Sylvio Costa
Com perfis que vão da esquerda radical à direita intervencionista, grupos fortalecidos a partir dos protestos de 2013 se preparam para disputar espaços de poder que confrontaram na rede e nas ruas. Enquanto o Movimento Passe Livre (MPL), a organização que acendeu a fagulha de 2013, permanece longe da luta partidária, vários outros movimentos que ganharam força desde então vão lançar centenas de nomes nas eleições de outubro. O assunto é reportagem de capa da nova edição da Revista Congresso em Foco.
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Alguns desses nomes desde o início do ano passam por uma qualificação a cargo do RenovaBR, uma espécie de aceleradora de talentos políticos. Criado em outubro de 2017 pelo empresário Eduardo Mufarej, o RenovaBR selecionou 130 novas lideranças, dentre mais de 4 mil candidatos, de diferentes cidades do país. Nem todas elas vão disputar eleição, mas todas estão envolvidas em algum projeto de renovação do sistema político.
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Os escolhidos, que recebem bolsa mensal de até R$ 12 mil, são desde pessoas sem filiação partidária até membros de partidos que vão da direita democrática à centro-esquerda. A abrangência é ampla o bastante para incluir gente do DEM e da Rede, mas deixa de fora as extremidades do espectro ideológico.
O Psol proibiu seus integrantes de entrar no programa, que tratou como uma interferência indevida do poder econômico no processo político. Bolsonaristas e ativistas menos comprometidos com a defesa de valores democráticos foram simplesmente descartados pelo RenovaBR, que tem o apoio do apresentador de TV Luciano Huck e do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.
Kim Kataguiri e Sâmia Bomfim estão entre as lideranças surgidas no pós-2013, em extremos opostos. Ele tem 22 anos e é um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), que ajudou a impulsionar as manifestações pró-impeachment e hoje é um dos grupos políticos de maior alcance e eficiência no uso de mídias sociais.
O MBL nasceu como movimento liberal, mas tem se dedicado prioritariamente a pautas nada liberais. Entre elas, a bem-sucedida campanha para censurar uma exposição de arte patrocinada pelo banco Santander (“Queermuseu”), na qual seus ativistas viram uma violenta ameaça à moral e aos bons costumes.
Pré-candidato a deputado federal pelo DEM, Kim figurou na lista dos 30 jovens mais influentes do mundo, em 2015, em ranking da revista Time. Suas prioridades como deputado incluem a defesa de privatizações e do voto distrital, que, no seu entender, pode inibir a corrupção e a força do dinheiro na campanha eleitoral. Em 2016, o MBL apoiou 45 candidatos, dos quais oito se elegeram.
Kataguiri sabe que as redes sociais ainda não têm impacto equivalente ao de veículos como rádio e TV, mas ressalta que elas tiveram papel fundamental na eleição dos prefeitos tucanos João Doria, em São Paulo, e Nelson Marchezan Junior, em Porto Alegre, ambos apoiados pelo MBL.
“A imprensa tradicional perdeu o monopólio da informação”, sentencia Kim, cujo grupo político apoiará o empresário Flávio Rocha (PRB), dono do grupo Riachuelo, para o Palácio do Planalto.
Sâmia é feminista, tem 28 anos e há dois elegeu-se como a mais jovem vereadora da cidade de São Paulo, pelo Psol. Sua vitória eleitoral foi também a vitória da Bancada Ativista, uma forma nova de fazer política, que ficou conhecida como mandato coletivo ou colaborativo.
Primeiro, agruparam-se militantes de causas sociais, econômicas, políticas e ambientais. Definidas as prioridades por meio de debate, o grupo apoiou oito candidaturas para a Câmara de São Paulo, disputando pela Rede e pelo Psol. Apenas Sâmia foi eleita, mas o seu mandato é conduzido de modo coletivo.
A experiência dará novos frutos em 2018. A Bancada Ativista lançará um gabinete inteiro para a Assembleia Legislativa de São Paulo. O nome que estará na urna, do Psol, será escolhido de um grupo de nove pessoas, incluindo feministas, negros e representantes da periferia e da população LGBTI. “Se existem as bancadas da bala, da Bíblia e do boi, por que não existir a bancada dos ativistas?”, provoca Sâmia.
A Rede fará algo parecido com o Conjunto 18. Não é só uma alusão ao número da Rede e do ano da eleição. Dezoito será também o número aproximado de militantes do partido, ativistas independentes e membros do PSB que se juntarão para fazer campanha coletiva para o Senado, também em São Paulo.
