Fábio Góis
A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado (CRE) está reunida neste momento para discutir a situação do golpe de estado em Honduras, cujo mais recente desdobramento foi a chegada do presidente deposto, Manuel Zelaya, ontem (21), à embaixada brasileira naquele país. Depois da espécie de asilo concedido a Zelaya, o governo hondurenho – que tem apoio dos militares, da maioria no Congresso e do Judiciário – determinou toque de recolher e retirou a estrutura básica (água, luz, telefone) da embaixada. Conflitos entre correligionários do presidente hondurenho e a polícia da capital Tegucigalpa já foram registrados.
Exército cerca Embaixada do Brasil em Honduras
De acordo com a assessoria de imprensa da CRE, presidida por Eduardo Azeredo (PSDB-MG), “seguramente” haverá formalização de algum tipo de moção por parte dos senadores – todos os integrantes da comissão participam da audiência convocada extraordinariamente. Se, por um lado, governistas tentam reafirmar a isenção do Itamaraty e do governo brasileiro em relação ao episódio, oposicionistas insistem em apontar um suposto acobertamento do Brasil a Zelaya.
Com a permanência de Zelaya na embaixada brasileira, forma-se um impasse diplomático. O presidente Lula e o ministro das Relações Internacionais, Celso Amorim, já declararam que o Brasil não reconhece a legitimidade do governo provisório, capitaneado por Roberto Micheletti, que provocou rejeição internacional – a exemplo dos Estados Unidos, que invalidou o visto do presidente em exercício hondurenho.
Ao manter Zelaya na embaixada, que funciona com gerador movido a óleo diesel, o governo brasileiro pode ser acusado de interferir em assuntos de outro país, o que gera indisposição diplomática entre as nações. Além disso, a oposição na CRE também deve alegar a questão da soberania de Honduras, que estaria em risco com a ação de outros países acerca de um problema interno.
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