Sônia Mossri |
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou para valer na sucessão dos presidentes da Câmara e do Senado. A aparente neutralidade de Lula esconde a decisão de evitar a todo custo que o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), seja o sucessor do atual presidente da casa, José Sarney (PMDB-AP). Como boa parte do PT, Lula avalia que o governo teria muita dor de cabeça com Renan na presidência do Senado. O preço político seria maior do que, por exemplo, o período de Sarney na presidência da casa. No Palácio do Planalto, o único aliado de Renan é o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. Renan Calheiros na presidência do Senado implicaria no fortalecimento de um PMDB que deseja cargos estratégicos no governo Lula e não apenas ministérios onde nem mesmo os respectivos ministros têm poder de ação efetiva – situação vivida hoje por Amir Lando na Previdência e Eunício Oliveira nas Comunicações. Leia também Pelo raciocínio do Palácio do Planalto, Renan na presidência do Senado teria poder de fogo para exigir de fato um governo de coalizão, que pressupõe participação nas decisões de governo dos partidos da aliança. Isso é tudo que o presidente Lula não deseja, muito menos o PT. Por isso, o Palácio do Planalto espera seduzir Renan oferecendo-lhe o Ministério das Cidades com um polpudo orçamento em 2005. A pasta ocupada hoje por Olívio Dutra terá quase R$ 2 bilhões para projetos em municípios. Seria o ministério dos sonhos de qualquer candidato a governador. "Não adianta. Não quero nenhum ministério. Já fui ministro. Vou nisso até o fim", disse Renan ao Congresso em Foco sobre o prêmio de consolação que ganharia para deixar a presidência do Senado de lado. O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, é certamente o maior adversário de Renan no governo. Para ele, Renan é pouco confiável e não possui postura mais conciliadora que a de Sarney. O problema do governo é que Sarney está magoado e ressentido com o Palácio do Planalto por causa do desgaste político sofrido na tentativa de assegurar o direito de concorrer à reeleição ao lado do presidente da Câmara, João Paulo (PT-SP). A senadora Roseana Sarney (PFL-MA) tem dito a colegas que “papai foi traído” pelo governo. Para a filha, o pai Sarney tinha direito e merecia a reeleição. Esse é o mesmo sentimento do pai. |
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