Os investigados pela Operação Lava Jato se beneficiam de medidas aprovadas pelo governo, como as mudanças nas regras de leniência e a repatriação de recursos ilegais no exterior. É o que aponta o procurador da força-tarefa, Carlos Fernando dos Santos Lima, em entrevista ao jornal O Globo. Para ele, há o “dedo do governo” na edição dessas medidas.
A MP 703, sancionada pela presidente Dilma em dezembro, alterou as regras de acordos de leniência e ampliou o leque de órgãos que podem celebrar os acordos, incluindo a Advocacia Geral da União e o Ministério Público. Já a lei da repatriação permite trazer recursos para o Brasil mediante o pagamento de multa.
“A urgência da MP da leniência só existe para evitar a aplicação de inidoneidade contra as empreiteiras. Elas têm muito a falar sobre o próprio governo. Portanto, tem dedo do governo tanto na repatriação, quanto nessa MP. E pior, nós já sentimos no Congresso uma tentativa de estender isso aí para uma anistia. A repatriação já tem uma anistia incluída nela, e o governo está tentando incluir uma anistia de corrupção”, avalia o procurador.
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Carlos também rebateu a fala de Dilma, que declarou na última sexta-feira (22) que “há pontos fora da curva” na investigação “que têm de ser colocados dentro da curva”. A presidente criticou os questionamentos baseados no “diz que me diz” durante os interrogatórios. Para o procurador, a operação pode sim ser considerada um ponto fora da curva uma vez que indica o “caminho da punição para quem cometeu crimes”.
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