Em vários estados, haverá candidatos independentes que, se eleitos, terão total liberdade de decisão, inclusive para contrariar o comando partidário. Quatro legendas testarão a fórmula – Rede, Psol, PPS e PSB. Os novos formatos de participação política também chegaram à cidade de Alto Paraíso (GO), onde cinco pessoas exercem coletivamente e com viés “eco-político” o mandato para o qual se elegeu vereador em 2016 o advogado João Yuji (PTN), que abriu mão do salário pago pela Câmara.
Em Minas, as vereadoras Áurea Carolina e Cida Falabella, eleitas pelo Psol em Belo Horizonte (MG), integram o grupo Muitas. Em 2016, eram 12 candidatos à Câmara Municipal pedindo voto para todos os 12. Quem perdeu a eleição participa do mandato coletivo de Áurea e Cida. Agora em 2018, o grupo repetirá a empreitada, buscando um mandato participativo para a Câmara dos Deputados.
Sociedade x sistema político
A emergência de novos movimentos e formas de fazer política é uma tentativa de criar pontes entre uma sociedade que evoluiu e um sistema político que envelheceu. Filhas da revolução tecnológica que trouxe a internet e as redes sociais, as jovens gerações também foram impactadas por mudanças sociais que lhes proporcionaram – pelo menos até começar a atual crise econômica – maior acesso à educação.
Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 14% dos adultos brasileiros tinham curso superior completo ou incompleto em 2016. O índice era bem menor que a média de 35% verificada nos mais de 40 países analisados. Ainda assim, representava o triplo do número de pessoas com acesso ao ensino superior uma década e meia antes.
Hoje, 125 milhões de brasileiros são usuários do WhatsApp e 120 milhões são ativos no Facebook, conforme informação da própria empresa. As transformações ocorridas, avalia o cientista político Ricardo de João Braga, não foram correspondidas pela desejável oxigenação do sistema político.
Para ele, a ascensão de novos grupos deve-se também à fragilização do eixo PT-PSDB, em torno do qual se polarizou a política brasileira nos últimos 20 anos, e à degradação da estrutura partidária, corroída pelo fisiologismo e pela corrupção.
“Os novos movimentos estão ligados a uma mudança de valores, geracional, inclusive tecnológica”, acrescenta. “A sociedade e a forma de fazer política estão mudando. Não adianta querer voltar no tempo, com soluções de 40 anos atrás. Não vai funcionar.” A economia, que mergulhou na recessão com Dilma e continua mal com Michel Temer, é outra importante parte do contexto em que se desenvolvem as novas expressões políticas da sociedade. A inflação diminuiu, é verdade, mas o desemprego não. No primeiro trimestre de 2018, ele passou de 13%, informou o IBGE.
Os jovens são os maiores prejudicados. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a maioria dos desempregados com idade entre 18 e 24 anos leva mais de um ano para conseguir trabalho.
Mas o ambiente de crise e de insatisfação, associado às novas possibilidades tecnológicas, nem de longe pode ser visto como promessa de dias melhores. O engajamento digital, pensa Ricardo Braga, pode embutir armadilhas, como o exercício reativo e simplório da atividade política e a adoção do discurso de negação da política, que abre espaço para a proliferação de candidatos aventureiros e populistas.
“Esses movimentos, até agora, parecem entregar muito mais agitação que solução. Em termos estruturais, a política continua se degradando em todas as democracias do mundo. No Brasil, talvez, em grau mais acentuado”, diz.
A socióloga Débora Messenberg, professora da Universidade de Brasília (UnB), aponta outro efeito da crise de representatividade; o desinteresse da juventude pela política. Logo após as manifestações de 2013, ela realizou pesquisa com estudantes da UnB para medir até onde pode ir esse sentimento e se assustou com o resultado. “Eu já sabia que não era grande a participação da juventude, mas foi uma surpresa”, revela.
Nada menos que 87% dos entrevistados jamais haviam tido qualquer experiência de participação política. “O Parlamento é uma instituição do século 18, precisa se adequar às novas demandas, assim como os partidos políticos, os sindicatos. A juventude de hoje procura outras formas de representatividade, como os coletivos. São formas mais rápidas, mais dinâmicas e mais focadas em pautas específicas”, constata.
O poder resiste
A preocupação é compartilhada pelo filósofo e psicanalista Guilherme Boulos, 36 anos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato à Presidência da República pelo Psol. Para ele, que se destacou no pós-2013 ao liderar manifestações contra o impeachment de Dilma e contra a prisão de Lula, alguns dos movimentos ditos novos vendem gato por lebre.
“O sistema político está falido e é natural que surjam movimentos de renovação. Mas renovação não pode ser apenas colocar roupa nova no velho, e alguns movimentos representam exatamente isso”, opina.
