Eduardo Militão
Diálogos telefônicos entre o sócio do Banco Opportunity, Arthur de Carvalho, e Guilherme Sodré – apontado pela Polícia Federal como um lobista – mostram os dois discutindo uma atuação conflituosa para o senador Heráclito Fortes (DEM-PI).
Carvalho liga para Sodré reclamando da atuação de Heráclito, a favor de uma emenda de Kátia Abreu (DEM-PI) que facilitaria a atuação dos portos privados – o que contrariava os interesses do grupo de Daniel Dantas. “Ele vai votar contra a gente, cara?”, pergunta o sócio do Opportunity, em um trecho da transcrição do grampo telefônico, feito na noite de 27 de maio deste ano.
Mas Sodré explica que o parlamentar apenas cumpria ordens do partido. “Eu to lhe dizendo que eu não acredito que ele fez exatamente assim, ele não é uma pessoa irresponsável…”, responde. E continua, mais à frente: “Mas me disse que a Kátia tava arregimentando votos… a posição é do Democratas”.
Em entrevista ao Congresso em Foco ontem (16), o senador negou ter apoiado a emenda contra suas convicções pessoais. “Fui favorável à emenda da Kátia porque eu quis e não por ordem do partido”, disse Heráclito.
Apesar da amizade com Sodré, Heráclito nega que esteja a serviço dos interesses do grupo de Daniel Dantas. “Se eu atendi o interesse do partido e não do Opportunity, é sinal de que eu não sou tão forte assim.” O senador reclama que o relatório da Polícia Federal é “uma maluquice”.
O suposto lobista Sodré diz a Carvalho que conversou por telefone com o senador sobre o imbróglio supostamente vivido pelo parlamentar e pelo grupo do Opportunity, que controla o terminal portuário Santos Brasil. “Ele não é uma pessoa irresponsável… é amigo, tá certo, me ligou hoje preocupado com a situação que a gente ta vivendo…”, disse.
Em entrevista, o senador nega que tenha telefonado para Sodré. “Eu não tenho responsabilidade sobre o que o Guilherme diz. Eu não fiz essa ligação”, resumiu Heráclito.
R$ 2 milhões
Na conversa, Carvalho diz a Sodré que “ela” recebeu R$ 2 milhões da construtora OAS. Em resposta, o suposto lobista afirma que comunicou o fato a Heráclito. “Eu sei, eu disse a ele isso no telefone amigo, eu digo eu não posso competir com a OAS, pronto…”
Mas, ao Congresso em Foco, Heráclito negou que Sodré tivesse se referindo à sua pessoa. “Esse ‘a ele’ não sou eu. A mim nada foi dito. Eu não poderia saber de um assunto dessa gravidade e ficar calado”, afirmou o parlamentar.
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