Em seu programa semanal de rádio, a presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (6) que pretende incluir 800 mil famílias no Bolsa Família até o final de seu governo, em 2014. A expansão no número de beneficiários, segundo ela, faz parte das metas do Brasil sem miséria, programa de combate à miséria lançado semana passada. Com ele, o governo espera tirar da miséria 16 milhões de brasileiros que vivem com renda per capita inferior a R$ 70 e sem acesso a serviços de esgoto e água.
Nós vamos fazer o que chamamos de busca ativa. Que é o seguinte: ao invés das pessoas correrem atrás do Estado para serem atendidas, dessa vez não, Luciano, o Estado vai correr até elas. Nós, por exemplo, temos informações recentes do censo do IBGE, de famílias que precisam do Bolsa Família, mas que ainda não recebem o que têm direito, declarou.
Uma das principais promessas de campanha de Dilma, o Brasil sem miséria prevê a ampliação do Bolsa Família, a criação do Bolsa Verde, a capacitação de trabalhadores e a construção de cisternas.
De acordo com dados preliminares do Censo 2010, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 11,4 milhões de brasileiros vivem com renda de até R$ 70 per capita por mês. E, pelo menos 4,8 milhões de pessoas não têm banheiro exclusivo nem acesso à rede de esgoto e água.
Leia a íntegra do Café com a Presidenta:
Apresentador: Olá, eu sou o Luciano Seixas e a partir de agora você acompanha o Café com a presidenta, o nosso encontro semanal com a presidenta Dilma Rousseff. Bom dia, presidenta!
Presidenta: Bom dia, Luciano! Bom dia a todos os nossos ouvintes.
Apresentador: Presidenta, a senhora está lançando um dos programas mais importantes do seu governo: o Plano Brasil sem Miséria, que pretende tirar mais de 16 milhões de pessoas da extrema pobreza. Como é que o governo vai enfrentar esse desafio?
Presidenta: Olha, Luciano, nós vamos enfrentar a extrema pobreza com muita determinação. Porque o Brasil só será um país verdadeiramente rico quando todos os brasileiros tiverem uma boa qualidade de vida e renda para sustentar a si e a sua família. Precisamos incorporar esses 16 milhões de brasileiros. Nos últimos anos, no governo Lula, do qual fiz parte, tivemos um enorme avanço ao tirar 28 milhões da pobreza extrema e elevar 36 milhões às classes médias. Mas, Luciano, precisamos ir além e avançar mais.
Apresentador: E como chegar aos mais pobres, presidenta?
Presidenta: Sabe, Luciano, nós vamos fazer o que chamamos de busca ativa. Que é o seguinte: ao invés das pessoas correrem atrás do Estado para serem atendidas, dessa vez não, Luciano, o Estado vai correr até elas. Nós, por exemplo, temos informações recentes do censo do IBGE, de famílias que precisam do Bolsa Família, mas que ainda não recebem o que têm direito. A partir de agora, equipes de profissionais vão localizar, cadastrar e incluir nos programas do Bolsa Família, por exemplo, essas famílias que estão em situação de pobreza extrema para que elas possam ter uma renda. Nosso cálculo é que nessa busca ativa vamos encontrar e incluir no Bolsa Família, mais ou menos, 800 mil famílias até o ano de 2014.
Apresentador: Elas vão entrar num Bolsa Família reformulado. Quais são as mudanças?
Presidenta: Ah, Luciano, são muitas. Nós sabemos que a maioria das pessoas que vive na extrema pobreza, 40% delas, são meninas e meninos de até 14 anos. Por isso vamos ampliar o Bolsa Família. Antes, cada família recebia por até três filhos de zero a 15 anos. Agora estamos passando esse limite de três para cinco filhos, na faixa de zero a 15 anos o que deve atender mais 1,3 milhões de crianças. Mas não é só isso, não, Luciano. Pobreza também tem a ver com falta de oportunidade de trabalho, por isso o Plano Brasil sem Miséria é amplo.
Apresentador: Pois é, o Brasil sem Miséria enfrenta a pobreza extrema por três frentes: garantia de renda, acesso aos serviços públicos e inclusão produtiva. O que é inclusão produtiva, presidenta?
Presidenta: Inclusão produtiva é direito de ter um trabalho ou de ser um pequeno empreendedor, ou ainda de ser um produtor rural, um agricultor familiar. E a nossa ideia é dar condições para que as famílias muito pobres possam conquistar um trabalho ou até virar um microempreendedor. Quando nós falamos de inclusão produtiva, estamos falando de oportunidade de emprego e de qualificação profissional, de melhorar a vida das pessoas na cidade e no campo.
Apresentador: O governo vai dar tratamento diferenciado ao agricultor ou trabalhador rural e ao trabalhador das cidades?
Presidenta: Ah, isso é claro, Luciano! O trabalhador ou o agricultor do campo tem necessidades diferentes do trabalhador da cidade. Só vamos resolver os problemas da extrema pobreza se olharmos para essas realidades diferentes e buscarmos soluções diferentes. No campo, vamos oferecer assistência técnica aos agricultores familiares, aos ribeirinhos, aos extrativistas, além de recursos para que ele possa melhorar a sua produção. Também vamos viabilizar acesso à água, luz elétrica e sementes, além de ações para ajudá-los a vender o que produzirem. O que é muito importante, porque isso gera renda e recursos para as famílias do campo.
Apresentador: E na cidade? A gente sabe que emprego tem, mas falta mão de obra qualificada.
Presidenta: É verdade, Luciano. Nos últimos anos, a economia cresceu e a oferta de emprego aumentou muito. Nós queremos que os muito pobres também possam ter acesso a essas novas oportunidades. Mas, para isso, eles precisam se capacitar, aprender uma profissão. Vamos levar qualificação profissional a 1,7 milhões de pessoas, e vamos dar a elas a oportunidade de um emprego. Depois de capacitadas, nós vamos ajudá-las a conseguir uma vaga no mercado de trabalho ou incentivá-las a abrir o seu próprio negócio, como empreendedores individuais ou cooperativas.
Apresentador: Presidenta, chegamos ao fim do nosso programa e ainda temos muitas perguntas a fazer sobre o Brasil sem Miséria. Podemos continuar falando disso na próxima semana?
Presidenta: Podemos e devemos, Luciano. Eu gosto muito de repetir: nos últimos anos o Brasil cresceu, porque milhões saíram da pobreza extrema. Já imaginou, Luciano, o que vai acontecer com o Brasil, quando acabarmos com a pobreza extrema?
Apresentador: Vai ser muito bom, hein, presidenta! Então fica marcado, semana que vem voltamos com outras informações sobre o Plano Brasil sem Miséria. Até lá!
Presidenta: Até a semana que vem, Luciano. Tchau!
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