Na outra ponta do leque ideológico, o empresário e ex-banqueiro João Amoêdo, 55 anos, lidera o Partido Novo, que obteve registro em 2015 e pelo qual se lançará à Presidência da República. “Somos um movimento iniciado por cidadãos insatisfeitos com o montante de impostos pagos e a qualidade dos serviços públicos recebidos”, define.
De ideologia liberal, tanto na economia quanto nos costumes, Amoêdo rechaça a ideia de que o Novo represente a elite financeira e destaca: “Somos o único partido com processo seletivo para candidatos e o único que não usa o dinheiro do fundo partidário para o seu sustento. Nossa premissa é a renovação dos quadros políticos, é proibida mais de uma reeleição para o mesmo cargo”.
Disputará o governo de São Paulo pelo Partido Novo o também empresário Rogério Chequer, principal dirigente do Vem Pra Rua, que dividiu com o MBL o protagonismo das manifestações pelo fim do governo Dilma. Outro grupo ativo nos atos pró-impeachment foi o Movimento Endireita Brasil (MEB), que tem como líder máximo o advogado Ricardo Salles, 42 anos, que foi secretário particular e secretário de Meio Ambiente do ex-governador paulista e pré-candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB).
Não cita o ex-chefe, entretanto, ao falar de “lideranças que representam quebra de paradigmas”. Seria o caso, no seu entender, de João Amoêdo, Flávio Rocha e Jair Bolsonaro (PSL). “A sociedade está cansada dos velhos políticos”, afirma. Quanto à organização que lidera, ele a apresenta como uma “nova direita, moderna nas propostas e conservadora nos princípios”. Defende, por exemplo, a proibição do aborto e maior rigor contra as drogas.
Na banda esquerda atua o Nós, criado em 2017. Sua proposta, explica a advogada e militante de direitos humanos Sheila de Carvalho, 27 anos, é reestruturar o Legislativo com candidaturas que enfrentem as desigualdades e levem ao Parlamento representantes de grupos sociais atualmente pouco ou nada representados.
“Nossas candidaturas vão ser de partidos que enfrentaram o golpe de 2016”, anuncia. “A gente deve sair com dez candidaturas no Brasil – pessoas das classes populares, mulheres, negros, LGBTIs, representantes de povos e comunidades tradicionais e outras diversidades não contempladas nas casas de representação política”, elenca.
Em linha semelhante trafega a Frente Favela Brasil (FFB), que procura dar protagonismo político a negros e moradores das periferias urbanas. Ainda sem registro no TSE, o partido quer lançar 97 candidatos às eleições deste ano, distribuídos em quatro legendas: PCdoB, Rede, Psol e PDT.
Um desses outsiders é o diretor de teatro, cinema e TV Anderson Luiz Alves de Oliveira, o Anderson Quack, co-fundador do FFB e da Central Única das Favelas (Cufa). Pré-candidato a deputado federal pelo Psol do Rio, Anderson, 40 anos, acredita que o atual sistema político prioriza a manutenção de oligarquias no poder.
Alguns movimentos tentam se descolar das polaridades direita/esquerda ou petismo/antipetismo, enfatizando a renovação de quadros e a mudança das práticas políticas. É o caso do Acredito, criado em 2017. “Estamos mais preocupados em ser propositivos”, diz Tabata Amaral, uma das fundadoras e provável candidata a deputada federal pelo PDT.
A jovem de 24 anos, nascida na periferia de São Paulo e graduada em Ciências Políticas e Astrofísica na Universidade de Harvard (EUA), fez da educação a sua principal bandeira.
O Agora!, fundado em 2016, atua com perspectiva semelhante, apresentando-se como movimento independente “de centro expandido”, nas palavras de um de seus fundadores, Humberto Laudares, 38 anos, especialista em políticas públicas. Ele não viu qualquer renovação na eleição de João Doria em São Paulo (“o cara pratica a política mais velha possível”) e é pragmático: A transformação não virá com a política de internet, mas com a política de fato, no Congresso.”
Sejam de direita ou de esquerda, os filhos de 2013 sabem que o mundo real continua a favorecer os políticos tradicionais. Apoiados nas máquinas dos partidos — que este ano terão fundos públicos superiores a R$ 2,6 bilhões — ou de governos, igrejas, de oligarquias e de corporações, o status quo será beneficiado ainda por uma legislação que encurtou a campanha eleitoral de 90 para 45 dias.
Tudo para manter no poder quem resiste contra as mudanças. Poucos novatos comprometidos de fato com a renovação passarão pelo funil que restringe a representatividade no país. Mas a eles caberá dar os primeiros passos para modificar por dentro um sistema político que até aqui as novas forças sociais só conseguiram pressionar do lado de fora.
