“Ele [André] me disse que há uma decisão de reposicionamento mundial do banco, não é algo específico com o Brasil. Eles acreditam que o país é um mercado muito importante. Este é o argumento que tem sido usado pela equipe brasileira para o banco continuar aqui. Mas a decisão não passa por eles”, disse Fruet ao Congresso em Foco. Os dois se encontraram ontem (27) em São Paulo.
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O banco tem mais de 21 mil funcionários e aproximadamente 850 agências em todo o país. Em fevereiro, o HSBC anunciou que a filial brasileira teve prejuízo de US$ 247 milhões no ano passado. Foi o pior resultado entre todas as subsidiárias latino-americanas. Pivô de um escândalo bilionário de evasão de divisas e sonegação fiscal, o chamado caso Swissleaks, a instituição tem apontado a saída de mercados emergentes como estratégia para cortar custos e riscos.
Empregos e receita
A possibilidade de um dos maiores bancos do mundo deixar o país preocupa o prefeito de Curitiba, cidade que abriga a sede da instituição no Brasil. O HSBC emprega diretamente 7,5 mil pessoas na capital paranaense e recolheu aos cofres da prefeitura R$ 85 milhões em Imposto sobre Serviços (ISS) só no ano passado. Isso equivale a 8% de todo o ISS arrecadado pelo município em 2014.
No Brasil desde 1997, quando comprou o banco paranaense Bamerindus, o HSBC movimenta outros setores da economia curitibana, como o de tecnologia da informação (TI). Fruet admite o receio da prefeitura com a perda de receita e empregos. Segundo ele, os dirigentes da instituição financeira no Brasil sinalizaram com um processo de transição caso o banco seja vendido – total ou parcialmente.
“Eles me disseram que uma operação dessa natureza não se concretiza em menos de um ou dois anos. Isso dá tempo para avançarmos nas conversas”, avaliou o pedetista. “Além da questão financeira, temos projetos sociais, o evento de Natal na Rua das Flores, que é promovido pelo HSBC. Esse cenário gera todo tipo de apreensão”, acrescentou.
Santander e Bradesco
O Santander e o Bradesco despontam como principais candidatos à compra do HSBC no Brasil. Mas há também a possibilidade de negociação com grupos estrangeiros que ainda não atuam no país. Em busca de informações, Gustavo Fruet se encontra com representantes do sindicato dos bancários nesta quinta-feira (27) e vai ao encontro do presidente do Santander, Jesús Zabalza.
Os rumores sobre a saída do HSBC do Brasil ganharam força no mês passado, quando o jornal britânico Financial Times publicou que o banco considerava vender a operação de varejo e uma parte de seus investimentos no país como estratégia de se afastar de mercados emergentes. Presente em mais de 80 países, o HSBC é considerado o maior banco europeu em valor de mercado. Mas, em 2014, registrou seu lucro anual mais baixo dos últimos cinco anos.
Swissleaks
O banco está no epicentro do chamado Swissleaks e virou alvo de investigações em vários países por causa de transações irregulares de sua filial suíça, acusada de ajudar clientes de mais de 200 países a sonegar impostos. O valor estimado da sonegação, entre novembro de 2006 e março de 2007, é de 104 bilhões de euros.
O caso gerou uma CPI no Senado brasileiro e a abertura de investigações por parte da Receita Federal e do Ministério Público. A Receita identificou a existência de 5.581 contas, ativas e inativas, de brasileiros no HSBC da Suíça. Desse total, 1.702 apresentavam saldo total de aproximadamente US$ 5,4 bilhões em 2006. Os casos mais graves identificados pelo Fisco, Banco Central e pelo Coaf terão a investigação aprofundada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal.
Rumor confirmado
Em comunicado à imprensa na última sexta-feira (21), o banco admitiu que estudava a possibilidade de vender seus ativos no Brasil. “O HSBC confirma que está explorando diversas opções estratégicas para suas operações no Brasil, incluindo uma potencial venda”, afirmou. Mas ressaltou que nenhuma decisão havia sido tomada nem havia valor ou comprador em potencial.
No último dia 5, o presidente do HSBC no Brasil, André Guilherme Brandão, classificou como “rumores” a possibilidade de venda dos ativos do banco no país. “Não é a primeira vez que há rumores de que o HSBC deixaria o Brasil. Os últimos rumos se originaram a partir de um comentário do presidente-executivo do HSBC, Stuart Gulliver. O Brasil não teve resultados positivos recentemente e o HSBC avalia como reverter esse processo”, respondeu em depoimento na CPI do HSBC, comissão formada no Senado para apurar irregularidades nas contas mantidas por brasileiros na filial suíça do banco.
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