O governo Lula privilegiou em 2005 governadores aliados com a liberação de verbas de investimento federal aplicadas por meio de convênios com os estados. Segundo reportagem publicada na edição de hoje da Folha de S. Paulo, do total de R$ 1,4 bilhão destinado a esse fim, 16,7% foram para as três unidades da Federação governadas por petistas, apesar de esses estados reunirem apenas 3,2% da população do país.
Dados do Siafi (sistema do Tesouro Nacional de acompanhamento dos gastos federais) mostram que o Acre de Jorge Viana, um dos petistas mais próximos de Lula e cotado para coordenar sua provável campanha à reeleição, recebeu em seu caixa R$ 110 milhões em 2005, que é o segundo maior valor entre os estados.
O montante supera tudo aquilo destinado a São Paulo – que tem uma população quase 60 vezes maior –, beneficiado com R$ 84 milhões, e cujo governador, Geraldo Alckmin (PSDB), poderá vir a ser o principal adversário de Lula na corrida pela reeleição, observa a Folha.
Na comparação entre a verba transferida e a população, o Acre lidera o ranking, com liberação proporcional de R$ 164,18 por habitante em 2005. Viana diz que a maior parte do valor foi usada na manutenção de rodovias federais sob tutela do estado e que isso ocorre desde a gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
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O Piauí, do petista Wellington Dias, é o estado com o terceiro maior volume de recursos liberados, R$ 92 milhões, e o quinto na comparação com a população – R$ 30,63 por habitante.
“É a inversão de prioridades do governo Lula, que embora ainda não tenha aprovado a recriação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), na prática já está realizando a política de desenvolvimento regional, isso implica atender com mais recursos estados que têm economia menos dinâmica”, diz o secretário de Planejamento do Piauí, Merlong Solano.
Os números do Acre e do Piauí, chefiados por petistas, contrastam com os dados de estados do Norte e do Nordeste administrados por partidos que fazem oposição ao governo, como o Pará e a Bahia (R$ 4,56 e de R$ 4,39 por habitante, respectivamente).
Também comandado pelo PT, Mato Grosso do Sul recebeu R$ 38,8 milhões em 2005, média de R$ 17,15 por habitante.
O levantamento publicado pela Folha reúne recursos efetivamente transferidos aos governos dos estados em 2005, por meio de convênios, para a realização de obras e investimentos. Não estão incluídas as transferências obrigatórias, como as feitas para as áreas de saúde e educação.
A assessoria de imprensa do ministro da Coordenação Política, Jaques Wagner, negou discriminação ou privilégios a governadores.
Entre os cinco estados com mais baixo índice de liberação de verbas por habitante, quatro são governados por opositores a Lula e um, o Paraná, é comandado por Roberto Requião (PMDB-PR), que, embora manifeste simpatia por Lula, não se furta a freqüentemente criticar o governo.
No rodapé da lista dos estados com pior desempenho estão, além de São Paulo, o Rio Grande do Sul, de Germano Rigotto (PMDB), e o Rio de Janeiro, do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB), possíveis rivais de Lula nas eleições. Os dois devem disputar as prévias do partido.
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