O que eles pensam
Eles [grupos de direita] praticaram estelionato. Venderam a ideia de que o impeachment era para acabar com a corrupção e tirar-nos da crise econômica. Passaram-se dois anos, temos uma máfia no comando e um cenário de crise profunda, com desemprego alto e renda baixa.
— Guilherme Boulos, 35 anos, psicanalista, professor e escritor. Coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) pré-candidato à Presidência (Psol).
Os lugares do mundo onde as coisas funcionam melhor, com mais qualidade de vida, renda per capita maior, são os países onde há mais liberdade econômica, e não os que concentram poder nas mãos do Estado. Daí nossa proposta para o Novo: um partido liberal na economia, que defende o indivíduo como agente de mudanças e único criador de riquezas.
— João Amoêdo 55 anos, empresário, engenheiro e administrador. Ex-vice-presidente do Unibanco e ex-conselheiro do Itaú-BBA, é pré-candidato à Presidência (Partido Novo).
Em 2016, eram poucos os movimentos que se apresentavam desta forma. Tinha a Bancada Ativista, aqui em São Paulo, teve o Muitas, por exemplo, em Belo Horizonte, mas eu vejo que por parte de alguns partidos da direita, por exemplo, não tinham ainda esse signo de pensar em movimentos jovens. Agora é generalizado.
— Sâmia Bomfim 28 anos, bacharel em Letras, servidora pública e vereadora de São Paulo pelo Psol. Feminista, fundadora do coletivo Juntas! e integrante da Bancada Ativista.
O MBL foi criado para traduzir e simplificar liberalismo e conservadorismo e transmitir a mensagem ao maior número possível de pessoas. Nosso foco é transmitir a mensagem.
— Kim Kataguiri 22 anos, estudante de Direito. Co-fundador e coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL). Pré-candidato a deputado federal (DEM).
A sociedade brasileira cansou dessa pauta de esquerda que vigorou no Brasil nos últimos 20 anos, nos governos do PSDB e do PT. Também cansou dos velhos políticos. A sociedade quer algo novo, diferente, uma nova postura.
— Ricardo Salles 42 anos, administrador e advogado. Foi secretário particular do governador Geraldo Alckmin e secretário estadual do Meio Ambiente. É fundador do Endireita Brasil.
Renovação política exige cuidado na escuta do outro. E uma das nossas linhas principais é a construção coletiva. Não precisamos fazer a construção só com os partidos. Podemos fomentar novas formas de fazer política, mais voltadas para os lugares que ocupamos.
— Sheila de Carvalho 27 anos, advogada militante na área de Direitos Humanos. Integrante do Movimento Nós.
Precisamos incidir em políticas públicas de maior eficácia, para uma população de pretos e favelados que não está Congresso Nacional. Apenas 4% dos parlamentares se declaram negros, e nem metade deles luta pelas causas dos negros.
— Anderson Quack 40 anos, diretor de teatro, cinema e televisão
Co-fundador da Cufa (Central Única das Favelas) e do partido Frente Favela Brasil. É pré-candidato a deputado federal (Psol)
Esta é uma classificação muito antiga, não serve mais para pensar os problemas do Brasil. Temos posicionamentos muito firmes, mas depende de cada área. Em algumas estamos mais à esquerda, em outras mais à direita. Estamos mais preocupados em ir para a frente, em sermos propositivos.
— Tabata Amaral 24 anos, graduada em Ciências Políticas e Astrofísica na Universidade de Harvard. Co-fundadora do Mapa Educação e do Movimento Acredito
O Agora! é um movimento pós-impeachment que reúne pessoas de diferentes setores. O espírito do Agora! é formar uma agenda de transformação do Brasil em conjunto com a sociedade em torno de ideias e diálogo. É assim que a gente quer ser percebido e atuar politicamente.
— Humberto Laudares 38 anos, especialista em políticas públicas e desenvolvimento internacional. PhD em Economia e co-fundador do movimento Agora!
Quanto excrescência a vista,a direita está desesperada,vão perder seus privilégios cedo ou tarde,a população não suporta mais as migalhas que os poderosos jogam pra trás!
Exato, isilda. Não suportamos mais esse modelo carcomido, cheio de políticos ratazanas de esgoto. O lamento maior é que existe ainda uma maioria de votantes que negociam seu voto por qualquer porcaria ou necessidade imediata e isso tem nome chama-se corrupção, ora o eleito ou infelizmente reeleito, não tem como ser diferente, continuaremos a ver mais do mesmo mudando só a cor. O nosso dever cívico é enxotar todos, e jamais votar em parente de político até o 3º grau.Renovação total!.