O presidente Lula elogiou hoje (20) os usineiros em visita à cidade de Mineiros, no interior de Goiás. No entanto, o Ministério do Trabalho avisa que vai intensificar a fiscalização sobre o setor do álcool para evitar casos de abusos contra os trabalhadores.
Lula elogiou a competitividade do setor brasileiro no mercado externo. “Os usineiros de cana, que há dez anos eram tidos como se fossem bandidos do agronegócio, estão virando heróis nacionais e mundiais. E por quê? Porque tem políticas sérias. E tem políticas sérias porque a gente quer ganhar o mercado externo”, afirmou.
A pasta do Trabalho, no entanto, quer elevar a fiscalização nas plantações de cana-de-açucar, já que a expansão da produção de álcool pode aumentar os abusos contra a legislação trabalhista. “Queremos elaborar um planejamento de fiscalização para o setor, que tenha ampla repercussão”, avisou o ministro Luiz Marinho.
De acordo com dados da União da Indústria da Cana-de-Açucar (Única), 10% de todos os trabalhadores vivem na informalidade. Atualmente, o número de cortadores chega a 160 mil, com salário médio de R$ 797.
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Lula prega equilíbrio nas relações comerciais
Em cerimônia de inauguração do Complexo Agroindustrial de Mineiros (GO), o presidente Lula defendeu hoje (20) o equilíbrio nas relações comerciais brasileiras. Segundo o presidente, o Brasil “precisa perceber que outros países também querem vender para nós”.
"Queriam tanto que a Rússia comprasse a nossa carne. Mas o que a gente compra deles?”, questionou Lula. Como exemplo, ele citou a importação de carros mexicanos pelo Brasil. "É importante comprar algo do México, porque temos um superávit na balança comercial de US$ 3 bilhões. Os mexicanos ficam doidos quando vêem a gente", disse.
O presidente também destacou a liderança do país na exportação de carne, mas alertou para eventuais riscos comerciais advindos dessa condição. "Quando a gente passa a exportar muito, surgem adversários. Pessoas tentam colocar cascas de banana no nosso caminho".
"O Brasil não é mais periferia na exportação de carne. Hoje, somos o maior exportador de carne do mundo", comemorou. O presidente ainda classificou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como "o programa com a maior seriedade da história" e disse que as reservas de US$ 100 bilhões "são a garantia que damos ao mundo que não se faz estupidez com a economia".
Segundo a Perdigão, proprietária do Complexo Agroindustrial de Mineiros, a unidade inaugurada hoje deve gerar cerca de 2 mil empregos diretos e mais de 8 mil indiretos nos próximos dois anos.
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Fortes: PAC deve beneficiar parcela mais pobre
O ministro das Cidades, Márcio Fortes, disse, em audiência pública na Câmara dos Deputados, que 96,3% do déficit de habitação no Brasil atinge pessoas com renda de até cinco salários mínimos. Por isso, explicou o ministro, os R$ 106,3 bilhões que o PAC vai destinar para a habitação até 2010 vão se concentrar no segmento.
A meta do governo com o PAC é atender 4,6 milhões famílias até 2010, o que não significa, frisou Fortes, que serão construídas 4,6 milhões novas unidades habitacionais. Na conta são incluídas, além das novas construções, melhoria e urbanização de casas já existentes. O ministro disse que habitação e saneamento são políticas pessoais do presidente Lula.
Sobre reclamações de que o PAC não inclui transporte urbano, o ministro disse que os setores envolvidos devem formular projetos para que, em um segundo momento do PAC, ele possa discutir com o presidente Lula a ampliação dos recursos investidos nessa área.
Turismo: Marta terá que negociar com antecessor
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) e futura ministra do Turismo, além de assumir uma pasta considerada de segundo escalão e não poder contar com a desejada incorporação da Infraero, também não terá o controle total dos recursos. Ela vai herdar um orçamento feito pelo antecessor, Walfrido dos Mares Guia, que assumirá as Relações Institucionais.
De acordo com matéria publicada na edição de hoje (20) do jornal O Estado de S.Paulo, para liberar parte dos recursos do ministério, Marta terá que negociar com Mares Guia, que será o responsável por articular o pagamento de emendas parlamentares com a equipe econômica e o Congresso.
Segundo dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), o governo reservou R$ 703 milhões para o Turismo. Mas, na votação do Orçamento no Congresso, Walfrido dos Mares Guia conseguiu elevar a verba para R$ 1,8 bilhão. Para o programa de apoio a projetos de infra-estrutura na área do turismo, Mares Guia elevou as dotações de R$ 23,5 milhões para R$ 1,02 bilhão. O ministro também aumentou o orçamento da pasta com emendas subscritas de parlamentares (R$ 650 milhões) e emendas aprovadas em comissões (R$ 370 milhões).
Orçamento
Com o aumento da participação do PMDB no segundo mandato do governo Lula, de dois para cinco ministérios, a legenda supera o PT e passará agora a controlar o maior orçamento da União. Com as pastas das Comunicações, Minas e Energia, Integração Nacional, Saúde e Agricultura, o partido comandará R$ 37,4 bilhões (44%). O PMDB foi o principal ponte para o governo formar a coalização.
O PT, partido do presidente Lula, ficou em segundo lugar, e vai controlar 39,55%. Juntos, PT e PMDB vão comandar 84% do Orçamento, ou seja, R$ 71,1 bilhões – fora os recursos das estatais que os partidos administram. As informações são do jornal Valor Econômico.
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