Cerca de 300 militantes do movimento negro, procedentes de vários estados do país, fizeram hoje manifestação em favor das cotas raciais nas universidades federais, informa a Agência Brasil. O projeto, aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, está na pauta de votações do Plenário da Casa.
A manifestação ocorreu em Salvador, durante a 2ª Conferência de Intelectuais da África e da Diáspora. Com uma faixa dizendo “Contra as cotas, só racista”, eles entraram no auditório onde se realizava o evento e foram aplaudidos de pé pelos participantes da conferência.
O grupo leu um documento, elaborado por representantes do movimento negro, que pede a aprovação tanto da lei das cotas quanto do Estatuto da Igualdade Racial. Os militantes defendem ainda a criação do Dia Nacional em Defesa das Cotas Raciais, a ser celebrado em 18 de agosto.
Pouco antes da manifestação, a cantora Leci Brandão, que participava dos debates, pediu ao ministro da Cultura, Gilberto Gil, que defendesse junto ao Congresso Nacional a aprovação das cotas raciais.
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A proposta consta do Projeto de Lei 73/1999, da deputada Nice Lobão (PFL-MA), que prevê a reserva de vagas em universidades e escolas técnicas federais para estudantes de escolas públicas, negros e indígenas.
Integração com a África
O documento final resultante da conferência, a “Declaração de Salvador”, propõe que o governo brasileiro e a União Africana, organizadores do encontro, criem o Centro Internacional da África e da Diáspora. Segundo a Agência Brasil, “o órgão deverá funcionar como ponto de referência para ampliar a cooperação entre as organizações e instituições acadêmicas, intelectuais e artísticas da África e dos países com afrodescendentes, os chamados países da diáspora”.
O objetivo do centro é manter um diálogo permanente entre os intelectuais da África e das “nações da diáspora”, além de promover encontros culturais, desenvolver projetos científicos e realizar manifestações artísticas.
Segundo o embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, coordenador internacional da conferência, o evento levará à ampliação das relações políticas entre Brasil e África. “Com o encontro, o Brasil acelera, amplia as suas relações com a África, em particular com a organização política principal do continente, que é a União Africana. Para a preparação dessa conferência tivemos como parceiro principal a Comissão da União Africana e isso abre um tipo de relacionamento que não havia antes nesse nível”, afirmou.
A conferência, iniciada na terça-feira, reuniu mais de 2 mil pessoas – 280 delas vindas da África – e contou com a participação de Lula e dos presidentes de Botsuana (Festus Mogae), Cabo Verde (Pedro Pires), Guiné Equatorial (Obiang Nguema), Gana (John Kufuor) e Senegal (Abdoulaye Wade), da primeira-ministra da Jamaica (Portia Simpson-Miller), do vice-presidente da Tanzânia (Ali Mohammed Shein) e do presidente da Comissão da União Africana (Alpha Oumar Konare).
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