll a espionar autoridades federais (inclusive do governo anterior), empresários e executivos; e, com muita freqüência, associava suas determinações à orientação de “DD”, iniciais de Daniel Dantas.
A senadora não fez nenhuma pergunta ao banqueiro, mas o presidente da CCJ, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), deu o tempo que ele quis para dar sua versão sobre os fatos relatados pela Ideli. O depoente chegou a dirigir uma pergunta à senadora, que reagiu indignada: “O senhor Daniel Dantas está me inquirindo?”. ACM, com quem o banqueiro cultiva boas relações há bastante tempo, avisou que isso não seria possível.
O dono do Opportunity disse que não lê a Carta Capital, afirmando que a revista já lhe dedicou 32 capas, 28 a mais do que recebeu o presidente norte-americano George Bush. E sustentou: “Como não li, não posso dizer até que ponto a matéria é verdadeira. Mas o fato é que a imprensa erra, e a Carta Capital já publicou muitas coisas erradas a meu respeito. E não está na minha faculdade impedir que ela publique o que ela quer. Temos que conviver com isso”.
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