O ex-governador de Mato Grosso Dante de Oliveira (PSDB) foi enterrado ontem em Cuiabá, às 18h, com honras de chefe de Estado. O velório, realizado na Assembléia Legislativa, reuniu lideranças políticas de todo o país e de vários partidos. O autor da emenda das diretas morreu na noite de quinta-feira, vítima de infecção generalizada agravada por pneumonia, diabetes, complicações cardíacas e insuficiência renal. O governo estadual decretou luto oficial de três dias. Dante tinha 54 anos e era casado com a deputada Thelma de Oliveira (PSDB-MT).
O vice-presidente da República, José Alencar (PRB), representou o presidente Lula. Segundo Alencar, Dante tinha o nome intimamente ligado à democracia. Em mensagem de solidariedade à família do ex-governador e ex-deputado, Lula afirmou que a sociedade brasileira tem uma dívida de gratidão com o tucano, a quem chamou de "companheiro de luta". Segundo o presidente, embora a vontade do povo não tenha prevalecido e a emenda tenha sido rejeitada, a ousadia de Dante fortaleceu o movimento popular pela redemocratização do país.
O candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou compromissos de campanha para homenagear o colega de partido. "Dante teve um papel importante na redemocratização do Brasil. Quando ninguém acreditava nas eleições diretas, ele teve uma enorme perseverança, apresentando a emenda constitucional. Isso mobilizou a sociedade", disse o candidato, que foi ao velório, acompanhado do ex-prefeito de São Paulo José Serra.
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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não compareceu. Mas divulgou nota lamentando a morte, que, segundo ele, "causa pesar em todos aqueles que tomaram parte na oposição ao regime autoritário e na defesa da democracia".
Candidata ao governo de Mato Grosso e adversária política do ex-governador, a senadora petista Serys Slhessarenko disse que, apesar das divergências ideológicas, há consenso dentro do PT sobre o papel de Dante na emenda das Diretas.
No Senado, senadores se revezaram na tribuna para homenagear o ex-governador. Emocionado, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), leu voto de pesar pela morte de Dante e prestou solidariedade à família do político. O senador José Sarney (PMDB-AP) propôs e o plenário aprovou a realização de sessão especial em homenagem a Dante. O tucano foi ministro da Reforma Agrária de seu governo.
Desagravo
O velório foi marcado por desagravo da cúpula tucana ao ex-governador morto. Desde 2003, ele era acusado de ter tido a campanha de reeleição financiada em 1998, em esquema de caixa dois, por João Arcanjo Ribeiro, condenado por comandar o crime organizado em Mato Grosso e preso na cidade.
"Quem destratou Dante deve estar agora com vergonha", disse o ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB), também presente ao velório. Marconi não fez referência direta ao suposto financiamento de Arcanjo, que envolveria ao menos R$ 8,3 milhões em caixa dois. A Justiça determinou a abertura de inquérito, ainda em andamento. Não havia provas contra o ex-governador.
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