A máfia das ambulâncias teria começado com a ajuda do ex-ministro da Saúde Humberto Costa e do ex-prefeito petista José Airton Cirilo (CE), afirma a nova edição da revista Veja com base no depoimento dado pelo empresário Luiz Antônio Trevisan Vedoin, um dos donos da Planam e suspeito de ser o chefe do esquema.
Segundo a revista, no início de 2003, quando o presidente Lula baixou um decreto restringindo o pagamento de débitos contraídos na gestão anterior, a empresa ficou sem ter como receber uma dívida de R$ 8 milhões da qual era credora no Ministério da Saúde.
Vedoin e o pai, Darci Vedoin, também sócio da Planam, procuraram o então ministro da Saúde Humberto Costa para tentar encontrar uma solução. O ministro informou que não poderia liberar a verba, mas apresentou aos empresários o chefe-de-gabinete, Antônio Alves de Souza, hoje secretário de Gestão Estratégica do Ministério da Saúde. Costa disse que Souza poderia estudar a possibilidade de conseguir a liberação do pagamento.
No mês seguinte, o dono da Planam foi procurado por José Caubi Diniz. Na conversa, durante uma feira de negócios em Brasília, Diniz disse ter sido informado por Souza que a empresa estava tentando obter um pagamento do governo federal. Afirmou que poderia conseguir a liberação do dinheiro. Para isso, contaria com a ajuda de José Airton Cirilo, que teria grande influência junto ao ministro Humberto Costa.
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Cirilo era integrante do Diretório Nacional do PT, foi presidente do partido no Ceará, duas vezes prefeito da cidade de Icapuí e candidato a governador do Ceará em 2002. Por indicação do presidente Lula, ocupou um dos postos de direção da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Dias depois do encontro na feira de negócios, Vedoin, o pai, Diniz e Cirilo se reuniram na ante-sala do gabinete de Humberto Costa, no Ministério da Saúde. Ao fim da audiência, Cirilo disse aos presentes que havia conseguido a liberação do dinheiro da Planam, em quatro parcelas.
Conforme a reportagem, assim que os Vedoin receberam o primeiro pagamento, repassaram a Cirilo, conforme combinado, R$ 35 mil (primeira parte de uma comissão com valor total de R$ 400 mil).
O esquema montado pela quadrilha funcionou tão bem que Cirilo e Vedoin decidiram ampliá-lo. Segundo o empresário, o dirigente petista disse que havia combinado com o próprio ministro Humberto Costa a liberação de 30 milhões de reais de recursos extra-orçamentários que seriam destinados à aquisição de equipamentos hospitalares para municípios do interior. Para que a Planam lucrasse com o negócio, bastaria ganhar fraudulentamente as licitações, com a ajuda dos prefeitos, e, ao fim do processo, pagar 15% de propina a Cirilo.
De acordo com Vedoin, o número de parlamentares suspeitos de participar da máfia das ambulâncias chega a quase 20% do Congresso.
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