Dois dias depois de ter tido sua convocação impedida pela base governista na CPI dos Cartões Corporativos, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou hoje (28) a ficar em situação incômoda. Reportagem da Folha de S. Paulo sustenta que partiu da secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, a ordem para organização de um dossiê com todas as despesas realizadas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ex-primeira-dama Ruth Cardoso e os ministros tucanos a partir de 1998.
A existência do documento foi denunciada no último fim de semana pela revista Veja, segundo a qual, as informações estariam sendo compiladas para intimidar a oposição. Em nota, a Casa Civil negou a existência de qualquer dossiê contra o ex-presidente da República.
De acordo com os repórteres Leonardo Souza, Marta Salomon e Andreza Matais, o banco de dados, paralelo ao sistema oficial de controle de despesas com suprimentos de fundos do governo, foi montado a pedido de Erenice, braço-direito de Dilma.
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Ainda segundo a Folha, a interlocutores a secretária-executiva tem assumido a responsabilidade pela organização dos processos de despesas de FHC e isentado a chefe de qualquer envolvimento com o caso. O documento registra detalhes de diversos gastos, enfatizando os de bebidas, lixas de unha e os feitos pela ex-primeira-dama Ruth.
As informações, conforme o jornal, foram pedidas logo após o Carnaval pela secretária-executiva da Casa Civil a subordinados, alegando que era preciso se antecipar a eventuais pedidos da CPI dos Cartões Corporativos, então ainda não está instalada.
Diz a reportagem:
“Na primeira semana após o Carnaval, segundo a Folha apurou, Erenice marcou reunião no Planalto com membros da Secretaria de Administração, da Secretaria de Controle Interno da Presidência e de outras áreas da Casa Civil.
Solicitou que fossem cedidos funcionários de cada área para que se criasse uma força-tarefa encarregada de desarquivar documentos referentes aos gastos do governo anterior a partir da rubrica suprimento de fundos, que inclui cartões corporativos e contas ‘tipo B’ (despesa justificada por nota depois de o servidor receber uma determinada verba).”
Banco de dados
Procurada pela Folha, Erenice negou, por meio de sua assessoria, ter se reunido com subordinados "para discutir qualquer tipo de assunto referente a levantamento de dados de suprimento de fundos". E confirmou que a Casa Civil está alimentando banco de dados com informações do suprimento de fundos entre 1998 e 2002.
A Casa Civil alega que as informações "vazadas" à imprensa eram fragmentos de relatórios de gastos ainda em fase de digitação.
Ontem (27), Dilma Rousseff disse, em Recife, não estar preocupada com a CPI dos Cartões Corporativos. Na avaliação da ministra, há uma tentativa de "escandalização do nada" sobre o assunto. "Essa tentativa de banalizar as investigações, escandalizando o nada, é algo que não contribui para o país", disse ao lado do presidente Lula. (Edson Sardinha)
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